Patrimônio Imaterial
A Festa de Sant' Ana de Caicó ocorre há mais de 260 anos e está profundamente enraizada na história do município de Caicó, em particular, e do sertão potiguar, o Seridó, em geral. A celebração anual acontece na quinta-feira anterior ao dia 26 de julho, dia de Sant'Ana, e se estende até o domingo seguinte. Um ciclo preparatório inicia-se, geralmente, em abril. Durante a festa, há uma extensa programação sociocultural promovida pela paróquia, governo local e a população em geral, como a Feirinha de Sant’Ana, Arrastão da Juventude, Marcha dos Idosos, Baile dos Coroas, a Festa da Juventude, eventos na Ilha de Sant’Ana, Festa do Reencontro e as festas dos ex-alunos, entre outros.
Por meio dessas diversas manifestações é possível perceber que a identidade construída em Caicó ultrapassa a pertença religiosa. O “beija”, que ocorre desde a instalação da povoação, em 1735, é o momento de maior manifestação de fé da Festa. Antes da procissão, quando o andor com a imagem de Sant’Ana está enfeitado, os devotos se aproximam, depositam oferendas, beijam a própria mão e depois tocam a imagem. É a forma de transferir o afeto para a Santa. Após a procissão, o “beija” se repete e sempre há uma grande disputa entre os fiéis para conseguir uma das flores que enfeitam o andor e a imagem.
A cavalgada está entre as atividades que compõe o cenário da Festa de Sant’Ana, como expressão da devoção dos vaqueiros que saem da cidade de Acari, a 65 km de Caicó, e se concentram na Praça da Matriz. Celebrada desde a década de 1950, a cavalgada era realizada pelos moradores das zonas rurais. Ao longo do tempo, tornou-se escassa, mas foi retomada por um grupo de caicoenses que a realizam no primeiro domingo da Festa, desde 2002. Além dos cavaleiros que residem nas zonas rurais, participam pessoas que residem em Caicó, cidades vizinhas e apreciadores da vaquejada.
Inventário Nacional de Referencias Culturais (INRC) - Uma das ações que visa a preservação do patrimônio imaterial, no Estado, é o INRC do Seridó Potiguar. O projeto resultou também em um amplo levantamento da Festa de Santana de Caicó, a principal referência cultural da região e registrada pelo Iphan, em 2010. Uma equipe de vinte pesquisadores realizou registros fotográficos, levantamento de fontes bibliográficas e documentais, entrevistas, além de um documentário com duração de 20 minutos. Este material foi anexado ao dossiê que fundamentou o pedido de registro da Festa de Santana de Caicó.
Para expandir sua atuação no Rio Grande do Norte, o Iphan realiza estudos e inventários de conhecimento para obter mais informações sobre os bens imateriais e propor ações de proteção e valorização desses bens. Entre essas ações, estão os inventários descritos a seguir: dos Engenhos do Ciclo do Açúcar, no Vale do Rio Ceará Mirim, onde houve maior desenvolvimento da fabricação artesanal dos derivados da cana-de-açúcar, a partir do século XIX; do Patrimônio Ferroviário; Inventário Rural do Seridó Potiguar, a partir do qual estão sendo identificadas várias sedes de fazendas vinculadas ao Ciclo Econômico do Gado no Nordeste; das Embarcações Tradicionais, ação que se desenvolve a partir do Projeto Barcos do Brasil; e da Pesca Artesanal, para salvaguarda dos ofícios tradicionais oriundos da pesca.