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PATRIMÔNIO EDIFICADO
Conjunto da Estação Júlio Prestes (SP) recebe tombamento definitivo do Iphan
Estação Júlio Prestes (SP) é tombada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Foto: Carolina Padua/Arquivo Iphan-SP
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura, tombou de forma definitiva o conjunto da estação ferroviária Júlio Prestes, em São Paulo (SP). O conjunto inclui a Gare, o Prédio da Estação e o Prédio da Administração. O tombamento foi decidido por unanimidade na 103ª reunião ordinária do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada nessa quarta-feira (28/2), após análise técnica dos conselheiros. O órgão colegiado é a instância de decisão máxima do Iphan para as questões relativas ao patrimônio brasileiro material e imaterial.
A Estação Júlio Prestes, projeto de Christiano Stockler das Neves, de 1925, foi inaugurada em 1930. O edifício é um dos mais significativos testemunhos das realizações da Companhia Estrada de Ferro Sorocabana, fundada em 1875 com o objetivo de ligar a região de Sorocaba a São Paulo. A companhia contribuiu não apenas com o desenvolvimento ferroviário do estado de São Paulo, mas também ajudou a integrar os estados do Sul e da região Centro-Oeste.
O tombamento da Estação Júlio Prestes foi solicitado em 1997 pelo então secretário estadual de Cultura, Marcos Mendonça. O tombamento provisório foi concedido em outubro de 2022. Destacando-se como um exemplar de estações modernas, o conjunto edificado da Estação Júlio Prestes tem como referência os padrões norte-americanos, contrastando com aqueles oriundos das instalações pioneiras de tradição britânica. O bem representa uma época em que o transporte ferroviário de passageiros era a principal forma de locomoção de longa distância.
O Conjunto da Estação Júlio Prestes foi inscrito no Livro do Tombo de Belas Artes, por ser uma construção monumental, exemplo máximo de uma determinada arquitetura do período. Também foi inscrito no Livro do Tombo Histórico, como a materialização de uma forma de pensar a questão econômica, com intervencionismo estatal, que fugia dos padrões do liberalismo clássico, o que era uma novidade na forma de pensar da década de 1920 no Brasil.
A conselheira Nádia Somekh, professora emérita da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, responsável pelo parecer técnico sobre o tombamento do bem, destaca em sua avaliação um estudo realizado pelo Iphan que identifica a Estação Júlio Prestes como “bem cultural de alto valor, que tem sido mantido e atualizado de maneira atenta e cuidadosa, demonstrando de forma inequívoca a sustentabilidade de sua conservação”.
Sobre a importância de se identificar e reconhecer o patrimônio, Somekh ressalta também a necessidade de valorização: "como é que a gente trata o nosso patrimônio?". Em seu parecer, a conselheira defende que a valorização do bem “depende efetivamente de uma ação urbanística, que não só traga recursos para a proteção efetiva, mas possa equacionar os graves problemas sociais existente em toda a região da Luz”, parte do distrito do Bom Retiro, na região central da capital paulista.
Desde 1999, a Estação Júlio Preste abriga a Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e do Coro da Osesp. A sala agrega valor arquitetônico, cultural e artístico ao bem, reintroduzindo o edifício no circuito da vida social e cultural da cidade.
A estação também é utilizada para transporte público e atualmente serve aos trens da Linha 8 do Trem Metropolitano de São Paulo, com destino à estação de Itapevi. Além disso, o edifício abriga a sede da Secretaria de Cultura de São Paulo.
Proteção
Com o tombamento definitivo, o conjunto tem proteção federal, por meio do Iphan, contra quaisquer tipos de destruição, demolição ou mutilação. O bem também não pode sofrer qualquer tipo de restauração ou modificação sem a prévia autorização do Instituto, nos termos do Decreto-Lei nº 25 de 30 de novembro de 1937.
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