Patrimônio Imaterial
A Bahia possui um rico e diversificado patrimônio imaterial, resultante da contribuição dos povos de origem africana, indígena e européia. Há um esforço permanente para inaventariar, salvaguardar e registrar tão relevante acervo. Além da Roda de Capoeira e do Samba de Roda do Recôncavo Baiano, que foram reconhecidos como Patrimônio da Humanidade pala Unesco, a Bahia possui outros bens imateriais de grande significado registrados pelo Iphan.
Ofício das Baianas de Acarajé - Está inscrito no Livro dos Saberes desde 2005 como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. É uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas em Salvador. O bolinho de Acarajé, preparado artesanalmente, tem origem no Golfo de Benim, na África Ocidental e chegou ao Brasil com o saber dos negros escravizados. A receita manda moer o feijão fradinho em pilão de pedra – que dá nome ao quitute: a pedra de acarajé. A iguaria está ligada ao culto dos orixás do candomblé, Xangô e Oyá, o que implica em um modo de fazer específico e ritualizado. Para o recheio dessa comida sagrada são utilizados vatapá, caruru e camarão seco. E no tabuleiro da Baiana do Acarajé também pode se encontrar abará, mingaus, lelê, cocadas, pé de moleque e outras especialidades da culinária de origem afro-brasileira.
Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira - É um elemento estruturante de uma manifestação cultural, espaço e tempo, onde se expressam simultaneamente o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o jogo, a brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana - notadamente banto - recriados no Brasil. Profundamente ritualizada, a roda de capoeira congrega cantigas e movimentos que expressam uma visão de mundo, uma hierarquia e um código de ética que são compartilhados pelo grupo. Os mestres são detentores dos conhecimentos tradicionais dessa manifestação e responsáveis pela transmissão de suas práticas, rituais e herança cultural. O conhecimento produzido para instrução do processo permitiu identificar os principais aspectos que constituem a capoeira como prática cultural desenvolvida no Brasil: o saber transmitido pelos mestres formados na tradição da capoeira e como tal reconhecidos por seus pares.
Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim - Celebração tradicional que ocorre desde o século XVIII e está no calendário litúrgico e no ciclo de festas da cidade de Salvador e é realizada anualmente, sem interrupção, desde o ano de 1745. A festa articula duas matrizes religiosas distintas, a católica e a afro-brasileira, assim como incorpora diversas expressões da cultura e da vida social soteropolitana. Está profundamente enraizada no cotidiano dos habitantes de Salvador, sendo constituidora da identidade brasileira e manifestação com grande capacidade de mobilização social.
Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) - A Superintendência realizou os inventários das Rotas da Alforria, do Museu Aberto do Descobrimento, do município de Mucugê, da Cerâmica do Rio Real, do Tabuleiro das Baianas em Salvador, do Ofício das Baianas de Acarajé, da Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim, e do município de Rio de Contas, além dos inventários da Festa de Santa Bárbara em Salvador e da trajetória da população afrodescendente na região de Cachoeira. Os INRCs de Maragogipe, Salinas de Margarida, Saubara, Itaparica, São Félix, Cachoeira e Santo Antônio estão em andamento. As ações de salvaguarda realizadas abrangem o Samba de Roda do Recôncavo Baiano (que envolve 26 cidades), Ofício das Baianas de Acarajé, Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira.