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Crânios humanos são descobertos em sítio arqueológico em Serranópolis (GO)
Crânios encontrados em Sítio Arqueológico em Serranópolis (GO). Fotos: Acervo Projeto Serranópolis
O município de Serranópolis (GO) continua a surpreender pesquisadores que exploram a região. Durante uma ação de escavação arqueológica no local, por meio do projeto de pesquisa Escavação do Sítio Arqueológico Serranópolis Goiás: Novas Perspectivas , foi identificada uma estrutura funerária com dez crânios humanos no sítio arqueológico denominado GO-Ja-02, complexo do Diogo.
As atividades , iniciadas em 2020 , estão na quarta etapa e são coordenadas pelos pesquisadores Julio Cezar Rubin de Rubin e Rosiclér Theodoro da Silva, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) . O projeto de pesquisa possui a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio da Superintendência de Goiás e do Centro Nacional de Arqueologia (CNA).
Segundo o geoarqueólogo da PUC Goiás, Julio Cezar Rubin de Rubin, a estrutura funerária possui uma datação relativa de 3 a 4 mil anos e está muito bem conservada. “ Os novos achados confirmam o potencial arqueológico da região e abre m novas perspectivas quanto aos estudos relacionados com a formação e ocupação do sítio”, destaca.
A referência cronológica dos artefatos encontrados é a sequência de camadas de solo datadas n o sítio, em que as mais profundas são de aproximadamente 11 mil anos . De acordo com os pesquisadores, o sítio GO-Ja-02 foi selecionado para a pesquisa não apenas por apresentar bom estado de conservação, mas por representar um contexto de ocupação de alto potencial arqueológico.
As pesquisas no sítio buscam uma correlação com os resultados das primeiras investigações desenvolvidas nas décadas de 1970 e 1980 . Também contribuem com os estudos a bioarqueol ogia , que trata da reconstrução do passado por meio do estudo de remanescentes biológicos humanos recuperados em contextos arqueológicos.
A ação no local faz parte da retomada das pesquisas arqueológicas na região, iniciadas ainda na década de 1970 sob as coordenações dos arqueólogos Prof. Dr. Pedro Ignácio Schmitz e do Prof. Dr. Altair Sales Barbosa. “ Na etapa em que estamos , a escavação é realizada em uma área de 17m 2 com aproximadamente 1,70 m de profundidade. As escavações continuam, portanto, ainda é muito prematuro qualquer interpretação dos vestígios”, apontam os pesquisadores Júlio e Rosiclér .
Os resultados do projeto irão contribuir com as discussões científicas relacionadas com a ocupação humana no Planalto Central Brasileiro e , consequentemente , no Brasil e na América do Sul. Em uma perspectiva regional, as pesquisas traçam possíveis relações culturais e espaciais entre os antigos habitantes do sítio GO-Ja-02 e os demais sítios existentes em Serranópolis. O projeto envolve pesquisadores do Iphan, da P UC Goiás, Universidade Federal de Goiás, Campus de Jataí , Universidade de Brasília (UnB) , além de u niversidades do exterior, como a de Paris (França), Universidade Tecnológica de Pereira (Colômbia), Universidade Central da Província de Buenos Aires (Argentina) e do Museu Nacional de História Natural (França) .
As pesquisas possuem duração até 2023 e são financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela PUC Goiás.
Reconhecidos como parte integrante do Patrimônio Cultural Brasileiro pela Constituição Federal, os bens de natureza material de valor arqueológico são protegidos e considerados bens patrimoniais da União.
Para o s arqueólogo s do Iphan-GO, Danilo Curado e Hellen Carvalho, as pesquisas na região de Serranópolis ratificam a importância da existência do próprio Iphan, como órgão gestor do patrimônio arqueológico. "Sem a devida política de gestão dos sítios, estes se perderiam devido aos impactos decorrentes dos empreendimentos e do próprio desenvolvimento econômico”, salienta m .
A realização de nova pesquisa no sítio é de extrema importância para a arqueologia em Goiás. "Já se passaram 50 anos desde as pesquisas iniciais no sítio . H oje , novas tecnologias e recursos nos auxiliam a obter dados atualizados sobre o solo de ocupação, o DNA dos indivíduos que habitaram a região e , com isso , teremos muito mais informações sobre nossos antepassados", complementa m os arqueólogos do Iphan-GO.
O superintendente do Iphan-GO, Allyson Cabral, enfatiza que os vestígios coletados em campo poderão fomentar vários outros projetos locais . “Para o incentivo de mais pesquisas em Serranópolis, o Iphan-GO também tem estudado a destinação de recursos provenientes de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), de modo a gerar mais visibilidade científica para a região”, ressaltou.
Apresentação da pesquisa para os moradores
Para inteirar os moradores de Serranópolis sobre os trabalhos realizados no município, no último dia 26 de agosto, os pesquisadores , juntamente com arqueólogos do Iphan-GO, apresentaram à comunidade local os últimos achados arqueológicos identificados no sítio. “A nossa ideia foi aproximar a população dessas descobertas e valorizar o sítio, destacando as riquezas arqueológicas ali existentes”, conta Júlio.
O complexo arqueológico de Serranópolis é um dos mais importantes e completos dentre os conjuntos de sítios arqueológicos do Brasil. São mais de 30 sítios com ocupações de populações caçadores-coletoras e agricultores-ceramistas que remontam a uma cronologia bastante antiga na região. O município é referência na história do povoamento do cerrado brasileiro, tanto por sua importância científica, relacionada à ocupação do território goiano, quanto por sua beleza cênica. As pesquisas no local revelam datações que recuam o início da ocupação na região há aproximadamente 11 mil anos .
“Esses sítios , com grandes paredões que apresentam manifestações em arte rupestres (pinturas e gravuras) , são patrimônios e monumentos singulares, de valor inestimável, que trazem representações da vida humana em tempos remotos”, salientou Allyson Cabral.
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