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Repente completa um ano como Patrimônio Cultural do Brasil
No Repente, os cantadores dialogam entre si, com estrofes e som de violas. (Foto: João Miguel Sautchuk).
Símbolo da identidade e cultura nordestina, o Repente comemora um ano do título de Patrimônio Cultural do Brasil, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo. O bem foi inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão no dia 11 de novembro de 2021.
Com o reconhecimento pelo Iphan, o Repente passou a ser alvo de políticas públicas para a salvaguarda da manifestação, que também incidem sobre um universo de bens associados que inclui a Emboladas, o Aboio, a Glosa e a Poesia de Bancada e Declamação.
“O Repente representa a criatividade e sensibilidade do povo nordestino. É uma arte que atravessa gerações, se difundindo por todo o Brasil”, destaca a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Reconhecemos a manifestação como Patrimônio Cultural Brasileiro por entender que é significativa para a nossa história, memória e identidade”, pontua.
O Repente no Brasil
Também conhecida como Cantoria, a manifestação reúne verso, rima e oração. Reúne um conjunto de narrativas orais, cantorias e poesia popular. Os cantadores e cantadoras estão presentes nas cidades da capital e do interior dos estados do Nordeste, assim como em regiões para onde houve migração da população nordestina.
O Repente tem como fundamentos a métrica, a rima e a oração, como informam os repentistas. A rima está relacionada à identidade do som no final de cada verso. A métrica, por sua vez, se refere à técnica de improvisar e às características da linguagem da Cantoria: quantidade de versos, modalidade das estrofes e acento dos versos.
Há registros da prática do Repente desde meados do século XIX, nos estados de Pernambuco e Paraíba. As ocorrências mais antigas que se tem notícia são na Serra do Teixeira (PB).
Até o início do século XX, a maior parte dos repentistas era do interior, vivendo no campo e cantando para o público das áreas rurais. Essa realidade se transformou, principalmente, a partir da década de 1950, com os cantadores migrando para as áreas urbanas. No início do século XX, a rádio teve um papel importante na difusão do Repente na região
Com os programas radiofônicos, os festivais e as mídias físicas (fita cassete, vinil e CD), o Repente conseguiu expandir o seu público, e mesmo com as inovações midiáticas, manteve seu vínculo com a vida rural dos seus primeiros poetas. Mais tarde, a internet se tornou mais um instrumento para divulgação dessa cantoria. Em 2020, por exemplo, com as medidas de isolamento social, os cantadores passaram a transmitir suas apresentações por meio de lives.
Registro como Patrimônio Cultural
O pedido de registro do Repente foi formalizado em 2013 pela Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do Distrito Federal e Entorno. O Iphan, então, iniciou o processo de registro, incluindo a descrição da arte e a documentação, agregando um registro audiovisual, formando um dossiê descritivo.
O documento apresenta mais de 50 modalidades de Repente, nas quais estão incluídas estrofes que seguem regras bastante complexas e rígidas de rima, métrica e coerência temática, e que fascinam pela naturalidade com que são feitas.
O registro do Repente foi aprovado por unanimidade durante a 98ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada em 2021.
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