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SALVAGUARDA
Mestres do baque do Acre são protagonistas de vídeo documentário
No Acre, as Matrizes Tradicionais do Forró possuem formas de expressão próprias, desenvolvidas nos seringais. (Fotos: José Caminha/Secom-AC)
Parte da ancestralidade musical amazônica, os baques acreanos são tema de vídeo documentário produzido para o Plano Nacional de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró. O projeto é realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Acre (Iphan-AC), em parceria com diversas instituições.
O trabalho deve ser concluído no mês de novembro, com lançamento do vídeo documentário que tem como protagonistas mestres e mestras da cidade de Tarauacá (AC) e conta com a parceria do Instituto Baquemirim, organização da sociedade civil que desenvolve trabalho de pesquisa e fomento sobre a manifestação cultural.
“A produção do documentário faz parte do nosso trabalho de preservação da memória e registro dos saberes tradicionais, evitando seu apagamento”, destaca o superintendente do Iphan-AC, Stenio de Melo. “A mobilização e articulação das comunidades e grupos de detentores também são pontos fundamentais desse trabalho, buscando identificar suas demandas e promover a atuação integrada entre municípios, estado e governo federal, focando na gestão compartilhada do Patrimônio Cultural”, acrescenta.
Cultura seringueira
No Acre, as Matrizes Tradicionais do Forró possuem formas de expressão próprias, desenvolvidas nos seringais a partir da tradição dos migrantes nordestinos, com a influência da musicalidade indígena da tríplice fronteira (Brasil, Peru e Bolívia). “O termo ‘baque’ é utilizado pelos indígenas e imigrantes nos seringais desde o início do século XX, designando determinado ritmo musical ou característica rítmica pessoal de um músico”, explica o musicólogo e coordenador do Instituto Baquemirim, Alexandre Anselmo.
De um modo geral, as Matrizes Tradicionais do Forró no Acre remetem à própria história do povoamento da região e à identidade dos indígenas e seringueiros, que deixaram um importante legado na cultura e identidade locais.
As práticas musicais recebidas do Norte e Nordeste mais conhecidas são o xote, a valsa, o xerém, a mazurca e o carimbó, juntamente com as práticas culturais como o forró, a marujada, o boi bumbá e a desfeiteira. Além dessas, também existem os baques de samba e a marcha, assim denominados pelos colonizadores, mas que apresentam em seus elementos a predominância da musicalidade dos povos pano, aruak e arawá.
Os detentores do baque são os artistas que antigamente animavam as festas nos seringais. Por décadas, músicas autorais foram compostas neste contexto, retratando a vida nas florestas e nos seringais acreanos. Os seringueiros também criaram instrumentos musicais únicos, confeccionados com o uso do látex na produção de peles para tambores, por exemplo.
“Este legado está em risco de se perder, pois muitos destes artistas são hoje idosos, e outros já faleceram sem que houvesse uma pesquisa mais abrangente sobre suas vidas e obras”, explica a antropóloga do Iphan-AC e coordenadora do projeto, Thaisa Yamauie. “Temos realizado pesquisas e registros com o intuito de promover a salvaguarda emergencial destas práticas musicais que integram as Matrizes Tradicionais do Forró”, acrescenta.
O projeto de produção audiovisual foi executado pelo Instituto Baquemirim e conta com recursos do Iphan, do Governo do Acre, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (Fem) e da Secretaria de Estado de Comunicação. Também recebe investimentos da Prefeitura Municipal de Tarauacá, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Salvaguarda
O Plano de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró no Acre envolve uma série de ações contínuas que visam a difusão e valorização do bem cultural no estado. Algumas delas são a realização de oficinas de Educação Patrimonial, produções audiovisuais, publicações e eventos. Outro aspecto importante é a mobilização social e alcance da política por meio do diálogo com detentores e municípios, estado e governo federal. Visando a promoção da gestão participativa, o Comitê Gestor da Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró no Acre também está no escopo do plano.
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Letícia Maciel -
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