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CNFCP/Iphan divulga resultado final do Prêmio Sílvio Romero
Ao todo, foram 118 trabalhos analisados.
Nesta sexta-feira (29/11), o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), unidade especial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), divulgou o resultado final do Prêmio Sílvio Romero de Monografias de Folclore e Cultura Popular 2024. Ao todo, foram 118 trabalhos analisados. O primeiro colocado é “Encantaria Quilombola”, que será premiado com o valor de R$ 25 mil; já o segundo lugar é de “A vida social do pandeiro no Rio de Janeiro (1900 – 1939)”, com o valor de R$ 20 mil; e o terceiro lugar é de “Dívidas d’alma: relações entre vivos e mortos na cultura popular do sertão do São Francisco”, Minas Gerais, que receberá R$ 15 mil.
Foram conferidas, ainda, três menções honrosas: a primeira para "’A nossa identidade tá aí: Vila Bela, festança e o povo negro’: heranças da comunidade negra de Vila Bela da Santíssima Trindade – MT"; a segunda para "O Maracatu na Zona da Mata de Pernambuco"; e a terceira para "São Gonçalo da Mussuca em transformação: os impactos causados por festivais culturais em grupos populares".
Na análise da comissão de seleção foram considerados, conforme o edital: a contribuição ao aprofundamento e à renovação dos estudos de folclore e cultura popular; a originalidade do tema e/ou abordagem; o domínio de bibliografia especializada; a consistência na argumentação e clareza na apresentação dos resultados. Foram considerados também os seguintes pontos: a fundamentação teórica, o quadro de referência conceitual e metodologia empregada e o desenvolvimento do trabalho com base em pesquisa de campo e/ou bibliográfica.
Saiba mais sobre os trabalhos vencedores:
1º prêmio: “Encantaria Quilombola”, de Juliana Loureiro Silva
"Encantaria" é uma dimensão invisível que tangencia o mundo material, no fundo dos mares e rios, em dunas e pedras, em matas e manguezais. É a morada dos encantados - seres espirituais, os quais, muitos deles, viveram, mas não tiveram a experiência da morte, se encantaram. A Encantaria Quilombola é aquela vivida e significada pelos quilombolas. Esta monografia é dedicada à compreensão do universo ontológico da Encantaria Quilombola vivenciado em Santa Rosa dos Pretos, comunidade rural negra maranhense com mais de 200 anos de história, que se recria no tempo espiralar dos rituais de tambor de mina, tambor de crioula e a festa do Divino Espírito Santo.
2º prêmio: “A vida social do pandeiro no Rio de Janeiro (1900 – 1939)”, de Eduardo Marcel Vidili
O objeto deste estudo é o pandeiro – mais exatamente, a vida social desse instrumento no Rio de Janeiro, no período de 1900 a 1939. Como ponto de partida, o texto problematiza o status do pandeiro como símbolo brasileiro (condição estabelecida ao final daquele período, conforme é argumentado no estudo), tendo em vista a suposta proibição a ele imposta nas décadas anteriores. Por meio da pesquisa em periódicos e fonogramas da época, e em diálogo constante com a história social do período, o estudo busca: examinar as práticas musicais e ambientes sociais pelos quais o pandeiro transitava naquele contexto; explorar disputas e tensões em torno dos significados atribuídos ao instrumento e às pessoas que o tocavam; abordar as condições de sua inserção nos âmbitos incipientes da música produzida para o mercado – o rádio e a fonografia.
3º prêmio: “Dívidas d’alma: relações entre vivos e mortos na cultura popular do sertão do São Francisco, Minas Gerais”, de Lucas Parreira Alves
Folcloristas como Manoel Ambrósio, Joaquim Ribeiro e Saul Martins trataram a relação entre vivos e mortos na região sob os termos de “livusias” e/ou “assombrações”, e notaram que as almas do sertão do São Francisco vagam no ar esperando sua salvação ou condenadas à expiação. Esse trabalho é o produto de uma investigação que soube respeitar as tradições folclóricas precedentes, mas que qualificou o tema com as técnicas atuais do conhecimento etnográfico.
1º Menção Honrosa: “‘A nossa identidade tá aí: Vila Bela, festança e o povo negro’: heranças da comunidade negra de Vila Bela da Santíssima Trindade – MT”, de Letícia Helena de Oliveira
A pesquisa tem como objetivo analisar de que maneira a Festança – festejo que congrega as Festas do Divino, da Santíssima Trindade, de São Benedito e da Mãe de Deus às danças do Congo e do Chorado – de Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) forneceu as bases à manutenção e reprodução da cultura dos vilabelenses e sua constituição enquanto comunidade negra.
2ª Menção Honrosa: “O Maracatu na Zona da Mata de Pernambuco”, de Noshua Amoras de Morais e Silva
Este trabalho consiste fundamentalmente de uma etnografia realizada junto a folgazões de maracatu, brincadeira própria da Zona da Mata Norte de Pernambuco. O objetivo desta pesquisa é acompanhar as composições da brincadeira, demonstrando a constante necessidade de criação e manutenção de uma intensidade apropriada para o funcionamento ideal da atividade.
3ª Menção Honrosa: “São Gonçalo da Mussuca em transformação: os impactos causados por festivais culturais em grupos populares”, de Denisson Cleber de Farias Santos
A pesquisa aborda as transformações que perpassam o grupo São Gonçalo da Mussuca, impelidas pelos festivais culturais. Neste trabalho há a pretensão de demonstrar, para além do São Gonçalo, como eventos culturais afetam grupos tradicionais. O estudo segue um viés etnomusicológico, tratando dos aspectos musicais como um vetor de mudanças e dos festivais como espaços catalisadores.