Patrimônio Arqueológico
Ainda pouco conhecido do grande público, o patrimônio arqueológico do Distrito Federal (DF) tem sido objeto de ações de difusão desenvolvidas pela Superintendência do Iphan no DF, como exposições e publicações, e contemplado por programas e Educação Patrimonial realizados no âmbito de projetos de Avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico no Licenciamento Ambiental. Esse patrimônio corresponde a sítios e materiais culturais preexistentes à construção de Brasília. É um testemunho documental da presença de grupos humanos na região desde o período pré-colonial até épocas mais recentes, e oferece informações sobre a ocupação humana na região há, pelo menos, 10 mil anos.
Os sítios arqueológicos mais antigos, registrados no DF, são atribuídos a grupos caçadores-coletores que deixaram, como principal vestígio, instrumentos de pedra lascada e os resíduos produzidos pela sua fabricação. Foram encontrados em áreas que oferecem fontes de matérias-primas para a produção de instrumentos lascados, como arenito silicificado e quartzo, registradas na forma de veios ou, principalmente, de matacões ou afloramentos rochosos que apresentam marcas de retiradas. E, ainda, os próprios resíduos de lascamento e, eventualmente, algum instrumento pronto, como lascas, raspadores e pontas de projétil. Como exemplos, citam-se os sítios Taguatinga-11 e Taguatinga-15 (Parque Três Meninas, em Samambaia) e o sítio Ville de Montagne (na bacia do Córrego São Bartolomeu (região do Jardim Botânico).
Alguns sítios arqueológicos cerâmicos também têm sido registrados na área do DF apresentando, como principal vestígio, fragmentos de vasilhas feitas de argila queimada usadas principalmente no preparo e no armazenamento de alimentos. Representam uma ocupação posterior aos sítios líticos dos grupos caçadores-coletores e são atribuídos a grupos que praticaram algum tipo de agricultura, como aqueles registrados na bacia do ribeirão Ponte Alta (no Gama) e aqueles registrados nas cabeceiras do córrego Ipê (na Granja do Ipê, Riacho Fundo e Parkway), entre outros.
Além desses sítios do período pré-colonial, registram-se sítios arqueológicos relacionados à ocupação europeia, consolidada na região a partir do século XVIII, onde os vestígios são restos de edificações e de outras obras, além de materiais em louça, vidro e metal de origem europeia, que eram usados de forma concomitante à cerâmica e a outros materiais de produção local. No Parque Nacional de Brasília, há vários desses sítios, associados às estradas coloniais. De uma ocupação rural mais recente, que antecedeu a construção de Brasília, são registrados por toda a área do DF, sítios compostos por restos de edificações, muros e outras estruturas, geralmente de terra-crua, com estruturas de madeira bruta ou lavrada.
Sítios cadastrados - No Distrito Federal, foram cadastrados, pelo Iphan, sítios arqueológicos líticos, como os pesquisados no rio Taguatinga ou Melchior, no Parque Três Meninas e no Altiplano Leste, localizados na Bacia do Rio São Bartolomeu; sítios cerâmicos, registrados na Granja do Ipê e no ribeirão Ponte Alta; e os sítios classificados como colonial que estão exemplificados no Parque Nacional de Brasília, na região da Serra da Contagem e em outras fazendas anteriores à construção de Brasília.
Na região do Planalto Central - da qual fazem parte o estado de Goiás e o Distrito Federal - ocorrem vários tipos de sítios arqueológicos:
Sítios líticos - Sítios pré-coloniais mais antigos e datam de até 11 mil anos, marcados pelos sinais de sua ocupação por pequenos grupos de caçadores-coletores, principalmente instrumentos de pedra lascada e resíduos de sua fabricação, e podem apresentar, entre outros vestígios, fogueiras e restos de alimentos que se conservaram.
Sítios cerâmicos - Os sítios pré-coloniais cerâmicos do Planalto central geralmente apresentam restos materiais de grupos que praticavam algum tipo de agricultura, e cujos vestígios mais abundantes são fragmentos ou mesmo vasilhas inteiras feitas de argila queimada, usadas no preparo e armazenamento de alimentos ou, ainda, como urnas funerárias para sepultamento dos mortos.
Sítios-cemitério - Locais que foram usados especialmente para sepultamento em urnas cerâmicas ou depositados no solo, onde podem ser encontrados, além de restos mortais, objetos e oferendas, entre outros elementos de acompanhamento funerário.
Sítios de arte rupestre - Encontrados em grutas ou abrigos sob rochas, matacões, lajedos e paredões de pedra em cuja superfície rochosa foram deixadas pinturas e gravuras que informam sobre vários aspectos da vida dos seus produtores.
Sítios do período colonial - Relacionam-se à colonização europeia, consolidada na região a partir do século XVIII, e seus vestígios são, principalmente, restos de edificações e de outras obras, além de materiais de louça, vidro e metal de origem europeia, que eram usados de forma concomitante à cerâmica e a outros materiais de produção local.