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CAPACITAÇÃO
Para difundir a prática do fole de oito baixos, Iphan ministra oficinas do instrumento na Paraíba
Oficinas de fole preservam a tradição musical nordestina
Xote, baião, arrasta-pé são algumas das matrizes tradicionais do forró, reconhecidas pelo som característico do fole de oito baixos. Para proteger as tradições e expandir o modo de tocar para futuras gerações, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) promoveu oficinas de formação para dez aprendizes, entre 12 e 60 anos. As aulas foram realizadas entre junho e setembro, na Associação Cultural Balaio Nordeste, em João Pessoa (PB).
A ação faz parte da segunda etapa do convênio entre o Iphan e a Millennium Arte Digital, produtora que atua em realização de eventos e na área de audiovisual, em um investimento de cerca de R$ 49 mil. Na primeira etapa, em 2019, foi realizada pesquisa documental sobre as matrizes do forró na Paraíba e a identificação e mapeamento de mestres e aprendizes folistas e de afinação e manutenção do fole na Paraíba. Além disso, foram realizadas ações de promoção e divulgação dos conhecimentos mapeados, organizando um processo dialógico-expositivo das referências culturais relacionadas ao instrumento no estado.
O instrutor das oficinas foi o mestre Luizinho Calixto, que criou uma metodologia que é referência no ensino do instrumento. Ele contou que o fole de oito baixos é um dos instrumentos mais difíceis de tocar. “A afinação que usamos aqui no Nordeste é distinta da que se encontra em outras partes do mundo. Muitas vezes, as pessoas tocam sem entender completamente o que estão fazendo. Com o manual que desenvolvi e ensino, elas conseguem aprender a tocar em todos os tons e a distinguir os acordes, saber o posicionamento dos dedos”, disse o mestre.
A iniciativa do Iphan em salvaguardar o fole de oito baixos, que consiste em medidas destinadas a proteger e preservar essa cultura, surgiu em resposta à preocupante situação socioeconômica e à idade avançada de muitos praticantes. Isso demandou atenção urgente por parte do poder público. A técnica da salvaguarda, a antropóloga do Iphan Nina Vincent Lannes, destacou: “a transmissão de conhecimentos tradicionais do forró está no centro da atuação do Iphan e o fole é uma de suas expressões máximas. Um instrumento complexo e fantástico, tocado por pessoas que realmente amam o que fazem e não deixam essa cultura esmorecer”.
Em 2021, o Iphan reconheceu as Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil, contribuindo para a valorização dessa tradição nordestina. “Todo processo de salvaguarda deve ser feito com e para a comunidade, é reconhecendo quem veio antes e os comportamentos ancestrais que construímos nosso processo identitário”, frisou a coordenadora-geral do projeto, Lisianne Saraiva.
O instrumento
O fole de oito baixos, instrumento harmônico e melódico de origem europeia, foi criado em 1829 pelo vienense Cyrill Demian. Imigrantes europeus introduziram o fole no sudeste brasileiro, em meados do século XIX. A chegada ao Nordeste brasileiro é menos documentada, mas sabe-se que ela já está presente no último quarto do século XIX.
Popularizou-se na região como instrumento predominante na animação de festas como batizados, aniversários, casamentos ou bailes rurais e urbanos. Dividia o cenário das animações das festas com outros instrumentos melódicos como o pife e a rabeca, sendo também um dos instrumentos predecessores na execução dos ritmos das matrizes do forró.
O mestre Luizinho Calixto conta que foi o primeiro instrumento de Januário José dos Santos - pai de Luiz Gonzaga - , de Dominguinhos, Sivuca e de outros artistas renomados do Nordeste. “Tem muita história a ser contada. É um instrumento muito atraente pela sua afinação característica”, destacou.
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