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PATRIMÔNIO MATERIAL
Seminário debate candidatura da Chapada do Araripe a Patrimônio Mundial
Foto: Leonardo Troiano/Iphan
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) participou, na última semana, de mais um passo rumo à candidatura da Chapada do Araripe ao reconhecimento como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O V Seminário Internacional “Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe – Patrimônio Dá Humanidade”, foi realizado em Nova Olinda (CE), entre os dias 5 e 8 de junho.
O evento, organizado pela Fundação Casa Grande em parceria com a Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará e o Serviço Social do Comércio Ceará (Sesc-CE), buscou promover o reconhecimento internacional da região como Patrimônio Misto, por seus valores culturais e naturais.
Durante os quatro dias de seminário, gestores públicos, moradores, mestres e mestras da cultura popular e as crianças e adolescentes do Memorial do Homem do Kariri, além da comunidade acadêmica da Universidade Regional do Cariri (Urca), da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade de São Paulo (USP) e do Sistema Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) do Ceará, puderam fortalecer as articulações em prol da candidatura, trocar experiências e avançar nas tratativas para levar a Chapada do Araripe ao título de Patrimônio Mundial.
Uma das participações do Iphan consistiu em apoiar tecnicamente a elaboração dos próximos passos para o processo de candidatura, seguindo as diretrizes operacionais da Unesco. Também foi montado um grupo de trabalho, por meio de uma ampla participação social e dos gestores governamentais, articulando vários segmentos que se relacionam com a Chapada do Araripe. O grupo de trabalho resultou de uma oficina promovida pela Assessoria Internacional do Departamento do Patrimônio Material do Iphan (Depam).
“Encerramos o evento com mais um passo dado em direção à candidatura desse bem cultural e natural que tem potencial para ser o nosso segundo sítio misto brasileiro do Patrimônio Mundial”, afirma a chefe da Assessoria Internacional do Patrimônio Material do Iphan, Candice Ballester. “É importante observar que, além da própria diversidade e riqueza cultural, material, imaterial e ambiental desse território, tem havido uma forte articulação da sociedade civil, dos mestres da cultura popular, detentores e moradores da região em torno dessa candidatura, contando com uma articulação importante da Fundação Casa Grande nesse processo”, complementa.
Também estiveram presentes no seminário o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial e presidente-substituto do Iphan, Deyvesson Gusmão; o coordenador de Articulação do Centro Nacional de Arqueologia (CNA), Leonardo Troiano; e o Chefe do Escritório Técnico do Iphan em Icó (CE), Márcio Carvalho. Participaram, ainda, de forma virtual, técnicos das superintendências do Iphan nos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.
O evento propiciou o debate e a mostra das redes do território, especialmente na proposta dos Museus Orgânicos, que fortalecem e promovem os saberes tradicionais dos mestres e mestras da cultura popular, as experiências do turismo de base comunitária do território a partir das experiências desenvolvidas pela Fundação Casa Grande e das experiências internacionais de bens já declarados Patrimônio Mundial sob a perspectiva da gestão. Como resultado, foi elaborada a Carta do V Seminário Internacional “Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe – Patrimônio Dá Humanidade”.
No encontro também foi gerada a Carta de Nova Olinda, em que são detalhados os temas que foram discutidos no evento e os encaminhamentos a partir das discussões. Para acessar a íntegra do documento, clique aqui.
Sobre a Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe
A Chapada do Araripe abrange áreas dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. No local há bens que remontam a 180 milhões de anos, abrigando a memória de formação geológica da terra e registros paleontológicos de grande relevância mundial, além de sítios arqueológicos que atestam a presença humana do passado. “São sítios arqueológicos entendidos simbolicamente e apropriados pelas populações locais como sítios mitológicos também. É uma bacia cultural rica e diversa, que agrega uma série de referências culturais do homem que habita milenarmente esse território, onde a arte popular, os saberes, as celebrações e ritualísticas estão presentes ainda hoje, e são transmitidos para futuras gerações, reforçando a riqueza de sua dinâmica cultural”, pontua Candice Ballester.
Os estudos prévios para a elaboração de informações sobre a Chapada do Araripe tiveram início em 2019, com a realização do 1º Seminário Internacional para discutir a ideia da candidatura a ser proposta. A partir de 2020, o Iphan, a Fundação Casa Grande, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), a Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa (Funcap), a Universidade Regional do Cariri (Urca), e o Fecomércio/ Sesc Ceará, mapearam o território da Chapada e identificaram um conjunto de bens naturais e culturais com potenciais valores universais excepcionais que justificariam a inclusão do bem na Lista Indicativa brasileira de bens com potencial ao reconhecimento como Patrimônio Mundial.
Critérios
Para inclusão na Lista Indicativa da Unesco, a proposta de candidatura deve apresentar a descrição do local com a justificativa do potencial Valor Universal Excepcional, atendendo a pelo menos um dos 10 critérios previstos. A candidatura da Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe, como um bem misto, apresenta as justificativas dos critérios 3, 6 e 8, que são, respectivamente: (iii) constituir um testemunho único ou pelo menos excepcional de uma tradição cultural ou de uma civilização viva ou desaparecida; (vi) estar direta ou materialmente associado a acontecimentos ou a tradições vivas, ideias, crenças ou obras artísticas e literárias de significado universal excepcional; (viii) ser exemplos excepcionalmente representativos dos grandes estágios da história da Terra, nomeadamente testemunhos da vida, de processos geológicos em curso no desenvolvimento de formas terrestres ou de elementos geomórficos ou fisiográficos de grande significado.
Assessoria de Comunicação Iphan
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