Patrimônio Imaterial
O Jongo no Sudeste é uma forma de expressão afro-brasileira que integra percussão de tambores, dança coletiva e práticas de magia. É praticado nos quintais das periferias urbanas e em algumas comunidades rurais dos Estados do sudeste brasileiro: Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ao longo do processo de registro, comunidades manifestaram o desejo de participar da discussão: jongo de Campos, tambor da Fazenda Machadinha em Quissamã e jongo de Porciúncula (RJ), jongo de São José dos Campos (SP), jongo de Carangola (MG) e de Presidente Kennedy (ES). Esse bem imaterial foi inscrito no Livro das Formas de Expressão, em 2005.
O jongo consolidou-se entre os escravos que trabalhavam nas lavouras de café e cana-de-açúcar, principalmente no vale do Rio Paraíba. Trata-se de uma forma de comunicação desenvolvida no contexto da escravidão e que serviu também como estratégia de sobrevivência e de circulação de informações codificadas sobre fatos acontecidos entre os antigos escravos por meio de pontos que os capatazes e senhores não conseguiam compreender. O jongo sempre esteve, assim, em uma dimensão marginal onde os negros falam de si, de sua comunidade, através da crônica e da linguagem cifrada. É também conhecido pelos nomes de tambu, batuque, tambor e caxambu, dependendo da comunidade que o pratica.
Patrimônio Imaterial do Brasil desde novembro de 2012, o Fandango Caiçara é uma expressão musical-coreográfica-poética e festiva que ocorre no litoral sul do estado de São Paulo e o litoral norte do estado do Paraná, possui um conjunto de práticas que envolvem o trabalho, o divertimento, a religiosidade, a música e a dança, prestígios e rivalidades, saberes e fazeres. O Fandango Caiçara se classifica em batido e bailado ou valsado, cujas diferenças se definem pelos instrumentos utilizados, pela estrutura musical, pelos versos e toques. É uma prática de reiteração de identidade e determinante dos padrões de sociabilidade local.
Para as comunidades rurais e de pescadores estabelecidas neste território, o lugar do fandango em suas vidas vincula-se à organização do trabalho comunitário - o mutirão – e também, a todo conjunto de laços de sociabilidade produzidos na região. O fandango está presente em casamentos e batismos, festas de santos padroeiros e aniversários, e nas alianças de ajuda mútua. Nos mutirões para o trabalho na terra, para erguer uma casa, “varar” uma canoa, fazer um lanço de tainha, ou nos preparativos para um casamento, o fandango era uma das contrapartidas oferecidas, junto alimentação farta ao longo do dia e da noite, criando um circuito de trocas “intercomunitárias” muito sólidas.
Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) - O Iphan realizou 20 inventários em São Paulo. Um deles, sobre o Bairro do Bom Retiro, localizado na capital do Estado, que é considerado um modelo de miscigenação e variedade étnica. No início do século XX, a colônia central era de italianos. Vindos principalmente da Rússia, Lituânia e Polônia, os judeus chegaram ao bairro a partir de 1920 e os sul-coreanos, na década de 1960. O Bom Retiro é um bairro essencialmente comercial. Segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas do bairro, a maior parte dos estabelecimentos comerciais do local pertencem a coreanos, e também estão presentes italianos, gregos e armênios. Há, ainda, os inventários sobre a Celebração Tooro Nagashi, realizada pela comunidade japonesa; os Quilombolas do Vale do Ribeira; e São Luiz do Paraitinga.