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PATRIMÔNIO MATERIAL
Parceria entre Iphan e UFT promove diagnóstico de acervo de Vladimir Carvalho
Mariana Alves/Iphan
Mais de 5 mil livros, equipamentos de projeção cinematográfica, fotos, roteiros, cartazes de filmes que marcaram a história do cinema nacional e internacional, e até um argumento inédito de Ariano Suassuna. Essas são algumas das relíquias que o cineasta Vladimir Carvalho veio colecionando ao longo de sua trajetória de mais de 50 anos dedicada ao cinema. Todo esse acervo será quantificado graças a uma parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal do Tocantins.
A primeira etapa do trabalho de diagnóstico, que será concluído em abril deste ano, foi celebrada em uma cerimônia em homenagem ao cineasta, realizada no auditório da Sede do Iphan, em Brasília (DF). A data coincidiu com o aniversário de 89 anos de Vladimir Carvalho. “Eu estou flutuando com essa iniciativa, muita gratidão a todos vocês por olharem para este acervo com a importância que ele merece”, disse o cineasta, emocionado. Um dos cineastas mais longevos que o país já teve, Vladimir destaca que apenas uma pequena parte dos objetos tem relação direta com a sua própria obra. “A maior parte são coisas que vieram para as minhas mãos ao longo dos meus mais de 50 anos de trabalho, mas dizem respeito à história do cinema nacional e algumas até do cinema internacional”, completa o documentarista.
“Para nós do Iphan em Tocantins é uma honra poder oferecer o conhecimento produzido em nosso estado e contribuir para a preservação deste acervo, tendo em vista a grande contribuição do professor Vladimir para a história do país”, disse, em discurso, a superintendente do Iphan em Tocantins, Cejane Pacini. O historiador e professor da UFT, Denilson de Castro resumiu em uma palavra os poucos dias em que ele e sua equipe de outros três profissionais conviveram de perto com Vladimir Carvalho: “Amor é a palavra que resume a figura de Vladimir Carvalho e todo esse acervo que ele manteve durante esse tempo. Um amor enorme pela arte do cinema. Convivendo com o professor, não tem como a gente não ser tomado por este amor também”, afirmou.
A secretária de Audiovisual do Ministério da Cultura (MinC), Joelma Gonzaga, ressaltou a importância da obra de Vladimir Carvalho para a sua formação profissional e como cidadã. Ela também destacou uma iniciativa inédita que visa proteger a memória audiovisual do país. “Pela primeira vez na história da secretaria, temos uma diretoria de preservação de audiovisual, isso coloca a preservação na ordem do dia e estamos pensando e formulando políticas que protejam não só o acervo do Vladimir Carvalho, mas outros acervos Brasil afora”, informou a secretária.
A preservação de acervo cinematográfico também é uma das prioridades do Arquivo Público do Distrito Federal. O superintendente da instituição, Adalberto Scigliano, que participou do evento, destacou o olhar multissetorial que a instituição tem adotado. “Em nosso acervo temos mais de mil e cem obras cinematográficas, inclusive algumas do professor Vladimir Carvalho. Vamos instituir um laboratório de preservação audiovisual e queremos construir pontes com o MinC e o Iphan para preservar este patrimônio”, reiterou Scigliano.
O presidente do Iphan, Leandro Grass, reiterou que a iniciativa de diagnóstico do acervo de Vladimir Carvalho faz parte de um movimento de reconstrução do setor cultural do país. “Estamos atuando em várias frentes para levar adiante essa retomada da cultura em vários aspectos. Cuidar deste acervo e fazer o que estiver ao nosso alcance para preservá-lo e permitir que as pessoas possam acessá-lo com facilidade é parte deste movimento”, disse Grass.
Vladimir Carvalho
Nascido em Itabaiana (PB), em 1935, Vladimir Carvalho chegou em Brasília nos anos 1960, convidado por Darcy Ribeiro para a construção da Universidade de Brasília (UnB), da qual se tornaria professor no recém-criado curso de Cinema.
Ainda jovem, ele foi um dos primeiros cineastas nordestinos. Logo após concluir o ensino fundamental, em 1954, enveredou no audiovisual em uma das maiores obras-primas do documentário nacional, o filme Aruana.
Já consagrado e grande atuante do cinema novo, sofreu com a censura em 1971, quando seu longa-metragem "O país de São Saruê" foi retirado bruscamente do Festival de Cinema de Brasília pela censura federal. O filme ficou apreendido durante uma década. Nos anos 80, Vladimir filmou os longas "O Homem de Areia", sobre a vida de José Américo de Almeida, e "O evangelho segundo Teotônio". Foi na década de 80 também que Vladimir realizou uma de suas principais obras, “Conterrâneos velhos de guerra”. O filme trata do obscuro episódio de uma chacina de operários ocorrida num acampamento de uma das empreiteiras responsáveis pela construção de Brasília.
Irmão mais velho do também cineasta Valter Carvalho, apresentou o irmão ao audiovisual bem cedo. Muito ativo, Vladimir dirigiu o filme "Rock Brasília", onde resgata a origem do Rock dos anos 80, tendo Brasília como plano do fundo. Sua extensa filmografia influenciou significativamente uma geração de profissionais do cinema brasileiro. A contribuição para a formação de novos cineastas foi coroada com a entrega do título de professor emérito da UnB, em 2012.
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