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PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO
Em Tocantins, cemitério quilombola pode virar sítio arqueológico
Em meio ao pasto de terra batida, capim e cabeças de gado, a comunidade quilombola do Rio Preto, em Lagoa do Tocantins (TO), guarda a memória de seu povo em túmulos e lápides do cemitério Campo Santo do Bom Jardim. Solicitado pela Secretaria de Povos Originários e Tradicionais do Estado do Tocantins, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vistoriou o local, que agora se encontra em processo de cadastro como sítio arqueológico no Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão (SICG).
De acordo com o arqueólogo do Iphan-TO, Rômulo Negreiros, o cemitério quilombola foi utilizado pela comunidade ao longo de todo o século XX, sendo 1919 a mais antiga data até então identificada. “Além de ser um local de referência à memória do Quilombo do Rio Preto, uma comunidade secular, o Campo Santo do Bom Jardim possui uma variedade de tipos de túmulos que o faz excepcional no contexto dos cemitérios rurais de Tocantins”, explicou Rômulo. “Há possibilidade de haver enterramentos ainda mais antigos. Por tudo isso, é relevante e necessário o reconhecimento do Campo Santo do Bom Jardim como sítio arqueológico histórico”, completou o arqueólogo.
Na primeira visita ao cemitério Campo Santo, no dia 16 de outubro de 2023, a equipe do Iphan-TO dialogou com a comunidade, que relatou haver pessoas enterradas há mais de 100 anos no local. “Meus avós foram enterrados lá”, informou o senhor Alfredo Pereira da Silva, 82 anos.
Para evitar danos e demolições decorrentes do pisoteio de gado, os quilombolas cercaram o cemitério com pedras emparelhadas e cercas. Técnicos do Iphan identificaram um desmatamento no entorno da área e ocorrência de queimadas.
Na segunda visita ao local, o Iphan realizou o georreferenciamento do Campo Santo, levantamento fotográfico e registro preliminar da história e da tradição oral da comunidade. O processo visa definir forma, dimensão e localização exata do cemitério.
Além do Campo Santo, há o "Campo dos Anjos", local onde crianças de até nove anos são enterradas. Os anciãos relatam que se trata de um local de muita estima e que precisa ser protegido. Os moradores da comunidade Rio Preto também expressaram preocupação de perder o cemitério, localizado em propriedade particular.
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