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Planejamento integrado na resposta a emergências é essencial, destaca chefe da área técnica
Raul dos Santos, em um dos treinamentos sobre emergência, ministrado no IRD. - Foto: Foto:Arquivo IRD - Lilian Bueno/Ascom
Uma das áreas de expertise do IRD é o atendimento a emergências radiológicas e nucleares. O tema envolve preparação de equipes e treinamento contínuo, com o objetivo de salvar vidas. Embora cada cenário seja único, lidar com pessoas e sentimentos, e não apenas com protocolos, técnicas e tecnologia, envolve sempre um desafio. Respondedores a situações de emergência ressaltam a importância do planejamento integrado e constantes avaliações de cenários.
Nesta entrevista com Raul dos Santos, chefe da Divisão de Atendimento a Emergências Radiológicas e Nucleares, motivada pelo cenário atual da pandemia do coronavírus (COVID-19), a ideia é compartilhar um pouco da visão de quem se dedica a liderar equipes, treinar pessoas e tomar decisões em cenários adversos. Vale destacar que, no grupo da área de emergências, ainda estão em plena atividade cinco profissionais envolvidos na resposta ao acidente radiológico de Goiânia, em 1987. Esta área técnica trabalha de forma integrada ao instituto como um todo, que reúne ainda profissionais que trabalharam no atendimento às vítimas, na descontaminação, em análises ambientais e em todo o tipo de suporte técnico, administrativo e logístico.
Raul é físico pela UFRJ e mestre em engenharia nuclear pelo IME. Trabalha há 38 anos na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), sendo os últimos 30 dedicados à preparação e resposta a emergências.
O que podemos traçar como paralelo entre a resposta ao cenário dessa pandemia e lições aprendidas no preparo e respostas a emergências radiológicas e nucleares?
Toda situação de emergência, independentemente de sua natureza, traz desafios similares para os profissionais responsáveis pela preparação e resposta. Como objetivos práticos da resposta podem ser citados: retomar o controle da situação e mitigar as consequências do acidente, ainda na sua origem; salvar vidas; providenciar tratamento médico aos afetados pela emergência; manter o público informado e manter sua confiança; mitigar as consequências psicológicas; preparar o retorno às atividades sociais e econômicas.
De alguma forma o treinamento ministrado pelo IRD para áreas como saúde, profissionais de segurança e defesa, meio ambiente, entre outras, contribui com a resposta a uma emergência dessa natureza, como a pandemia coronavírus (COVID-19)?
Sempre envolve alguma contribuição, pois uma das principais lições identificadas na resposta a emergências de qualquer natureza é, entre outras coisas, a necessidade de um sistema de gestão, com atribuições e responsabilidades bem definidas. Este é um dos aspectos muito enfatizados em nossos cursos. A partir daí, uma vez identificadas as ameaças, é preciso estabelecer uma estratégia de proteção para o público e os trabalhadores de emergência.
Como vocês da divisão se estruturaram para atender a um possível chamado relacionado à área radiológica ou nuclear, em um momento em que não se recomenda ajuntamentos ou grupos? Estão trabalhando com equipes remotamente acionadas?
Possuímos na CNEN um Sistema de Atendimento a Emergências Nucleares e Radiológicas que funciona em todas as suas Unidades. No IRD, especificamente, existem pelo menos cinco profissionais de prontidão, em regime de sobreaviso 24/7. São três servidores da Divisão de Atendimento a Emergências Nucleares e Radiológicas (DIEME) e dois servidores das demais divisões técnicas. O acionamento desses grupos é imediato caso seja necessário averiguar algum chamado. Em todo o instituto e nas unidades CNEN foram mantidas as atividades essenciais, e a divisão reúne condições operacionais para essa resposta.
Alguma mensagem para os que estão trabalhando no tratamento, diagnóstico, busca por vacinas e resposta de planejamento a essa situação pública ocasionada pela pandemia?
Este é o momento de atuação para o qual um profissional da área de resposta a emergência foi treinado. É a situação que todos procuram evitar a partir da prevenção e do controle, exatamente como na área nuclear. Como membro da comunidade de resposta a emergências, acredito que a batalha será árdua. Mas será vencida, com a execução de um planejamento integrado por parte de todos aqueles que têm um papel na resposta à emergência.
Lilian Bueno/ Ascom IRD