Patrimônio Arqueológico
O Rio de Janeiro possui um considerável patrimônio arqueológico identificado e cadastrado em praticamente todos os municípios. Dentre eles, destaca-se o Sambaqui de Camboinhas, em Niterói, com mais de sete mil anos. As prospecções arqueológicas são realizadas sob a supervisão da Superintendência do Iphan, em vários empreendimentos e em projetos de restauração. Nos últimos anos, com a expansão das obras de infraestrutura, houve um aumento significativo das pesquisas realizadas no âmbito da avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico no licenciamento ambiental, o que tem possibilitado a coleta de dados sobre áreas antes quase desconhecidas arqueologicamente.
Entre as escavações relativas à arqueologia histórica, destacam-se as do Passeio Público, Jardim Botânico, Igreja de Nossa Senhora da Saúde, e nos Arcos da Lapa, além das ruínas do núcleo urbano de São João Marcos (Rio Claro) onde o conjunto foi tombado pelo Iphan, em 1938. A pesquisa arqueológica carioca relacionada à investigação do período histórico, considerando-se as características únicas do registro arqueológico, têm fornecido significativas contribuições para a produção de conhecimento sobre este período da história nacional.
Rio de Janeiro possui uma coleção arqueológica tombada pelo Iphan, nos termos do Decreto Lei nº. 25/1937, intitulada “Coleção Arqueológica Balbino de Freitas”. A coleção, integra o tombamento do Museu Nacional, inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1938. Um dos primeiros museus arqueológicos do Brasil foi a casa de Balbino Luiz de Freitas que, por iniciativa própria, coletava e colecionava artefatos indígenas nos arredores de Torres, no Estado do Rio Grande do Sul. Ele reuniu peças fundamentais para pesquisas que contam a história dos habitantes do município na época da sua formação. Um dos destaques da Coleção é um cesto que foi revestido internamente com resina, conservada apenas em parte e foi coletada em um sambaqui do litoral meridional brasileiro. Trata-se de uma peça rara, em virtude da dificuldade de preservação de materiais orgânicos em climas tropicais. A Instituição era considerada o maior museu de história natural da América Latina, e possuia um acervo de mais de quatro milhões de peças, este foi destruído por um lamentável incêndio no ano de 2018. Atualmente há um esforço coletivo de diferentes setores para a recuperação do que sobrou dos acervos do museu.
O estado também conta com o Sítio Arqueológico Cais do Valongo, inscrito na pela Unesco na Lista do Patrimônio Mundial em 2017, trata-se dos remanescentes do principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, tendo recebido cerca de dois milhões de escravizados, durante os mais de três séculos de duração do regime escravagista. Revelado, em 2011, durante as obras do Porto Maravilha, o Cais construído em 1811 pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro, serviu para realizar desembarque e comércio de africanos escravizados. O local foi desativado como porto de desembarque de escravos em 1831, quando o tráfico transatlântico foi proibido por pressão da Inglaterra e em 1843, o local foi aterrado e remodelado, sendo ali construído o Cais da Imperatriz, para receber a Princesa das Duas Sicílias e Princesa de Bourbon-Anjou, Teresa Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II. O Cais do Valongo passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na região portuária, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.