Notícias
PATRIMÔNIO IMATERIAL
Iphan-ES promove encontro para discutir salvaguarda da capoeira no estado
Detentores da capoeira e interessados estão convidados para o II Encontro para a discussão da salvaguarda da capoeira no Espírito Santo. Promovido pela Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no estado, o evento acontece neste sábado (1º/7), de 9h às 18h, no Miniauditório do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Ufes. Para participar, é necessário inscrever-se previamente por meio de formulário.
Durante o encontro, o Iphan-ES, vai apresentar as ações de salvaguarda desenvolvidas desde a primeira edição do evento, em 2019. Também serão relatados e avaliados os resultados dos Grupos de Trabalho. A programação contempla ainda uma discussão sobre a nova gestão da Federação de Capoeira do Espírito Santo (Fecaes), bem como a definição dos próximos encaminhamentos para a terceira edição do encontro.
A ação demonstra que os registros de bens imateriais com abrangência nacional implicam desdobramentos em organizações estaduais das bases sociais. Cada Superintendência mobiliza os detentores em seu território e organiza as ações em conformidade com suas especificidades.
"É fundamental a participação dos detentores do bem no evento, com toda a sua diversidade. Estamos em um processo de rearticulação das políticas públicas culturais no Brasil, após anos de desconstrução e negação da importância dos valores de nossa cultura popular transmitida de uma geração para a outra”, afirma o superintendente do Iphan-ES, Joubert Jantorno. A participação é, antes de tudo, consolidação de rearticulação dos setores populares responsáveis pela manutenção e prevalência de nossa rica cultura popular.
Inscrito no Livro de Registro dos Saberes do Iphan em 2008, o Ofício dos Mestres de Capoeira é exercido por detentores de conhecimentos tradicionais dessa manifestação. O saber da capoeira é transmitido de modo oral e gestual, de forma participativa e interativa, nas rodas, nas ruas e nas academias, assim como nas relações de sociabilidade construídas entre mestres e aprendizes. Esse bem depende da manutenção da cadeia de transmissão desses mestres para sua continuidade.
Já a Roda de Capoeira, reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro também em 2008, está inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão. É um elemento estruturante da manifestação cultural, por meio da qual se expressam simultaneamente o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o jogo, a brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana recriados no Brasil. Profundamente ritualizada, a roda de capoeira expressa uma visão de mundo, uma hierarquia e um código de ética que são compartilhados pelo grupo. Na roda, batizam-se os iniciantes, consagram-se os grandes mestres e são transmitidas práticas e valores afro-brasileiros.
Em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu a Roda de Capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Originada no século XVII, a capoeira desenvolveu-se como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos escravizados: estratégia para lidar com o controle e a violência. Hoje, é um dos maiores símbolos da identidade brasileira e está presente em todo território nacional, além de ser praticada em mais de 160 países, em todos os continentes.