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Começa restauro do campo de futebol histórico da Vila de Paranapiacaba (SP)
A Vila foi inscrita em 2008 no Livro do Tombo Histórico do Iphan. Créditos das imagens: Victor Hugo Mori
Casas de madeira com jardim, ruas planejadas e paisagens montanhosas cobertas de vegetação compõem o cenário da Vila de Paranapiacaba, localizada no município de Santo André (SP). A vila histórica apresenta traços do estilo inglês vitoriano, vestígios de quando o trem trazia consigo o crescimento econômico para os locais por onde passava. A região abrigou a ocupação inglesa na Serra do Mar para construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí, no final do século XIX. Entre os vestígios dessa época, destaca-se um dos primeiros campos de futebol do país.
Para valorizar este monumento, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo e à Secretaria Especial da Cultura, vai investir aproximadamente R$ 3,9 milhões em obras de restauração. A verba é proveniente do Programa de preservação de Cidades Históricas. O escopo das intervenções contempla a recuperação do campo e da arquibancada; também serão construídos novos vestiários, sanitários públicos, mirante e muros de contenção. Os trabalhos estão previstos para se estender até o final de março de 2022.
Ponto de socialização para os ferroviários que habitavam a Vila, o campo sediou algumas das primeiras partidas de futebol realizadas no Brasil. Acredita-se, inclusive, que o ex-ferroviário Charles Miller, considerado o precursor do esporte no país, tenha participado dos jogos inaugurais.
Este bem cultural integra o conjunto urbano tombado da Vila Ferroviária de Paranapiacaba, inscrita em 2008 no Livro do Tombo Histórico do Iphan. Berço do Serrano Atlético Clube, o campo de futebol recebe o nome desse time. Ocorreram ali vários jogos considerados antológicos entre times paulistas, como Corinthians e Santos. Criado em 1903, o Serrano era formado por ferroviários e pioneiro em toda a região do ABC paulista. Quando o clube abandonou o profissional, em 1935, o campo passou a sediar apenas partidas amadoras.
Apesar das mudanças, uma característica permanece constante: a vocação para ser um dos principais espaços de lazer dos moradores da região. Após o restauro, o campo será destinado a sua função original, voltada às atividades esportivas. Deste modo, o monumento tanto vai atender os cerca de 700 habitantes da Vila, quanto receberá os 200 mil turistas que visitam Paranapiacaba por ano, aproximadamente.
“Com o investimento do Iphan o campo se consolida como um ponto turístico incontornável em uma região que já cativa os visitantes. Restaurado, o campo tende a atrair ainda mais turistas, de modo a fortalecer a economia da Vila de Paranapiacaba, gerando emprego e renda para a população local”, analisa a presidente do Iphan, Larissa Peixoto.
A Vila de Paranapiacaba
A origem da Vila remonta a antigos povos indígenas. Na língua tupi-guarani “Paranapiacaba” significa “de onde se vê o mar”, pois era essa visão que se tinha ao atravessar a região rumo ao planalto. Posteriormente, a empresa inglesa São Paulo Railway foi contratada pela União para desenvolver o transporte ferroviário do café no local. Iniciada no Rio de Janeiro, a produção de café se espalhou pelo Vale do Rio Paraíba e, depois, fincou-se no oeste paulista.
Em 1856, a então recém-criada São Paulo Railway Co. recebeu, por decreto imperial, a concessão para construir e explorar a ferrovia por 90 anos. No mesmo caminho íngreme utilizado pelos indígenas, foi inaugurada a atual Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em 1867. Inicialmente um acampamento de operários, transformou-se na Estação Alto da Serra para realizar a manutenção do sistema. A localização estratégica viabilizou que se tornasse o principal meio de escoamento rápido via porto de Santos, em direção aos mercados da Europa.
Paranapiacaba é tombada pelos órgãos de preservação do Patrimônio Cultural das instâncias federal, estadual e municipal. Constitui um dos únicos exemplares brasileiros de núcleo urbano planejado com uso especializado, no caso, como Vila Ferroviária.
O vai e vem do trem, a neblina frequente, as casas de madeira hierarquicamente distribuídas por ruas planejadas, o colorido das construções da parte alta, bem como o relógio que orientava o ritmo das atividades consistem em vestígios que deslocam quem caminha pela Vila para outros tempos. Investimentos na memória do local podem abrir caminho para conciliar passado e presente, de modo a adotar a herança histórica como via para pavimentar o caminho para o futuro.
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Daniela Reis -
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