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PRÊMIO RODRIGO 2021
Com quase 200 anos, o Theatro Sete de Abril adentra o tempo das lives com arte e história
Canteiro Aberto EnCena – Theatro Sete de Abril (Foto: Divulgação).
Com 188 anos de existência, o Theatro Sete de Abril, único teatro público de Pelotas (RS), teve de enfrentar um difícil episódio de sua história. A casa que havia recebido companhias de espetáculo nacionais e internacionais estava fechada por conta de seu estado de conservação. As portas passaram a ser reabertas com o início do projeto de restauro, em 2019 – um investimento de R$ 6 milhões. Mas, ainda na primeira fase da obra, veio a pandemia de Covid-19, que ameaçou o andamento das intervenções. Mas, diante de um contexto desfavorável, uma solução criativa impediu definitivamente que o teatro deixasse do lado de fora o público.
A construtora Biapó, responsável pela obra de restauro, há décadas vem realizando intervenções em edificações tombadas como Patrimônio Cultural. Frente às especificidades desse tipo de edificação, a construtora viu a necessidade de que seus funcionários se inteirassem sobre os prédios em que estavam atuando, e daí vieram ações de educação patrimonial. Em 1999, durante o restauro da Igreja Matriz de Pirenópolis (GO), surgiu a ideia: convidar a população para visitar as obras e promover espetáculos musicais. Com cuidados de segurança, isolamento de áreas perigosas e uma exposição sobre o histórico da igreja, o projeto “Tocando a obra” recebeu milhares de moradores e turistas, que conheceram a história do bem e presenciaram o restauro acontecendo ao vivo.
Tocando a obra
Anos depois, quando um incêndio acometeu a mesma igreja, a Biapó novamente realizou o restauro, já entre 2002 e 2004. E a ideia do “Tocando a obra” virou “Canteiro Aberto”, uma iniciativa realizada até hoje. “A proposta é envolver a comunidade, mostrar a minuciosidade trabalho que é feito e as dificuldades do trabalho de restauro”, diz a diretora do departamento social da Biapó, Fabiana Lima, reforçando “a valorização do imóvel para as pessoas vivenciarem isso com mais proximidade, de elas sentirem parte da história do edifício”. Já nas obras do Forte de Nossa Senhora dos Remédios, em Fernando de Noronha (PE), foram quase dois anos de Canteiro Aberto com música, cinema e teatro.
Veio a pandemia, trazendo com ela a necessidade de isolamento e distanciamento social, o que impactou a vida mundo afora. “Tivemos dificuldade de início até com o funcionamento das obras”, diz Fabiana. “Depois, continuamos e todo mundo se organizou em relação à segurança. E a gente pensou em como trabalhar os projetos sociais.” Como manter o canteiro aberto em tempos de fechamento? Vieram as lives. “Com todo mundo acompanhando pela internet, deu vontade fazer as lives, uma forma de dar continuidade ao projeto”, conta a diretora.
Pronto! Assim nasceu a ação Canteiro Aberto EnCena – Theatro Sete de Abril, uma das 12 iniciativas reconhecidas pelo Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2021, na categoria que premiou iniciativas adaptadas à pandemia, segmento voltado para fundações e empresas privadas.
Música, teatro e literatura pelotenses
“Foram seis episódios, de 2020 a 2021. Em cada live, a gente tinha que fornecer informação e a experiência próxima de uma visita física”, explica Fabiana, destacando que as lives carregavam o contexto histórico do edifício e a relevância do bem para Pelotas. “Para despertar a sensação de pertencimento, a gente trouxe pessoas da comunidade para dar relatórios pessoais de memórias dentro do edifício.”
Com artistas locais, os eventos tiveram música, balé contemporâneo, espetáculos circenses e teatro – e os andaimes e betoneiras compuseram o cenário. Cada live teve de 450 a 700 visualizações, mas o alcance foi muito além. “Tivemos públicos de várias partes do Brasil, que conheceram o bem e viram a obra acontecendo”, comemorou Fabiana. O teatro erguido em 1834 se reinventou, e completou mais um ciclo, desta vez na época das lives. Entre as apresentações, foram feitas leituras dramáticas de trechos de livros cujos autores eram pelotenses, como Rolando Vergara, no poema Missa: “A gente pensa que mede o tempo nos ponteiros do relógio / em partezinhas iguais / e conta daí as horas, os dias, os anos / mas ele não tem medida certa.”
Realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Prêmio Rodrigo tem como objetivo valorizar e promover ações que atuam na preservação dos bens culturais do Brasil. Este ano, foram escolhidos 12 projetos vencedores. Dez delas são contempladas com R$ 20 mil, e duas são reconhecidas com menção honrosa. A cerimônia de entrega dos prêmios será realizada nesta quarta-feira, 13, a partir das 15h, com transmissão online.
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