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SEMINÁRIO
Problemas urbanos de Brasília: seminário debate desafios e soluções
Foto: Alef Renan
Foram três dias de muita troca de ideias sobre os desafios do planejamento e da gestão territorial do Distrito Federal. Durante esta semana, o II Seminário sobre os Estudos dos Problemas Urbanos de Brasília-DF, realizado na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na capital federal, reuniu arquitetos, engenheiros, historiadores e pesquisadores especialistas que debateram formas de conciliar o crescimento natural da cidade, a sua preservação enquanto Patrimônio Cultural da Humanidade e a ocupação de espaços entre as diferentes classes sociais presentes no DF.
Na terça-feira (06/08), durante as discussões sobre “Direito à cidade para todas as pessoas”, a palestrante Carolina Baima alertou os presentes que, além das quatro escalas criadas por Lúcio Costa na concepção da cidade - monumental, gregária, residencial e bucólica -, Brasília desenvolveu outra escala: a “segregária”. A arquiteta e urbanista lembrou que, com o desenvolvimento da capital, o Plano Piloto foi separado do Distrito Federal, o que ocasionou desigualdade entre os cidadãos no usufruto da mobilidade urbana e, consequentemente, no aproveitamento dos benefícios de uma cidade planejada.
No mesmo dia, o superintendente do Iphan no Distrito Federal, Thiago Perpétuo, moderou o debate sobre os desafios da preservação da cidade como patrimônio cultural no presente e no futuro. “O maior deles é saber o lugar do patrimônio frente ao combate às desigualdades socioeconômicas, às emergências climáticas e ao modelo de ocupação da cidade”, disse. “A diversidade de painéis do Seminário indica o quanto todas essas agendas estão conectadas”, completou.Na tarde de quarta-feira (07/08), a arquiteta e professora universitária na área de Projeto de Urbanismo, Ludmila de Araújo, elencou alguns problemas relacionados ao DF e à sua região metropolitana. De acordo com ela, o crescimento desordenado das regiões administrativas, os problemas fundiários e as disparidades econômicas entre elas colaboram com os problemas urbanos da capital.
Durante sua apresentação, Ludmila alertou que o grande fluxo de pessoas entre o entorno e o DF, sobretudo para o acesso ao trabalho, impacta fortemente o sistema de transporte interurbano e a qualidade dos serviços públicos oferecidos à população que reside distante do centro. Para a arquiteta, promover a cooperação entre o DF e as regiões administrativas do entorno, juntamente com diagnósticos detalhados da população, das condições de vida e da economia para melhor direcionar políticas públicas, pode ser visto como solução para tais problemas.
O último dia de conversa foi marcado pelo debate sobre os impactos das mudanças climáticas no DF. A engenheira agrônoma, ativista ambiental e diretora do Departamento de Planejamento e Administração do Iphan, Maria Silvia Rossi, lembrou que as mudanças climáticas ainda são vistas como um falso problema criado por alarmistas e amplificado pela mídia. Contudo, para a pesquisadora, as mudanças climáticas estão no topo dos problemas estruturais, sacrificando ainda mais os mais vulneráveis. Maria Silvia destacou também que, mesmo planejada, Brasília sofre, ano após ano, com enchentes em períodos chuvosos e que os moradores das áreas periféricas são os mais atingidos.
II Seminário sobre os Estudos dos Problemas Urbanos de Brasília (DF)
O evento é fruto de parceria entre Iphan, Andar a Pé, Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-DF), Universidade de Brasília (UnB), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-DF), Ministério Público (MPDFT), Rede Urbanidade, Fórum de Defesa das Águas do Distrito Federal, Observatório das Metrópoles e teve apoio da Câmara Legislativa do DF e Senado Federal.
No primeiro seminário, realizado em 1974 no Senado Federal, os problemas da cidade foram debatidos com a ilustre presença do autor do Plano Piloto de Brasília, o urbanista Lucio Costa. Na ocasião, Lucio retornava à cidade depois da sua inauguração e discursou sobre “Considerações em torno do Plano Piloto de Brasília”, título de sua palestra, que contribuiu para criar condições para que essa área alcançasse sua plenitude e seu desenvolvimento. As contribuições de arquitetos e urbanistas, engenheiros e parlamentares da época foram registradas em uma publicação que reúne estudos e debates sobre a urbanidade de Brasília.
Assessoria de Comunicação Iphan
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