A Sala do Artista Popular faz exposição sobre Quilombos da Zona Oeste carioca
As diversas artes quilombolas do Maciço da Pedra Branca, na Zona Oeste carioca, são tema de exposição na Sala do Artista Popular (SAP) do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular(CNFCP), aberta no dia 23 de novembro, para celebrar o Mês da Consciência Negra. Saberes e fazeres quilombolas no Maciço da Pedra Branca vai até 21 de janeiro de 2024 e lança luz sobre a região conhecida como “sertão carioca”, investigando o modo de vida e de produção de comunidades quilombolas que, a partir da relação com a terra e o território, desenvolveram formas particulares de tradição e práticas culturais. A abertura contou com a apresentação da Roda de Jongo do Quilombo do Camorim.
A pesquisa de campo visitou, além do Camorim, mais 2 quilombos: Cafundá Astrogilda, em Vargem Grande, e Dona Bilina, no Rio da Prata. Além de registrar algumas atividades educativas desenvolvidas, também foram realizadas entrevistas com lideranças e artistas locais, como a artista plástica e poeta Carmen Paixão, que atua no Quilombo Bilina e encontrou nas esculturas, nas telas e nos versos sua forma de expressão.
“Comecei a pintar muito cedo, como já falei em conversa, seguindo os passos do meu irmão Hélio Paixão, grande artista e minha maior inspiração”, conta Carmen, que faz esculturas de papel marchê, pinta quadros, utiliza técnicas de colagem de tecido, como chita, em suas produções artísticas.
Entre conversas sobre memória e ancestralidades e trilhas pelos quilombos, a pesquisa chegou a outros artistas, como Adilson Mesquita Junior, que faz maquetes de pau a pique. Embora, no momento, o tempo destinado à faculdade não venha lhe permitindo dedicar-se a sua arte, para esta exposição o artista apresentará alguns exemplares da obra que fez dele referência no Cafundá Astrogilda.
No mesmo quilombo, também são referências as obras do ferreiro Alexandre da Silva Santos, em especial suas peças de Orixás, como o Oxé de Xangô que estará na mostra, e a arte em madeira de Geremias Amadeu da Cruz, o Gerê, que se inspira na natureza para transformar galhos e troncos em figuras humanas e animais.
São as obras desses artistas que estarão na exposição, representando os saberes e fazeres diversos transmitidos de geração em geração nos quilombos do “sertão carioca.” Além de conhecer um pouco do modo de produção e da história deles, o público poderá acessar o catálogo com o registro completo da pesquisa de campo, e também adquirir as peças, que ficarão à venda. Trata-se de uma das estratégias do Programa Sala do Artista Popular (SAP) para fortalecer o artesanato de tradição.
Sobre o Programa Sala do Artista Popular
Saberes e fazeres quilombolas no Maciço da Pedra Branca é a 204ª exposição do Programa SAP, criado em 1983 com o intuito de oferecer um espaço de exposições de curta duração, voltado para difundir e comercializar as obras de artistas e comunidades artesanais. Cada catálogo é desenvolvido a partir de pesquisa etnográfica e documentação fotográfica realizada pela equipe do CNFCP. Mesmo depois de encerrada a exposição, os artistas que expõem na SAP podem continuar enviando suas obras para o espaço de comercialização do Centro. A partir da divulgação e do contato direto com o público, abrem-se oportunidades de expansão de mercado e de produção.
Serviço:
Exposição: Saberes e fazeres quilombolas no Maciço da Pedra Branca
Onde: Sala do Artista Popular do CNFCP/Iphan, Rua do Catete, 179
Inauguração: 23/11/2023, às 17h
Período: 23/11/2023 a 21/01/2024
Dias e horários:
Terça a sexta-feira, das 10h às 18h
Sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h