Patrimônio Imaterial
A Superintendência do Iphan no Amapá desenvolve ações de salvaguarda da Arte Kusiwa, Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi, registrada pelo Instituto, em 2002. Salvaguardar um bem cultural de natureza imaterial é apoiar sua continuidade de modo sustentável, atuar para melhoria das condições sociais e materiais de transmissão e reprodução que possibilitam sua existência. Para divulgar essas iniciativas, em dezembro de 2014 os Correios lançaram o selo postal com a estampa da Arte Kusiwa que ficará em circulação até 31 de dezembro de 2017. Por meio da realização do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) e do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) são realizadas outras medidas de proteção à arte do Povo Indígena Wajâpi.
Arte Kusiwa, Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi - Registrada como patrimônio cultural pelo Iphan, em 2002, e reconhecida como obra-prima do Patrimônio Mundial Cultural Imaterial, pela Unesco, em 2003. Essa arte está vinculada à organização social, com uso adequado da terra indígena e o conhecimento tradicional dos Wajãpi do Ampá, que indígenas usam composições de padrões Kusiwa nas costas, face e braços, e a pintura é para todos os dias. Na decoração de corpos e objetos, fazem uso da tinta vermelha do urucum, do suco do jenipapo verde e de resinas perfumadas. Onças, sucuris, jiboias, peixes e borboletas estão codificados em padrões gráficos, por meio de suas formas ou ornamentação, tal como no início dos tempos foram percebidas pelos primeiros homens. Dessa forma, expressam a diversidade de seres (humanos e não humanos) com os quais compartilham o universo.
Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) - Em 2009, a Superintendência identificou 46 referências representativas dos diversos grupos sociais durante a elaboração do Mapeamento e Documentação de Referências Culturais do Amapá. Além deste trabalho, o Iphan concluiu o INRC da cidade de Mazagão Velho e da Festa do Marabaixo (expressão da religiosidade afro-brasileira e realizada em homenagem à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito). Está em andamento, o inventário da Festividade de São Tiago no Distrito de Mazagão Velho. A Festa de São Tiago, realizada desde 1772, é a representação da batalha entre mouros e cristãos nas terras africanas reproduzida em muitas regiões brasileiras.
Com apoio do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI/Iphan) foi realizado, em 2012, o projeto de documentação dos Saberes Wajãpi sobre a Formação da Terra e da Humanidade com participação de jovens que atuam como pesquisadores entre os Wajãpi, de alguns professores indígenas e de pessoas mais idosas indicadas por estes, nas 49 aldeias existentes na Terra Indígena (TI) Wajãpi. O principal resultado foi um mapeamento dos lugares onde os Wajãpi consideram existirem marcas e vestígios do começo da humanidade e das sucessivas transformações nas relações entre humanos e não humanos. O mapeamento conecta-se a um conjunto de registros da tradição oral, que contextualiza tais lugares bem como evidencia sua importância na cosmografia desse povo Tupi.