Patrimônio Imaterial
A Superintendência do Iphan concluiu o Mapeamento do Acervo Documental do Patrimônio Imaterial do Ceará e o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) da Região do Cariri. Está em andamento o inventário dos lugares sagrados de Juazeiro Norte. Por meio do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), foi realizado o Mapeamento do Acervo Documental do Patrimônio Imaterial do Ceará que contempla formas de expressão, saberes, lugares e celebrações e se constitui, também, num diagnóstico abrangendo as condições estruturais de preservação, funcionamento, ambientais e de acesso às fontes e obras nas entidades detentoras dos acervos.
As categorias de patrimônio mapeadas abarcam literatura de cordel, maneiro-pau (dança típica do cangaço), maracatu, padaria espiritual (movimento literário) e reisados (bumba-meu-boi e outros), penitentes (cerimonial de penitência), quadrilhas juninas, romarias (Cariri e Juazeiro), Toré (prática ritualística indígena de pajelança), profetas da chuva (previsão empírica do tempo), rabequeiro (execução musical com rabeca), rede de dormir (produção manual), rezadeiras (rituais de reza e cura), vaqueiro/aboiador e xilogravura; e a Praça do Ferreira (categoria Lugares).
Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira - A capoeira é um elemento estruturante de uma manifestação cultural, espaço e tempo, onde se expressam simultaneamente o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o jogo, a brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana - notadamente banto - recriados no Brasil. Profundamente ritualizada, a roda de capoeira congrega cantigas e movimentos que expressam uma visão de mundo, uma hierarquia e um código de ética que são compartilhados pelo grupo. Os mestres são detentores dos conhecimentos tradicionais dessa manifestação e responsáveis pela transmissão de suas práticas, rituais e herança cultural. O conhecimento produzido para instrução do processo permitiu identificar os principais aspectos que constituem a capoeira como prática cultural desenvolvida no Brasil: o saber transmitido pelos mestres formados na tradição da capoeira e como tal reconhecidos por seus pares.
Teatro de Bonecos do Nordeste - Para o Iphan, esse bem imaterial não é um brinquedo ou um traço do folclore, e envolve, sobretudo, a produção de conhecimento criativo, artístico e com uma forte carga de representação teatral. O registro como Patrimônio Cultural Imaterial justifica-se devido à originalidade e tradição dessa expressão cênica, repassadas de mestre para discípulo, de pai para filho, de geração para geração. Uma tradição que revela uma das facetas da cultura brasileira, onde brincantes, por meio da arte dos bonecos, encenam histórias apreendidas na tradição que falam de relações sociais estabelecidas em um dado período da sociedade nordestina e de histórias que continuam revelando seu cotidiano, através dos novos enredos, personagens, música, linguagem verbal, das cores e da alegria que são inerentes ao seu contexto social.
Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio em Barbalha - Esta é uma tradição que, além da sua relevância nacional, engloba a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira. Referência cultural importante que foi exercida, principalmente, pelas camadas populares do nordeste brasileiro e dos grupos formadores da nacionalidade, além de ser um dos momentos fundamentais na construção e afirmação da identidade da população de Barbalha, da região do Cariri. Os festejos a Santo Antônio de Pádua ocorrem desde o final do século XVIII, quando foi erguida uma capela em devoção ao santo, dando origem ao desenvolvimento da cidade de Barbalha. São treze dias de festa em homenagem ao padroeiro e a data central é o domingo mais próximo de 31 de maio, dia do Carregamento e Hasteamento do Pau da Bandeira. No dia do Carregamento, que acontece desde 1928, eles percorrem os cerca de sete quilômetros que separam o local de preparação do mastro e a Praça da Matriz de Santo Antônio no centro de Barbalha, com o Pau da Bandeira às costas.