Patrimônio Arqueológico
O Maranhão possui um importante patrimônio arqueológico distribuído por inúmeras regiões do estado, com sua diversidade marcada pelas diferentes ocupações de áreas amazônicas, de cerrado, das matas dos cocais e litorâneas. Esta diversidade ecológica se apresenta na variabilidade dos sítios arqueológicos que se encontram no estado, dos grupos sambaquieiros do litoral, proto-tupis e tupis do litoral e interior, até os sítios rupestres frequentemente encontrados na região de Carolina, no sudoeste do estado.
A diversidade de paisagens foi o cenário para a ocupação de diferentes culturas, ao longo do tempo, cujos vestígios são considerados bens de natureza arqueológica, constituindo um valioso patrimônio cultural. O conhecimento sobre os povos que ocuparam o Maranhão no período anterior a presença do colonizador europeu ainda é fragmentado e se restringe a poucas áreas, mas isto está se modificando com o aumento do número de estudos arqueológicos, nos últimos anos, em decorrência da intensificação da fiscalização do Iphan sobre a implantação de obras e empreendimentos modificadores do meio físico.
São inúmeros sítios arqueológicos identificados e novas pesquisas estão sendo desenvolvidas, com destaque para a região dos Lençóis Maranhenses, vale dos rios Pindaré, Grajaú, Mearim, Parnaíba e região Tocantina. Essas pesquisas têm elevado o conhecimento sobre os diferentes grupos humanos que viveram nos variados ecossistemas do Norte e Nordeste brasileiro e contribuído para o conhecimento da história. O estado também apresenta enorme potencial para o desenvolvimento de estudos ligados à Arqueologia Histórica e cidades como São Luís, Alcântara, Caxias e Pinheiro, além de fazendas coloniais e áreas quilombolas, no interior.
Os sambaquis são os sítios mais estudados e encontrados na região norte, principalmente na Ilha de São Luís, Golfão Maranhense e no litoral oeste. A palavra sambaqui é derivada da tamba e ki, que na língua Tupi significa “monte de conchas”. Em determinados contextos, tais sítios funcionam como área de moradia, acampamentos sazonais e locais de sepultamentos. Os sambaquis foram habitados por populações que os arqueólogos denominam como grupos pescadores-coletores-caçadores que viviam da exploração de ambientes estuarinos. Nesses sítios, são detectadas ferramentas em pedra, fragmentos de recipientes cerâmicos, vestígios de alimentação, marcas de fogueiras, restos de alimentação, e adornos feitos de ossos, dentes, pedras, conchas e argila. Pesquisas recentes atestam que a Ilha de São Luís estava plenamente ocupada por essas populações há 6.000 anos.
Nos últimos anos a expansão de obras infraestruturais tem proporcionado um aumento significativo das pesquisas de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico no Licenciamento Ambiental, de maneira a gerar um montante de dados sobre a arqueologia maranhense que tem proporcionado que novos conhecimentos possam ser incorporados à arqueologia do estado. No âmbito da arqueologia histórica, intervenções realizadas, por exemplo, no centro histórico da cidade de São Luís têm enriquecido sobremaneira a arqueologia da cidade, aumentando em muito o panorama conhecido sobre a real história cotidiana ludovicense.
Sítios arqueológicos do Vale do Rio Itapecuru - Antigos grupos humanos que viviam da caça e da horticultura também habitaram a extensa porção litorânea e os vales dos grandes rios do Maranhão, com destaque para grupos associadas à tradição arqueológica Tupi-guarani. Pesquisas recentes realizadas para liberação de licenciamentos ambientais resultaram na descoberta de sítios arqueológicos situados no vale do rio Itapecuru, habitados por povos horticultores-ceramistas até o século XV. Os principais vestígios arqueológicos desse período são recipientes cerâmicos e instrumentos de pedra polida.
Após a chegada do colonizador europeu ao Maranhão, o vale continuou a ser habitado por muitas etnias indígenas, como os Tupinambá (1560), Guaxina (séc. XVII), Tobajara (séc. XVII), Barbados (séc. XVIII), Cahicahi (séc. XVII-XVIII), Guaná (1694) e Gamela (1715-1854). As escavações realizadas no vale do Itapecuru resultaram, também, na descoberta de materiais em pedra lascada, em sítios arqueológicos que foram datados de 9.200 anos antes do presente e são os mais antigos vestígios - encontrados no Maranhão - de povos caçadores-coletores nômades que viveram na região até 4.410 anos atrás.
Chapada das Mesas - Situada no sul do Maranhão, a Chapada das Mesas é outra área que se destaca pelo valioso patrimônio arqueológico. Além de suas belezas naturais, a região dos chapadões possui inúmeros sítios com gravuras e pinturas rupestres, remanescentes dos antigos habitantes do cerrado maranhense. Alguns abrigos e paredões rochosos possuem painéis com mais 40 metros de superfície gravada com representações de aspectos do cotidiano desses povos, como cenas ritualísticas, caça, guerras, sexo, além de pegadas de animais, plantas, ponteados e algumas figurações não identificadas. No entorno desses sítios, são observados instrumentos de pedra lascada, que seriam ferramentas utilizadas pelas populações que ali habitaram.
Baixada Maranhense - Pesquisas arqueológicas de grande monta têm sido desenvolvidas na Baixada Maranhense. Alguns dos sítios existentes na região apresentam conjuntos de esteios em madeira - as chamadas estearias, sítios arqueológicos ímpares no Brasil - detectados apenas no Maranhão. As estearias são vestígios de estruturas pré-coloniais construídas em meio aos lagos por populações que deixaram como legado uma rica cultura material, composta por recipientes cerâmicos modelados e pintados com elementos comuns aos encontrados em sítios arqueológicos amazônicos.
O Maranhão possui um sítio arqueológico tombado pelo Iphan, nos termos do Decreto Lei nº. 25/1937, intitulado “Sambaqui do Pindai” O sítio, inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1940, situa-se entre os quilômetros 22 e 23 da rodovia que liga as cidades de São Luís e São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís, capital do estado. É um sítio arqueológico de grande importância por ser um dos primeiros do gênero na região e apresenta abundância de vestígios de ocupação indígena.