Reuniões de mobilização para registro do Congo do Espírito Santo começam no sábado (9)

Detentores, integrantes de bandas, mestres, dançarinos, associações e demais interessados na salvaguarda do Congo do Espírito Santo terão a oportunidade de participar das reuniões de mobilização para o pedido de registro dessa festividade como Patrimônio Cultural do Brasil. Os encontros serão realizados nos próximos dois sábados, 9 e 16 de março, em Linhares (ES) e na Serra (ES), respectivamente, e são abertos ao público. 

O objetivo das reuniões é obter o apoio formal de detentores do Congo e instituições parceiras ao pedido de registro do bem cultural. Também serão apresentados nos dois encontros os produtos da pesquisa de identificação sobre o Congo no estado, realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em conjunto com a Universidade Federal do Espírito Santo, por meio de Termo de Execução Descentralizada. 

“O pedido de registro do bem cultural demanda a declaração de anuência da base social interessada. Sabemos do interesse dos detentores por esse reconhecimento, mas não possuímos, ainda, declarações formais de concordância deles com o pedido de registro. A intenção das reuniões é justamente estabelecermos os procedimentos para essa declaração de anuência formalizada”, explica o historiador do Iphan no Espírito Santo, Filipe Oliveira da Silva, destacando a importância da participação popular nos encontros. 

Congo e a identidade capixaba

Já registrado em nível estadual como Patrimônio Cultural, o Congo é uma expressão cultural e religiosa surgida no Brasil, associada, em narrativas míticas orais, à devoção dos escravizados sobreviventes de um naufrágio de navio negreiro em Nova Almeida, em Serra (ES), a São Benedito, a quem foi atribuído o milagre. Os mitos sobre esse e alguns outros santos católicos são lembrados nos festejos das bandas de Congo, organizados em forma de cortejos, desfiles ou rodas, e o confirmam como guia espiritual dos congueiros. 

Filipe Oliveira destaca que o Congo já foi considerado ameaça à ordem pública e reprimido pelo Estado brasileiro. Difundido em diversas regiões do Espírito Santo, o Congo é hoje um elemento simbólico relevante na construção da imagem do estado, sendo um testemunho de práticas de resistências afro-diaspóricas e um importante lugar de sociabilidade comunitária. 

“O reconhecimento do Congo no âmbito federal permitirá um compromisso do Estado brasileiro na adoção de medidas de salvaguarda que possibilitem a continuidade e a viabilidade do bem cultural. O acautelamento deste bem possibilitará um rol de ações de salvaguarda que assegurem a viabilidade do bem e a reparação histórica a esses coletivos que foram negligenciados na memória nacional.”, finaliza. 

Serviço
Reuniões de Mobilização do Congo no Espírito Santo  
Data: 09/03/2024 
Horário: 14h às 18h 
Local: Centro Cultural Municipal Nice Avanza 
Endereço: Rua João Francisco Calmom, 798 - Araçá, Linhares (ES), 29901-62   

Data: 16/03/2024 
Horário: 14h às 18h 
Local: Auditório da Secretaria Municipal de Educação da Serra 
Endereço: Rua Domingos Martins, s/n, Centro Administrativo, Arino Gonçalves, Serra Sede (ES) 

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