Patrimônio Material
No Estado, estão protegidos por tombamento o patrimônio cultural existente nas cidades de Cáceres, Chapada dos Guimarães, Cuiabá e Vila Bela da Santíssima Trindade.
Chapada dos Guimarães: O primeiro bem tombado pelo IPHAN em Mato Grosso, foi a Igreja de Santana do Sacramento, localizada na cidade de Chapada dos Guimarães, ao norte de Cuiabá, em 1957. A cidade foi fundada como aldeamento jesuítico em 1751, mas a igreja só foi construída, em taipa de pilão, depois da expulsão dos padres, em 1779.
Em 1751, o jesuíta Estevão de Crasto, na localidade de Aldeia Velha, erigiu uma capela coberta de palha, com três altares para abrigar as imagens de Sant’ Ana com a Virgem, Santo Inácio de Loyola e São Francisco Xavier. Em 1758, com a expulsão dos jesuítas, as aldeias missionárias se elevaram à paróquias. Assim, a capela de Sant’ Ana passou a ser a matriz. Em 1779, a “primitiva palhoça” foi substituída por uma igreja coberta de telha, rebocada e caiada, com capela-mor revestida de azulejos até a altura de 80 cm. Segundo Santos Simões, os azulejos são do período pombalino, pintados à mão e foram fabricados, até o final do século XVIII, em Lisboa. A igreja tinha ainda sacristia e casa para os párocos. Em 1780, a Igreja teve sua frontaria destruída por tempestade, sendo mais tarde refeita, com o acréscimo das duas torres na fachada, corredores ao lado da nave e forros de madeira no teto e no piso. Trabalhos de ótima execução em talha de madeira policromada são encontrados no altar-mor, no arco-cruzeiro, nos dois altares colaterais da nave e no para-vento da entrada. A talha dos retábulos é em estilo rococó de um primitivo ingênuo. A Igreja é considerada o último remanescente do barroco no estado do Mato Grosso e conserva, até nossos dias, seu aspecto original de 1779, embora sem as duas torres de origem. É construção de taipa de pilão e telhado em telha de barro canal e é relativamente grande, pois além da nave e capela mor, existem salas laterais e salas atrás do altar mor.
Vila Bela da Santíssima Trindade: Em 1988, o Iphan tombou as ruínas da Igreja Matriz da Santíssima Trindade e o Palácio dos Capitães Generais, edificações de Vila Bela da Santíssima Trindade, a antiga capital da Província de Mato Grosso.
As ruínas da Igreja Matriz, constituem um marco histórico da expansão colonial portuguesa. Mostram paredes em adobe de extraordinária espessura e alicerces com embasamento de cantaria em pedra canga. A matriz nunca chegou a ser concluída, provavelmente, por ter sua construção iniciada no período da decadência de Vila Bela.
O Palácio dos Capitães Generais era a residência dos governadores da capitania de Mato Grosso, em Vila Bela da Santíssima Trindade. Foi edificado na época da pujança aurífera pelo primeiro capitão-general Antônio Rolim de Moura, Conde de Azambuja. É uma extensa casa térrea de linhas sóbrias erguida em taipa e pilão. Possuía cunhais em cantaria de pedra canga e interiores profusamente decorados com pinturas e trabalhos em talha aplicada e dourada. O Palácio teve sua estrutura original mantida por mais de dois séculos, apesar de seus interiores terem sofrido com a passagem do tempo, a decadência de Vila Bela e a incúria dos homens.
Cuiabá: Em 1.º de outubro de 1987, o IPHAN tomba provisoriamente o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Cuiabá, tornado definitivo pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural em 19 de agosto de 1988 e homologado pelo Ministério de Cultura em 4 de novembro de 1992. O tombamento do Centro Histórico de Cuiabá marca a cidade como bastião cultural no Brasil Central.
A área tombada de 13,1 ha abarca cerca de 400 edificações, guardando o patrimônio construído, remanescente dos séculos XVIII, XIX e XX, mantendo íntegro o traçado urbano colonial. O acervo ali localizado, “conta” a história da formação da cidade, sendo a expressão cultural da capital mato-grossense. O centro histórico reúne os primeiros monumentos e o casario construídos nas vias urbanas abertas a partir da descoberta de ouro, em 1721. A fase de mineração definiu os eixos de ocupação do povoado, logo elevado à categoria de vila e, mais tarde, à capital. As margens do Córrego da Prainha, estão as ruas mais antigas de Cuiabá e equipamentos que documentam momentos marcantes da história da cidade, tanto no que se refere aos materiais e técnicas de construção, quanto aos estilos. As antigas ruas de Baixo, do Meio e de Cima (atualmente, as ruas Galdino Pimentel, Ricardo Franco e Pedro Celestino) e as travessas ainda mantêm bem preservadas as características arquitetônicas das casas.
Localizada no coração da América Latina, em Cuiabá está o Marco do Centro Geodésico da América do Sul, na atual Praça Pascoal Moreira Cabral, a 15º35’56” de latitude sul e a 56º06’55”, local determinado por Marechal Cândido Rondon em 1909, e confirmado pelo Exército Brasileiro, em 1975. A praça era conhecida como Campo d'Ourique, local onde castigavam escravos e também realizavam as cavalhadas e touradas. O marco simbólico com as coordenadas gravadas foi construído em alvenaria pelo artesão Júlio Caetano, em 1909. Atualmente, um obelisco com 20 metros de altura, todo em mármore, preserva o marco original, protegido por vidros.
Cáceres: Localizada na porção sudoeste do Estado de Mato Grosso, Cáceres desempenhou desde a implantação do núcleo setecentista de Vila Maria do Paraguai (primeira designação do núcleo) a definição de fronteiras entre terras lusas e castelhanas e, mais tarde, por seu destaque na fronteira entre terras brasileiras e bolivianas, representando importante documento da história urbana do país; e no incremento da comunicação entre Vila Bela da Santíssima Trindade e Cuiabá e, pelo Rio Paraguai, com a Capitania de São Paulo.
Seu surgimento retrata um momento impar da história do Brasil de delimitação das fronteiras através do Tratado de Madrid em 1750. O conflito entre Espanha e Portugal, a relação com os povos indígenas, a chegada dos bandeirantes e a extração do ouro, tem como pano de fundo a ocupação desse território.
Como elemento paisagístico, Cáceres trás o testemunho do intercâmbio entre os processos naturais e sociais, em que o Rio Paraguai se destaca acentuadamente na configuração do sítio urbano e como principal elemento que marca e interage com a paisagem urbana.
Os atributos urbanísticos e os valores históricos, são caracterizados pelas determinações de Luís de Albuquerque para implantação do sítio junto ao rio Paraguai, pela regularidade do traçado urbano setecentista, ampliada nos séculos XIX e XX, pelas praças e largos que ambientam os espaços coletivos religiosos (junto à Matriz), comerciais (junto ao Mercado) e educacionais (junto ao Grupo Escolar), e pelo alinhamento e volumetria das edificações.
Os maiores destaques da arquitetura Cacerense, é fruto do processo imigratório desenvolvido nos séculos XIX e XX, nesse período promoveu-se a produção de edificações em estilo Neoclássico e Eclético. Parte dos artefatos de decoração e ornamentação dessas edificações é trazida do exterior como forma de acrescentar valores estéticos às edificações, dependo de seus proprietários. Também são característicos do conjunto as casas comerciais singelas, de pé direito elevado, chanfradas na esquina quando elas se localizam.
No município destaca-se ainda na Praça Barão do Rio Branco, o Marco do Jauru, erigido em 15 de janeiro de 1754, às margens do Rio Paraguai com a barra do Rio Jauru, para fins de demarcação dos limites da América Meridional entre os domínios português e espanhol, de acordo com o Tratado de Madrid, assinado em 17 de janeiro de 1750. Em 1883, deu-se a sua transferência para a praça Barão do Rio Branco. Esta praça aparece em iconografia do final do século XVIII, quando a cidade ainda se chamava Vila de Santa Maria do Paraguai, hoje São Luiz de Cáceres, em homenagem ao antigo governador da província, Luiz Albuquerque de Melo e Cáceres. O marco era composto por 8 (oito) peças de pedra de lioz, sendo estas: o soco, a base, o corpo (dividido em duas peças), o vértice pontiagudo, a cruz e duas coroas situadas acima dos brasões de armas (estas desaparecidas).
Além do centro histórico, existem fazendas e usinas e, ainda, a sua pré-história constituída por dezenas de nações indígenas e milhares de habitantes, confirmados pelas pesquisas arqueológicas. Destacam-se imponentes construções, como as da Fazenda Descalvados com capela, casa grande, alojamento de operários e galpões industriais, que ainda são utilizadas pelo ecoturismo.