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PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO
Iphan inaugura sinalização de cemitério quilombola em Tocantins
Foto: Divulgação-Iphan - TO
Na última quarta-feira (27/03), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) inaugurou a sinalização do Sítio Arqueológico Campo Santo do Bom Jardim, em Tocantins. Os vestígios estão na Comunidade Quilombola de Rio Preto, entre os municípios de Lagoa do Tocantins e Novo Acordo. A inauguração fez parte de uma série de ações da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) do Estado do Tocantins, no âmbito do programa Aquilomba Tocantins.
Para a superintendente do Iphan no Tocantins, Cejane Pacini, a identificação e sinalização do sítio possibilitam à comunidade quilombola o direito aos seus lugares de memória e o direito à fruição da cultura. “Esta ação também permite despertar outros olhares para a diversidade cultural do Tocantins e valorizar os afrodescendentes que contribuíram para a formação do território tocantinense”, continua a superintendente.
Vida, morte e relação com o território
O antigo cemitério do Campo Santo funcionou por cerca de cem anos. A sepultura mais antiga identificada data de 1916, sendo provável, ainda, haver enterramentos mais antigos. Estima-se que o último sepultamento ocorreu em 2013. São vários os tipos de túmulos observados no cemitério, como o simples ajuntamento de pedras canga formando montículos, cercados de pedras, lápides de pedra aparelhada, cruzes de madeira fincadas no solo, entre outros.
Essa diversidade de tipos de túmulos, que provavelmente é reflexo das relações sociais da comunidade, faz o Campo Santo do Bom Jardim excepcional no contexto dos cemitérios rurais do Tocantins. Afinal, o mais comum é encontrarmos ajuntamentos de pedra canga marcando o local onde o indivíduo foi sepultado.
“Ao identificar e celebrar este patrimônio arqueológico, o Iphan e a Sepot colocam em prática sua missão institucional de proteger o Patrimônio Cultural dos povos e comunidades tradicionais”, afirma o arqueólogo do Instituto Rômulo Macedo.
De acordo com os quilombolas, os indivíduos eram enterrados no Campo Santo do Bom Jardim com a cabeça voltada para o oeste, ou seja, para o lado onde o sol se põe, uma clara alusão à vida que se finda. Nesse cemitério eram enterrados apenas aqueles com mais de nove anos de idade. Os indivíduos abaixo dessa idade - "os anjinhos, os inocentes" - são enterrados em outro local, no Campo dos Anjos.
Rita Lopes, liderança da Comunidade Quilombola Rio Preto, considera a identificação do sítio um marco importante para a preservação da memória de seus ancestrais. “No início dessa luta, o meu sentimento era de apagamento, porque estávamos sofrendo ataques, risco de morte e nossas memórias também estavam correndo risco de sumir. É importante ver que pelo menos as nossas memórias estão resguardadas”, disse.
Aquilomba Tocantins
Lançado na última semana, o Aquilomba Tocantins tem o objetivo de promover medidas intersetoriais para a garantia de direitos da população quilombola do estado. Envolve diversos órgãos do Poder Executivo Estadual e é coordenado pela Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais. Seus princípios incluem acesso à saúde e educação específicos para os quilombolas, proteção dos direitos territoriais, transversalidade de gênero e raça, respeito à autodeterminação e modos de vida tradicionais, entre outros.
O programa compreende ações em cinco eixos temáticos: gestão territorial, infraestrutura, comunicação, segurança, saúde e educação. Os objetivos incluem demarcação e gestão de territórios, segurança alimentar, fortalecimento da educação quilombola, acesso à saúde, proteção do patrimônio cultural, entre outros.
Assessoria de Comunicação Iphan
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