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PATRIMÔNIO MUNDIAL
Posse dos membros marca retomada do Comitê Gestor do Cais do Valongo (RJ)
Com a recomposição do comitê, os representantes das diversas instituições que o integram darão continuidade às ações do plano de gestão e de preservação do sítio. (Fotos: Filipe Araújo)
Os membros do Comitê Gestor do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo receberam os certificados de posse nesta quinta-feira (23). A cerimônia foi realizada no Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro (RJ), e marcou a reinstituição do comitê.
O momento contou com a presença do presidente do Iphan, Leandro Grass; da ministra da Cultura, Margareth Menezes; da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante.
Com a recomposição do Comitê Gestor, os representantes das diversas instituições que o integram darão continuidade às ações do plano de gestão e de preservação do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo.
O presidente do Iphan, Leandro Grass, ressaltou o protagonismo dos representantes do comitê para a democracia, assim como a responsabilidade do Estado na implementação de políticas públicas efetivas. “A partir de agora, o comitê reconstituído se coloca novamente à disposição de vocês. Juntos, trabalharemos na reformulação do Centro de Referência da Celebração da Herança Africana. O que será e como será esse projeto, quem dirá são vocês, porque nada mais será feito sem vocês”, reiterou.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, trouxe reflexão sobre sobre o período da escravidão e a importância do comitê no processo de reparação histórica. “Hoje elevamos nossos pensamentos aos nossos ancestrais que passaram por aqui. Saudando a memória deles, estamos aqui, filhos desses que sobreviveram, buscando justiça, recomposição do reconhecimento desse lugar, assim como reconhecimento do grande legado trazido pelo povo africano”, destacou.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reforçou a importância do trabalho conjunto para o reconhecimento e valorização do sítio. “Esse dia é histórico, um marco de reparação, ressignificação e memória. Saúdo a todos os representantes que têm lutado para garantir esse lugar e dar a ele o reconhecimento que ele merece”, pontuou a ministra.
Gestão compartilhada
O Comitê Gestor do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, extinto em 2019, foi recomposto por meio da Portaria nº 88, de 20 de março de 2023 , na semana em que se celebra o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.
O comitê é direcionado para a gestão compartilhada e participativa do sítio, reconhecido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O grupo é composto por 15 instituições representativas da sociedade civil e 16 governamentais nas esferas federal, estadual e municipal, contando com 31 membros titulares, cada um com um suplente. Entre as instituições integrantes estão o Ministério da Cultura (Minc), a Fundação Palmares e o Instituto Brasileiro de Museus. O Iphan será o coordenador dos trabalhos do comitê.
Entre os objetivos essenciais do grupo estão promover a instalação da estrutura de gestão integral, compartilhada e participativa do Sítio; estabelecer as diretrizes para a execução das ações propostas no plano de gestão; monitorar a efetividade das ações governamentais necessárias à preservação e salvaguarda do bem; e promover a articulação entre as políticas municipal, estadual e federal que incidem sobre o Sítio Arqueológico.
Histórico
Construído em 1811, o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro (RJ), foi o principal ponto de desembarque e comércio de pessoas negras escravizadas nas Américas. Funcionou até 1831, quando foi proibido o tráfico transatlântico de africanos escravizados. A norma foi ignorada e recebeu a denominação irônica de “lei para inglês ver”. Da construção à proibição do tráfico, no local desembarcaram entre 500 mil e um milhão de escravos de diversas nações africanas. O monumento integra o circuito conhecido como Pequena África, onde se encontram edificações que testemunharam a história afro-brasileira.
Os vestígios do antigo Cais foram revelados em 2011, durante as escavações arqueológicas desenvolvidas para a implementação do projeto Porto Maravilha. O Iphan acompanhou todo o processo. Em 2017, a Unesco incluiu o Cais do Valongo na lista de Patrimônio Cultural Mundial, como sítio de memória sensível. Outros bens reconhecidos nessa categoria são o Campo de Concentração de Auschwitz, na Alemanha, e a cidade de Hiroshima, no Japão. Trata-se de locais de memória e sofrimento da humanidade.
A memória afro-brasileira associada ao sítio recebeu tentativas de apagamento em dois momentos. Em 1843, o Cais foi ampliado e reparado para a chegada da futura imperatriz Tereza Cristina, que vinha para casar com D. Pedro II. Passou a ser reconhecido, então, como Cais da Imperatriz. Já na república, em 1911, foi aterrado para dar lugar à Praça do Comércio. Entre os vestígios arqueológicos expostos atualmente no sítio encontram-se também elementos do Cais da Imperatriz.
Iphan reinstitui Comitê Gestor do Sítio Arqueológico Cais do Valongo
Assessoria de Comunicação Iphan
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