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SALVAGUARDA
Encontros online vão apresentar o mapeamento da capoeira em Alagoas
Registro anterior à pandemia mostra Roda de Capoeira em Alagoas. Crédito: Paula Fernandes.
Com abrangência nacional, a Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira estão presentes em todo o país. O estado de Alagoas (AL) não é uma exceção à regra. Por lá, este bem cultural se distribui pelas três regiões alagoanas: Leste, Agreste e Sertão. As informações sobre a prática nestes locais foram colhidas e aprofundadas pela superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no estado. Os resultados serão apresentados a partir desta segunda-feira, 19 de abril, às 19h, em evento online.
O evento faz parte de uma série de encontros virtuais, que ocorrem entre abril e agosto de 2021, apresentando dados a serem compartilhados e discutidos com detentores da capoeira. No encontro desta segunda, o foco recai sobre a região do Sertão Alagoano. Para participar basta entrar na sala virtual (link) que sedia o evento. As discussões iniciais serão comandadas por detentores representantes do Conselho Estadual de Mestres de Capoeira de Alagoas (CEMCAL), da Federação Alagoana de Capoeira (FALC) e da Federação de Capoeira do Estado de Alagoas (FECEAL).
Na sequência, o servidor do Instituto Maicon Marcante apresenta os resultados da pesquisa. O Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, promove o mapeamento de grupos e capoeiristas como uma das ações de salvaguarda do bem, conforme a portaria n° 299, de julho de 2015.
Após a apresentação, a fala será aberta para todos os detentores que queiram contribuir com os debates. A apresentação e discussão do mapeamento junto aos próprios detentores é uma forma de dar o devido retorno para a sociedade dos resultados desta ação realizada pelo Iphan. O encontro será encerrado com discussões mais gerais sobre as próximas ações do processo de Salvaguarda da Capoeira em Alagoas.
Em sintonia com as medidas para enfrentamento da Covid-19, os encontros acontecem exclusivamente no ambiente online. Ao final do ciclo de eventos voltados para regiões específicas, uma reunião com escopo estadual encerra os trabalhos. Com participação aberta a quem se interessar, o objetivo é fomentar discussões mais amplas visando às próximas ações de salvaguarda.
Tanto a programação quanto a previsão de datas para os eventos que sucedem o encontro inicial ainda não foram fechadas, pois serão definidas de acordo com a disponibilidade dos detentores.
A Roda de Capoeira foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão do Iphan, em outubro 2008. Na mesma data, registrou-se o Ofício dos Mestres de Capoeira no Livro de Registro dos Saberes.
De forma participativa, o saber da capoeira é transmitido de modo oral e gestual nas rodas, ruas e academias, assim como nas relações de sociabilidade e familiaridade construídas entre mestres e aprendizes. Além do Brasil, esta manifestação cultural se encontra em mais de 150 países, com variações regionais e locais criadas a partir de suas “modalidades” mais conhecidas: as chamadas “capoeira angola” e “capoeira regional”.
Já a Roda de Capoeira consiste em um elemento do bem em que se expressam simultaneamente o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o jogo, a brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana – notadamente banto – recriados no Brasil. Profundamente ritualizada, congrega cantigas e movimentos que expressam visão de mundo, hierarquia e código de ética compartilhados pelo grupo.
Em 2014, a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda reconheceu a Roda de Capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A chancela da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) valoriza este bem, que consiste em um dos principais símbolos da cultura brasileira.