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MINAS GERAIS
Ouro Preto celebra 100 anos da visita histórica dos modernistas
Procissão do Encontro na Semana Santa de Ouro Preto. Foto: Ane Souz
Há exatos 100 anos, durante a Semana Santa de 1924, Ouro Preto testemunhou um evento que deixou um impacto memorável na história da arte brasileira. Um grupo de renomados modernistas, liderados por figuras como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e o poeta francês Blaise Cendrars, decidiu explorar as riquezas das cidades históricas de Minas Gerais, com destaque especial para Ouro Preto, o que ficou conhecido como uma Viagem de Redescoberta do Brasil.
Ao percorrer as ruas de paralelepípedos e admirar as grandiosas igrejas barrocas, os modernistas encontraram inspiração em cada detalhe arquitetônico e cada obra de arte esculpida por mestres como Aleijadinho ou pintada por Manuel da Costa Ataíde. Uma jornada de redescoberta do próprio país, tanto em seus aspectos históricos quanto estéticos, que ecoou profundamente na produção artística que veio a seguir.A visita dos modernistas a Ouro Preto não apenas despertou um novo olhar para o patrimônio histórico brasileiro, mas também teve um impacto duradouro no desenvolvimento de políticas de preservação cultural no país. Foi um marco que impulsionou a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atual Iphan, em 1937.
Em comemoração ao centenário da visita dos modernistas à cidade, a Casa de Gonzaga – construção do século XVIII que foi residência do jurista, poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga e palco de encontros dos líderes da Inconfidência Mineira – recebe a exposição A viagem da redescoberta: os modernistas nas cidades históricas de Minas, celebrando os 100 anos (1924-2024), durante a Semana Santa de 2024. A exposição traz 18 livros e revistas originais, em primeira edição, relacionados aos ilustres visitantes de 1924. Estão lá, entre outros, as primeiras edições de Paulicéia Desvairada, Macunaíma, Clã do Jabuti, Pau-Brasil, Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade, Feuille de Route de Cendrars, além de exemplares das revistas modernistas Klaxon e Verde, do grupo modernista de Cataguases.
Semana Santa em Ouro Preto
Ouro Preto recebe mais uma vez fiéis e turistas de todo o país para celebrar a Semana Santa. Este evento tradicional, que remonta a séculos de história, tem previsão de receber mais de 30 mil pessoas em 2024. Durante toda a semana que antecede a Páscoa, a cidade se enche de fervor religioso, com procissões, encenações da Paixão de Cristo, missas e celebrações que relembram os últimos momentos da vida de Jesus. As igrejas barrocas da cidade se tornam pontos de convergência para os devotos que buscam vivenciar essa tradição centenária.
Uma das características mais marcantes dessa celebração é a confecção dos tapetes de serragem que adornam as ruas da cidade. Moradores e voluntários dedicam-se a criar verdadeiras obras de arte efêmeras, transformando as vias em tapetes de cores e símbolos religiosos. Além disso, as toalhas dispostas nas janelas das casas coloniais durante as procissões também são uma tradição enraizada há séculos, transmitida desde o século XVIII como um sinal de respeito e devoção dos moradores de Ouro Preto durante a Semana Santa.
Investimentos em Ouro Preto
Recentemente o Iphan firmou Termo de Compromisso com a prefeitura de Ouro Preto para o restauro da Igreja Bom Jesus de Matosinhos. A ação faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) e prevê investimentos de aproximadamente R$ 3,7 milhões para o restauro do bem. Mas esta não será a única obra do Programa prevista para a cidade, que receberá um total aproximado de R$ 40 milhões para mais de dez ações nas duas modalidades do Novo PAC – a de retomada, conclusão e execução de novas obras, e a de Seleções de novos projetos. Entre elas, está prevista a restauração de cinco igrejas e quatro capelas, incluindo a Igreja de São Francisco de Assis, além do projeto de restauro dos sinos, que abrange quatro cidades mineiras: Diamantina, Mariana, Serro e Ouro Preto.