Fazenda do século XVII será restaurada em Cabo Frio (RJ)

Nesta semana, iniciaram as obras da histórica Fazenda Campos Novos, em Cabo Frio (RJ). As intervenções são executadas pela Prefeitura de Cabo Frio, em parceria com a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf).  Com recursos de cerca de R$2,8 milhões, a iniciativa é fruto de emenda parlamentar (Projeto de Lei n.º 5.275/2021). Além de acompanhar as melhorias, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desenvolveu o diagnóstico e o projeto-básico do restauro, que foi complementado e orçado pela Prefeitura de Cabo Frio. 

As obras, que começaram esta semana com a descupinização, vão se estender até março de 2024. As intervenções englobam serviços básicos de acompanhamento e complementares, desmontagem e acondicionamento dos forros, serviços de manutenção e reparo nas alvenarias e sistemas estruturais, manutenção de argamassas e pintura, conservação dos barroteamentos e pisos, serviços de imunização, manutenção das esquadrias e manutenção dos telhados. Além do desenvolvimento de projetos de estrutura, elétrica, hidráulica, bombeiro e ar-condicionado. 

“Essas obras são fundamentais para garantir a salvaguarda da fazenda, que depois precisará de uma restauração mais completa para reestabelecer todos seus elementos compositivos. Essa é uma iniciativa muito bacana, fruto de uma mobilização conjunta de atores comprometidos com a preservação do Patrimônio Cultural. O Escritório Técnico do Iphan na Região do Lagos e Norte Fluminense, por meio de sua equipe de arquitetos, desenvolveu uma primeira etapa do material necessário à intervenção, viabilizando o início dos trabalhos. A ideia ainda é aproveitar a movimentação para realizar atividades de educação patrimonial, abrindo as portas para a comunidade local”, explica a chefe do Escritório Técnico do Iphan na Região dos Lagos e Norte Fluminense, Carina Mendes. 

FAZENDA CAMPOS NOVOS 

Fundada em 1690 pela Companhia de Jesus, a Fazenda Campos Novos foi essencial para a formação da cidade de Cabo Frio entre os séculos XVII e XVIII. Na época, era o principal complexo agrícola de toda a região do litoral fluminense. Construída sob um sambaqui, a Fazenda se estende por 184 hectares, em uma área de rara riqueza ambiental, pré-histórica e histórica. O prédio da fazenda é uma das poucas construções jesuíticas ainda de pé no território brasileiro. 

Integram o complexo da fazenda uma casa-grande, a igreja de Santo Inácio e um cemitério. Uma característica importante do projeto é a edificação da igreja, integrada com a casa-grande, o que permitia acesso exclusivo às missas através de uma espécie de púlpito lateral, com ligação direta aos aposentos internos da casa. 

Após a fundação das cidades de Cabo Frio, em 1615, e da Aldeia de Índios de São Pedro, em 1617, os jesuítas receberam, em 1623, duas grandes doações de terras na região, as sesmarias do Rio Una e de Búzios. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, a fazenda passou às mãos de diversos proprietários e sofreu intervenções que não comprometem a preservação de seus traços. A Prefeitura de Cabo Frio desapropriou a propriedade no ano de 1993 e lá instalou a sede da Secretaria Municipal de Agricultura. 

Visitantes célebres já se hospedaram na propriedade, como D. Pedro II, Princesa Isabel e Conde D’eu, Príncipe Maximiliano, Saint-Hilaire, John Luccock, entre outros. Em 1832, a Fazenda recebeu Charles Darwin, durante sua viagem ao norte fluminense, de 8 a 24 de abril daquele ano. 

O singular conjunto arquitetônico foi tombado em 2011 pelo Iphan, autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura. O monumento foi inscrito em três Livros do Tombo: Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Histórico; e das Belas Artes.  

Com informações da Prefeitura de Cabo Frio