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Arqueologia
Obras do BRT em Goiânia (GO) revelam estruturas do início da capital
Pesquisadores trabalham para preservar estrutura de saneamento dos primórdios da capital goiana. (Fotos: ArqLogus)
Pesquisas arqueológicas realizadas nas obras do BRT Norte-Sul, empreendimento que atravessa os municípios de Goiânia (GO) e Aparecida de Goiânia, identificaram estruturas de saneamento do início da capital, da década de 1930. Todo o trabalho de acompanhamento arqueológico da obra é executado sob a supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio da superintendência no estado de Goiás.
A descoberta foi feita em frente ao Grande Hotel, um dos primeiros edifícios construídos no estilo art déco em Goiânia, localizado na avenida Goiás, no centro da cidade, e ocorreu quando se iniciaram as obras para a construção de um novo bueiro para o escoamento de águas. Para a surpresa dos profissionais, a estrutura estava na antiga galeria fluvial sob uma fina camada de concreto.
Segundo a arqueóloga responsável pela pesquisa, Elaine Alencastro, trata-se de uma galeria de águas pluviais, a qual foi fabricada na mesma época da construção do Grande Hotel, em um período em que sequer havia a coleta de esgoto em Goiânia. “A preocupação dos engenheiros responsáveis pela construção do Grande Hotel demonstra que eles estavam completamente alinhados, não só com os aspectos estéticos da época, mas também com os ideais de saneamento público já consolidado na Europa”, informa Alencastro.
De acordo com os pesquisadores da obra, o achado arqueológico foi protegido após a conclusão do novo bueiro e encontra-se mantido sob o atual calçamento. A parte externa da estrutura foi vedada com a manta Bidim (tecido impermeável) e revestida por camadas de areia e de brita, previstas no projeto de pavimentação.
Para o arqueólogo do Iphan-GO, Danilo Curado, a identificação das estruturas pretéritas demonstra a importância das políticas públicas de preservação do Patrimônio Cultural. “Tais descobertas evidenciam a relevância do licenciamento ambiental e das pesquisas arqueológicas. Há que se pensar que por décadas aquelas estruturas ficaram soterradas enquanto o crescimento da capital de Goiás se agigantava, e hoje, este testemunho arqueológico representa a vívida memória de um projeto ousado, que consistiu na transferência da capital da antiga Vila Boa para a emergente Goiânia”, afirma Curado.
Em achados como este da avenida Goiás, no centro de Goiânia, o Iphan orienta que o correto é fazer a pesquisa, levantar e analisar o máximo de dados possíveis e, posteriormente, proteger a estrutura, de modo que novas construções possam ser realizadas. “É importante frisar que a antiga galeria se encontra protegida, mantendo-se inalterada abaixo das novas pavimentações, permitindo que as futuras gerações tenham acesso a elas, se acaso um dia houver interesse de novas pesquisas”, expõe Curado.
O superintendente do Iphan-GO, Allyson Cabral, destaca que a descoberta é mais uma peça no quebra-cabeça do início de Goiânia, a qual possui como destaque ímpar as construções inseridas no Conjunto Arquitetônico Art Déco e Urbanístico de Goiânia, reconhecido pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro.
“No momento em que acabamos de finalizar a obra da Torre do Relógio da Av. Goiás, marco indiscutível da ambiência cultural goiana, a identificação das antigas galerias pluviais credencia o mérito dos construtores da cidade, os quais buscavam pelas melhores técnicas à época, importando conceitos europeus de salubridade e infraestrutura urbana”, aponta Cabral.
As pesquisas arqueológicas no licenciamento ambiental do BRT Norte-Sul possuem previsão de ocorrer até o mês de julho, período em que os relatórios arqueológicos serão entregues e disponíveis a toda a sociedade.
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