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PATRIMÔNIO MUNDIAL
Memória da diáspora africana, Cais do Valongo (RJ) recebe nova sinalização e painéis expositivos
O Cais do Valongo está localizado na área conhecida como “Pequena África”, na região central do Rio. (Fotos: Moisés Sarraf/Iphan)
Sinalização, painéis expositivos, execução de mureta e substituição do guarda-corpo compõem a segunda fase do projeto de valorização do sítio arqueológico Cais do Valongo, no Rio de Janeiro (RJ), cujas obras foram entregues à comunidade nesta quinta-feira (23). Com a presença dos membros do Comitê Gestor do Cais do Valongo, que reúne representantes da sociedade civil e de instituições públicas, a cerimônia foi aberta com a lavagem ritual conduzida por Mãe Edelzuita, da comunidade religiosa de matriz africana do Rio. O Cais foi o principal porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas durante o século XIX, tornando-se atualmente local de memória sensível sobre a diáspora africana. Orçada em R$ 2 milhões, essa fase do projeto foi patrocinada pela empresa State Grid Brazil Holding, com financiamento do BNDES.
"A entrega da sinalização educativa, dos painéis e da obra de substituição do guarda-corpo fazem parte do trabalho de valorização do Cais do Valongo, um patrimônio cultural de grande importância para a memória da diáspora africana. Estamos muito empenhados no resgate e na promoção da cultura de matriz africana. E o Valongo é um bem cultural de grande importância nesse processo." Presidente do Iphan, Leandro Grass.
A cerimônia contou com a participação de autoridades do Governo Federal, do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.
O Cais do Valongo está localizado na área conhecida como “Pequena África”, na região central do Rio. Os vestígios do Cais foram revelados durante as obras do Porto Maravilha, em 2011, e cadastrados pelo Iphan como sítio arqueológico. Devido à sua reconhecida importância para a História e a memória da comunidade negra, em 2017 o sítio foi incluído na Lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O reconhecimento também remete ao valor universal excepcional do Cais sobre a violência representada pela escravidão, bem como de resistência, herança e contribuição das populações da África e seus descendentes à formação cultural, econômica e social do Brasil e das Américas.
Intitulado “Cais do Valongo: socialização e valorização do Sítio Arqueológico”, o projeto teve como finalidade realizar serviços de valorização do bem arqueológico, o que incluiu a instalação de sinalização, módulo expositivo e substituição do guarda-corpo existente. O módulo de sinalização segue o padrão da Unesco, compreendendo um conjunto de placas de sinalização e interpretativas, totens verticais e uma réplica tátil do sítio arqueológico. Já o módulo expositivo é composto por totens dupla face, com painel de introdução e um conjunto escultórico em aço corten representando a África. O novo guarda-corpo, por fim, é feito em aço galvanizado e corrimão em ecowood.
Edital Pequena África
Durante o evento, o BNDES o resultado do Edital Viva Pequena África, cujo vencedor foi o consórcio formado pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), o Instituto Feira Preta e o negócio de impacto social Diaspora Black. O certame tem como objetivo apoiar projetos culturais voltados para o fortalecimento de instituições e manifestações culturais que preservem e valorizem a memória e a herança de matriz africana na região da Pequena África, além da estruturação de uma rede de instituições e territórios voltados ao tema no Brasil. O consórcio deverá atuar de forma articulada na gestão de um fundo não reembolsável de R$ 20 milhões, sendo R$ 10 milhões do do Fundo Cultural do Banco e o restante a ser captado junto a doadores.
“O BNDES apoia o patrimônio cultural brasileiro há mais de 25 anos. Este trabalho vai além do restauro e da preservação da nossa história. Envolve também a geração de emprego e renda por meio do estímulo ao turismo e da atração de parcerias. As entregas que estão sendo feitas são estratégicas. Elas lançam as bases de uma transformação que irá valorizar a herança e a memória africanas com a participação de quem sempre esteve na região da Pequena África”, afirmou Mercadante.“Entregar esse projeto é colaborar para o fortalecimento da herança africana e chamar atenção para a violência praticada por mais de três séculos aos africanos que foram trazidos ao Brasil. Para além da entrega do espaço físico, nosso objetivo é levantar reflexões sobre o regime escravagista e suas consequências vivas até os dias de hoje”, disse o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), Ricardo Piquet, que atua na área do sítio. “Nós, do IDG, temos muito orgulho de todo trabalho realizado neste sítio, ao lado de apoiadores e parceiros tão relevantes e que foram essenciais em viabilizar essa entrega, como as instituições presentes no território e os órgãos governamentais. É um projeto realizado sem verba pública direta graças ao apoio dos financiadores”, completou.
Passo a passo do projeto
Toda a obra de revitalização contou com duas etapas: a primeira delas, iniciada em 2019, foi realizada em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos. O trabalho consistiu na execução de procedimentos de consolidação e conservação das materialidades do sítio arqueológico, sendo acompanhados por equipe de arqueologia. Além disso, também foi realizada limpeza do solo e contenção de erosões.
A segunda fase foi executada em parceria com a State Grid Brazil Holding, por meio de financiamento na linha de Investimento Social para Empresas, do BNDES. O IDG desenvolveu e implementou a instalação do guarda-corpo para proteção do sítio arqueológico e do próprio público, realizou a construção de nova mureta, a sinalização e a instalação do módulo expositivo. Já o projeto de iluminação do sítio histórico, que foi desenvolvido pelo IDG e implementado pela Prefeitura do Rio por meio da Rioluz/Smartluz, foi pensado para realçar traços arquitetônicos do sítio arqueológico e criar uma experiência visual, sem comprometer a integridade arqueológica do sítio.
“O projeto de valorização do Cais do Valongo está alinhado ao propósito da State Grid, que compartilha duas culturas e reconhece a importância de respeitar o valor histórico e cultural de um local que é Patrimônio Mundial. Por isso, em cada ação que tomamos aqui sempre tivemos o cuidado de contribuir com um bem que ficará de legado para toda a sociedade”, avaliou o diretor de Saúde, Segurança e Meio-Ambiente da State Grid Brazil Holding, Ricardo Felix. “Foi pensando nisso que compramos a ideia do projeto e, agora, com muito carinho e felizes com a conclusão das obras, reafirmamos a nossa vocação de apoiar a proteção da herança cultural e histórica do país”, acrescentou.
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