Patrimônio Imaterial
A diversidade do patrimônio imaterial pernambucano revela-se pelos bens documentados e protegidos pelo Iphan. Esse patrimônio compreende um amplo conjunto de manifestações e tradições ligadas ao Carnaval (troças, clubes e agremiações, caboclinhos, maracatus nação e rural), ao São João (bandas de pífanos, bacamartes, comidas de milho), ao Natal (autos, pastoris), à religiosidade (catolicismo popular, rezadeiras, religiões de matriz africana, umbanda, jurema e catimbó), à capoeira e às comunidades indígenas e quilombolas.
Frevo - Inscrito em 1007, pelo Iphan, no Livro de Registro das Formas de Expressão, e em 2012, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial Mundial, pela Unesco. Surgiu por volta do final do século XIX, no período do Carnaval, e é uma forma de expressão musical, coreográfica e poética enraizada nas cidades de Recife e Olinda, e atualmente espalhada por várias regiões do Estado de Pernambuco. Manifestação artística da cultura pernambucana desempenha importante papel na formação da música brasileira, sendo uma das suas raízes. O Frevo é composto principalmente pelos estilos musicais frevo de rua, frevo de bloco e frevo-canção. A dança é um jogo de braços e de pernas cuja origem é atribuída à ginga e aos movimentos dos capoeiristas, que nos primórdios assumiam a defesa de bandas e blocos de frevo. Ao longo do tempo, outros elementos foram adicionados ao passo do frevo.
Feira de Caruaru - Localizada no Agreste, na cidade de Caruaru surgiu em uma fazenda situada em um dos caminhos do gado, entre o sertão e a zona canavieira, onde pousavam vaqueiros, tropeiros e mascates. A Feira é lugar de memória e de continuidade de saberes, fazeres, produtos e expressões artísticas tradicionais que continuam vivos no comércio de gado e dos produtos de couro, nos brinquedos reciclados, nas figuras de barro da tradição deixada por Mestre Vitalino e outros mestres e mestras, nas redes de tear, nos utensílios de flandres, no cordel, nas gomas e farinhas de mandioca, nas ervas e raízes medicinais.
Cavalo-Marinho - É uma brincadeira popular que envolve performances dramáticas, musicais e coreográficas, realizada durante todo o ano, com maior presença no ciclo natalino. Seus brincadores são, em geral, trabalhadores da zona rural pernambucana, concentrados principalmente na Zona da Mata Norte e na Região Metropolitana de Recife. No passado, o Cavalo-Marinho era realizado nos engenhos de cana de açúcar, onde seus participantes trabalhavam. Pode ser entendido como um grande teatro popular no qual são representadas as cenas do cotidiano (da vida presente e passada) dos seus participantes, do mundo do trabalho rural por meio de variado repertório musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e bichos, como o boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira).
Maracatu Nação - Também é conhecido como Maracatu de Baque Virado. Essa forma de expressão apresenta um conjunto musical percussivo ligado a um cortejo real, que sai às ruas para desfiles e apresentações, principalmente durante o Carnaval. Os grupos apresentam um espetáculo repleto de simbologias e marcado pela riqueza estética e pela musicalidade. O seu valor reside na capacidade de comunicar elementos da cultura brasileira de matriz africana e carregar elementos essenciais para a memória, a identidade e a formação da população afro-brasileira.
Maracatu de Baque Solto - É uma expressão cultural também conhecida por maracatu de orquestra, maracatu de trombone, maracatu de caboclo ou maracatu rural. Brincadeira popular que ocorre principalmente durante as comemorações do Carnaval e, em menor medida, no período da Páscoa, compõe-se por dança, música e poesia, e está associado, especialmente, ao ciclo canavieiro da Zona da Mata Norte de Pernambuco, e às áreas sob sua influência cultural. Os mais antigos maracatus foram criados em engenhos de cana-de-açúcar, sendo seus fundadores trabalhadores rurais, trabalhadores do canavial, cortadores de cana-de-açúcar, entre fins do século XIX e início do XX. Seu principal rito é a Sambada, ocasião em que ocorrem desafios de poesia entre mestres e o aprendizado da brincadeira pelas novas gerações. As sambadas acontecem durante todo o ano.
Teatro de Bonecos Popular do Nordeste - Inscrito no Livro de Formas de Expressão, em março de 2015. Para o Iphan, esse bem imaterial envolve, sobretudo, a produção de conhecimento criativo, artístico e com uma forte carga de representação teatral. É uma tradição que revela uma das facetas da cultura brasileira, onde brincantes, por meio da arte dos bonecos, encenam histórias apreendidas na tradição que falam de relações sociais estabelecidas em um dado período da sociedade nordestina e de histórias sobre o cotidiano, com novos enredos, personagens, música, linguagem verbal, cores e alegria que são inerentes ao seu contexto social.
Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) - No Estado, a Superintendência do Iphan realizou os seguintes inventários: do Ilê Obá Ogunté (Sítio de Pai Adão); do Cabo de Santo Agostinho; da Feira de Caruaru; da Capoeira; dos Mestres Artífices da Construção Civil Tradicional.