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PREMIAÇÃO
Divulgados vencedores do Prêmio Sílvio Romero de 2022
O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/Iphan) divulgou o resultado do Prêmio Sílvio Romero de Monografias de Folclore e Cultura Popular deste ano. Foram 37 trabalhos analisados no campo da cultura popular. O 1º colocado é uma dissertação sobre a relação entre artesanato e capitalismo no povoado alagoano de Ilha do Ferro; já o 2º lugar reconhece uma tese de doutorado que investigou o legado do Pai de Santo e artista Joãozinho da Gomeia. Os vencedores receberão, respectivamente, R$25 mil e R$20 mil.
Foram ainda conferidas três menções honrosas. Na análise, considerou-se a contribuição ao aprofundamento e à renovação dos estudos de folclore e cultura popular. Também foram utilizados como critério a originalidade do tema e/ou abordagem; o domínio de bibliografia especializada; a consistência na argumentação e clareza na apresentação dos resultados. Foram levados em conta, ainda, a fundamentação teórica, o quadro de referência conceitual e metodologia empregada; bem como o desenvolvimento do trabalho com base em pesquisa de campo e/ou bibliográfica.
Conheça, abaixo, os trabalhos vencedores:
1º prêmio: O Circuito das Artes Populares no Brasil: o caso do povoado Ilha do Ferro (AL), de Artur André Lins. Dissertação de mestrado defendida sob o título original "Artesanato e Capitalismo: o caso da Ilha do Ferro (Alagoas)", na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – Departamento de Sociologia, sob orientação do Profº Michel Nicolau Netto, em 10 de dezembro de 2021.
Resumo: A pesquisa tematiza a requalificação, reclassificação e reposicionamento das artes populares no mundo social contemporâneo. O objetivo é investigar as dinâmicas socioeconômicas e simbólicas de um circuito de bens culturais específico, um circuito de objetos plásticos que são classificados como “Arte Popular” e “artesanato tradicional”. O problema consiste na compreensão do processo de assimilação das artes populares ao sistema de arte-cultura (mundo da arte) e ao sistema de mercado (esfera econômica) contemporâneos. Assim, o pesquisador elegeu a formação de um polo artístico-artesanal no povoado sertanejo Ilha do Ferro (Alagoas) como um estudo de caso para compreender o funcionamento desse circuito das artes populares no Brasil. Nesse sentido, foram observadas a produção dos artistas-artesãos, a função dos intermediários, a legitimação e a circulação dos objetos.
2º prêmio: Entre ausências e presenças, enredamentos com a vida de Joãozinho da Gomeia em Duque de Caxias, de Adriana Batalha dos Santos. Tese de doutorado defendida sob o título original “’Pandeiro não quer que eu sambe aqui/ Viola não quer que eu vá embora’: Entre ausências e presenças, enredamentos com a vida de Joãozinho da Gomeia em Duque de Caxias”, no Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), sob orientação da Profª Lygia Baptista Segala Pauletto, em 30 de outubro de 2020.
Resumo: A tese procurou seguir fluxos culturais que ligam indivíduos, redes sociais, instituições e poder público a legados religioso, artístico e político do pai de santo e artista Joãozinho da Gomeia. A pesquisa procurou limitar a identificação desses fluxos ao município de Duque de Caxias (RJ), para onde o baiano João Alves Torres Filho migrou no final da década de 1940 e comandou, até sua morte em 1971, seu “Terreiro da Gomeia”, criado em Salvador (BA). No entanto, os próprios fluxos transbordaram os limites que a pesquisadora tentou estabelecer. Logo, ela procurou seguir linhas que os pontos identificados de produção desses fluxos desenhavam. Nesse desenho, provisórias alianças e disputas enredam empreendedores da memória de Joãozinho da Gomeia a rastros materiais, simbólicos e encantados da presença de múltiplas “Gomeias” e “Joões”, acionando lutas patrimoniais e processos de reconhecimento social.
1ª menção honrosa: LEZÔ, LEZÁ, VAMÔ VADIÁ, NESTA LEZEIRA! - Ancestralidade e simbolismo na dança da Lezeira do sertão do Piauí, de Eduardo Pontin Ferreira de Araújo, apresentada sob o título original “A importância da Lezeira para a Cultura Popular” no Encontro de Cultura Regional do centro-sul do Piauí, da Academia Florestense de Cultura Popular.
Resumo: A Lezeira é um tipo de dança de roda de adultos que possivelmente seja o maior repositório de quadras populares ancestrais conservadas no Brasil atual. Música e dança existentes desde ao menos 1870, é ainda hoje cultivada por lavradores e lavradoras nos mais recônditos rincões do sertão do Piauí. Por essa razão, permanece desconhecida até mesmo dos próprios piauienses que residem fora da região centro-sul, onde é mais fortemente praticada. O trabalho visa descrever o valor simbólico e ancestral que a Lezeira exerce perante os seus participantes, como também documentar o seu ritual, quadro social, dança, cancioneiro e cantadores. A intenção não é retirar a Lezeira de seu lugar de origem, mas jogar luz a esta manifestação cultural para que o maior número de pessoas possa conhecer a sua riqueza escondida no coração do sertão do Piauí.
2ª menção honrosa: “Cantar os Reis”: Sistemas de Cantoria e Localidade, de Priscila Maria Ribeiro Buzzi, defendida sob o título original “Cantar os Reis”: Sistemas de Cantoria e Localidade, na Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP), sob orientação da Profa. Dra. Flávia Camargo Toni, em 01 de junho de 2022.
Resumo: Na tese, a pesquisadora investiga como a cantoria de Reis da centenária Folia dos Prudêncios, grupo da cidade de Cajuru (SP) e os chamados sistemas de cantoria mostram como espaço, local e localidade são elementos importantes de compreensão para se pensar como tal música é produzida e entendida por todos que dela participam ao considerar as relações estabelecidas. A técnica é um dos elementos importantes dessa construção, embora não possa se furtar a reflexões ontológicas da Geografia. O processo de investigação parte da perspectiva da pesquisadora foliã, que ocupa esses dois papéis, sendo que atua na olia desde a infância. Considerando a autoetnografia como um dos métodos do trabalho, procura, através da análise do repertório transcrito, que totaliza 50 toadas diferentes (melodias cantadas pela Folia), compreender como o repertório da Folia atua como mecanismo de identidade do grupo.
3ª menção honrosa: Luta, de Amalle Catarina Ribeiro Pereira, tese de doutorado defendida sob o título original “VIDA DE GADO: vaqueiros entre a lida e a palavra em Serrita (PE)”, na Universidade de Brasília – (UnB), sob orientação de João Miguel M. Sautchuk, em 22 de novembro de 2021.
Resumo: A etnografia pretende compreender o processo relacional e prático de elaboração da pessoa do vaqueiro em sua luta. “Luta” é como vaqueiros chamam fazeres em que estão engajados com outros humanos e com animais, a caatinga, instrumentos de couro, lugares, tempos e palavras. Em torno da luta gravitam preceitos de virilidade que valoram vaqueiros, a partir do que são capazes de fazer. Portanto, a análise da luta compreende o estudo de práticas e valores. O exercício etnográfico de aproximação e contraste se deu por meio da linguagem fotográfica; por meio do engajamento da pesquisadora em seus fazeres, como aprendiz; e de uma apreciação das músicas e do aboio – manifestação poética de aboiadores que cantam a vaqueirice. A escrita dos capítulos é contextualizada pelas relações que vaqueiros estabelecem no âmbito de suas vivências, na luta, na pega de boi e na Missa do vaqueiro, em especial na cidade de Serrita (PE).
Membros da Comissão de Seleção:
ANDREA CIACCHI, doutor em Estudos Ibéricos na Universidade de Bolonha, é professor titular no Programa Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos Latino Americanos e do Programa de Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila); JÚLIO CÉSAR SUZUKI, doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), é livre docente em Fundamentos Políticos, Sociais e Econômicos da Geografia e professor Associado do Programa de Pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Integração da América Latina (Prolam) da Universidade de São Paulo; MICHELLE PATRÍCIA PAULISTA DA ROCHA, doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é pesquisadora do Núcleo Câmara Cascudo de estudos norte-rio-grandenses (NCCEN); IAPERI SOARES DE ARAÚJO, médico, desenhista, gravador, escritor, poeta, e crítico de arte, é fundador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, presidiu a Associação Brasileira de Medicina Popular, é membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras e dos Institutos Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e de Goiás, além de presidir a Comissão Norte-rio-grandense do Folclore; DALIANA CASCUDO ROBERTI LEITE, psicóloga, foi diretora do Memorial Câmara Cascudo, em Natal (RN), é presidente e sócia fundadora da Instituto Câmara Cascudo (Ludovicus), em Natal (RN); LUIZ CÉSAR DOS SANTOS BAÍA, doutor em Museologia e Patrimônio pelo Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio (PPG-Pmus), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Museu de Astronomia (Unirio/Mast), é pesquisador do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPI/Iphan).
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