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Postura atenta, exames preventivos e técnicas com uso da radiação pelo diagnóstico precoce do câncer de mama
Nos laboratórios IRD são desenvolvidas pesquisas e projetos em colaboração com diversas instituições e ministrados treinamentos e capacitações. Foto: Eduardo Zappia
O câncer de mama é a principal causa de mortalidade por câncer em mulheres no Brasil e o de maior incidência, com quase 30% dos casos, excluindo-se os tumores de pele não melanoma. Trata-se também do tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no mundo. O IRD tem trabalhado ao longo dos anos em técnicas de dosimetria, controle de qualidade de equipamentos e pesquisas sobre otimização de doses de radiação, de forma a se obter a menor dose possível com a melhor qualidade de imagem. As pesquisas realizadas formaram um conjunto de dados e informações essenciais para a saúde.
Desde a mastectomia radical do final do século XIX, os avanços foram imensos, chegando-se às tecnologias modernas de diagnóstico e tratamento, com maiores chances de cura quanto mais cedo se identifica e trata a doença. Estima-se que apenas no Brasil entre 2020 e 2022 serão diagnosticados por ano 66.280 novos casos de câncer de mama, segundo dados do Inca. De acordo com especialistas, o câncer é um grave problema de saúde pública no país e as melhores estratégias de combate compreendem o autoexame mensal das mamas e exames preventivos regulares, recomendados pelos médicos, de acordo com a faixa etária e histórico clínico e familiar. Alterações suspeitas na mama devem ser avaliadas e especialmente mulheres com histórico familiar de câncer de mama precisam realizar rigoroso acompanhamento médico regular.
Sinais de alterações devem ser investigados. Para detecção, há exames que revolucionaram a forma de diagnosticar e tratar a doença. A pesquisadora Lídia Vasconcellos de Sá, chefe da Divisão de Física Médica do IRD, lembra que entre os exames de imagens com uso de radiação estão a mamografia e a tomossíntese. Este último é uma alternativa à mamografia, indicado para mamas densas, que pode ser resumido como um mamógrafo com rotação angular, permitindo a realização de imagens em três dimensões, obtendo imagens de cortes axiais da mama de 1 milímetro de espessura.
A ultrassonografia, a ressonância, além dos exames de sangue que podem indicar o aumento de proteínas específicas são outros exames importantes e complementares. Marcadores tumorais identificados no sangue podem indicar ao médico mais elementos para o diagnóstico. Quem tem parentes próximos com câncer de mama tem ainda a possibilidade de realizar testes genéticos, que fornecem uma avaliação sobre a probabilidade de desenvolvimento da doença ao longo da vida. De forma mais ampla à toda a população, o SUS deve iniciar o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico positivo para câncer de mama, de acordo com a Lei 12.732/12.
Quando a cirurgia se faz necessária, outra técnica que utiliza radiação ionizante e tem se mostrado extremamente importante na avaliação médica da extensão da doença é a denominada pesquisa de linfonodo sentinela. Trata-se da injeção de pequena porção de material radioativo no sítio do tumor, acompanhando-se a trajetória do material até a cadeia linfática da axila com um detector. Esta ação permite ao cirurgião verificar se a doença se estende até a cadeia linfática, norteando a cirurgia, a terapia pós-cirúrgica e, ainda, avaliando o prognóstico do paciente.
Redes de apoio, cirurgias de reconstrução quando necessário, e o essencial suporte médico e psicológico estão no rol dos protocolos recomendados que trazem melhores condições às mulheres que enfrentam o diagnóstico e seguem na luta para vencer o câncer. “Estudos sobre profissionais envolvidos nas técnicas e procedimentos e parcerias com universidades, centros de tratamento e instituições de pesquisa auxiliaram no estado da arte de alguns protocolos hoje existentes no país”, destaca Lídia Vasconcellos.
TRATAMENTO
As células mamárias normais se tornam cancerígenas devido a alterações no DNA. A maioria dos cânceres de mama se origina de várias mutações genéticas adquiridas. A literatura aponta que o risco de desenvolver câncer tem a ver com esses fatores genéticos (mutações nos genes BRCA1 BRCA2), fatores hereditários, menopausa tardia, sedentarismo, obesidade e exposição frequente às radiações ionizantes.
A biópsia trouxe novas formas de tratar e novas técnicas. A biópsia do linfonodo sentinela implica na retirada local de células suspeitas cujos exames laboratoriais irão detectar se há realmente alteração. Se não houver células cancerígenas, não é necessário retirar linfonodos axilares. Por sua vez, em caso de necessidade de retirada cirúrgica de parte da mama, ou mesmo retirada total do tecido, ocorre a reconstrução e o acompanhamento é feito por uma equipe clínica ao longo de anos, até que o câncer seja considerado curado. A radioterapia, quando necessária, consiste no uso da radiação para tratar o tumor, ou mesmo para tratar tecido remanescente da cirurgia, onde a área de diagnóstico pode não ter resolução para garantir que todo o tecido doente foi retirado.
Por isso, postura atenta, realizar exames preventivos e se informar sobre a saúde são fundamentais para combater o câncer de mama. O mês de outubro foi escolhido para abordar o tema de prevenção e a cor rosa simboliza a maior incidência entre mulheres. Especialistas lembram sempre da importância de se manter o peso ideal, praticar atividades físicas e evitar o consumo de bebidas alcoólicas. Também a amamentação, além de trazer benefícios para os recém-nascidos, implica em benefícios para as mulheres, por ser um fator de proteção contra o câncer de mama.
O Inca tem vários materiais e cartilhas informativas sobre o câncer de mama no site www.inca.gov.br
Para rever depoimentos gravados em 2019 com profissionais da Física Médica IRD sobre o papel do instituto nessa luta pela saúde acesse na internet o canal YouTube/IRD.