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ARQUEOLOGIA
Descobertos novos sítios arqueológicos em Anajás (PA)
Os novos sítios foram catalogados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), mantido pelo Iphan. (Foto: Ouripson Félix)
Quatro novos sítios arqueológicos foram identificados no município de Anajás (PA), no arquipélago do Marajó. Dois deles estão localizados na comunidade da Pedra e os outros dois na comunidade Laranjal. As descobertas resultaram de ação conjunta de pesquisadores e técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Após a recente seca na região do Alto Rio Anajás, a comunidade acionou o Ministério Público do Estado do Pará e demais órgãos para que fosse analisado o estado de conservação dos artefatos de cerâmica indígena marajoara que ficaram expostos.
Conforme determina a legislação brasileira, os novos sítios foram catalogados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), mantido pelo Iphan. O trabalho de identificação e cadastro contou com uma equipe formada pelos arqueólogos do Iphan no Pará, Carlos Barbosa e Denise Rosário de Carvalho; pela pesquisadora do Museu Goeldi, Helena Pinto Lima e os técnicos Erêndira Oliveira, Nilson Borges e Chayenne Furtado, também do Museu Goeldi. Participaram, ainda, os técnicos do Plano Diretor do município, Rossimar Soares e Ouripson Félix.
Durante a vistoria emergencial em Anajás também foi averiguado o grau de vulnerabilidade dos sítios arqueológicos. As informações coletadas permitiram identificar riscos relacionados a fenômenos naturais, como a dinâmica de secas e cheias que têm se tornado mais intensas, assim como o impacto do grande tráfego de embarcações na área, o que contribui para processos erosivos.
“O risco hoje é perder as informações que ainda existem nesses sítios devido à dinâmica erosiva do rio intensificada pelas mudanças climáticas. Na curva do rio, um dos cemitérios indígenas está sendo exposto e levado pela força das águas”, alerta o arqueólogo do Iphan-PA, Carlos Barbosa, que defende a expansão dos estudos no local.
“Isso torna necessário que medidas sejam tomadas em direção à pesquisa científica. O potencial arqueológico observado durante a vistoria técnica dessa área está fora da região anteriormente pesquisada e, considerando as tecnologias de hoje, é uma região que merece atenção”, afirma.
De acordo com a equipe, há um grande interesse da comunidade em fortalecer o conhecimento sobre a memória e os povos indígenas da região, o que contribui para a preservação do Patrimônio Arqueológico. Desse modo, as instituições reforçam que qualquer descoberta do tipo deve ser comunicada ao Iphan e que não é recomendado coletar vestígios sem acompanhamento profissional.
A cerâmica marajoara é representativa da complexidade social na Amazônia e tem sido pesquisada desde o século XIX, especialmente na região chamada “Marajó dos Campos”, com grande área de planícies alagadas. Estima-se que a região já era habitada há cerca de 3.500 anos, por grupos cujas principais atividades eram a caça, a pesca e o cultivo da mandioca; e que também produziam cerâmica de uso principalmente doméstico, além do manejo ecológico dos recursos naturais expressos nos tesos, por exemplo.
“Os novos achados são importantes para a arqueologia amazônica. Encontramos nesta breve visita um padrão de ocorrência de tesos (aterros construídos pelos povos do Marajó) que aparentemente se replica ao longo do Anajás e outras regiões a leste do Marajó. Talvez aqui estejamos no que foi o início da organização regional de uma sociedade com altíssimo conhecimento do ambiente, que criou e replicou sistemas de assentamentos altamente interconectados. Trata-se de um verdadeiro urbanismo amazônico muito antigo”, explica a pesquisadora do Museu Goeldi, Helena Lima.
“As pessoas com quem estivemos, na cidade e nas comunidades, mostraram interesse em conhecer mais e também em preservar os achados, o que é um excelente indicativo. Houve até manifestação em relação ao desejo de terem um museu em Anajás, onde esses achados pudessem ser informados ao público”, complementa a pesquisadora.
Fonte: Agência Museu Goeldi
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