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PATRIMÔNIO IMATERIAL
Ciranda do Nordeste ganha Plano de Salvaguarda
Foto: Paulo Maia
A Ciranda do Nordeste, reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil em 2021 e inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão, acaba de ganhar um Plano de Salvaguarda. Resultado de construção coletiva entre detentores e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), o documento servirá de referência para as ações e políticas voltadas ao segmento.
“O objetivo do Plano de Salvaguarda é assegurar que as ações de salvaguarda sejam planejadas de forma estratégica, com suas respectivas previsões de execução, de acordo com as prioridades estabelecidas em consenso, para que se alcance a sustentabilidade da prática cultural”, avalia Rafael Klein, coordenador de Apoio aos Bens Registrados do Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan.
O documento é um instrumento dinâmico que busca garantir a participação democrática e a união de esforços dos vários segmentos – detentores, poder público, parceiros e sociedade em geral – para a gestão compartilhada e inclusiva da salvaguarda da Ciranda do Nordeste e tem como objetivo ampliar a apropriação social sobre os sentidos e conscientizar sobre a importância da proteção e promoção do bem cultural registrado.
“Ninguém nasce cirandeiro(a)”, afirma Josivaldo Caboclo, presidente da Associação das Cirandas de Pernambuco. “Uma garantia básica para salvaguardar a brincadeira da ciranda é a promoção do acesso a ela, de modo especial nos locais onde ela acontece”, conclui.
Para o presidente da Associação do Coletivo de Cirandas de Pernambuco, Sérgio Alves de Almeida, “com a patrimonialização, a ciranda vem ganhando força nas manifestações culturais, mas precisa institucionalizar as metas propostas para o setor”, pontua.
O Plano de Salvaguarda reflete os valores centrais da manifestação cultural da Ciranda do Nordeste, bem cultural com abrangência regional identificado em três estados: Alagoas, Paraíba e Pernambuco. O processo de elaboração do documento foi realizado a partir do trabalho com as comunidades de detentores identificadas e mobilizadas ao longo da instrução do Registro, resultando em um único plano de salvaguarda regional do bem.
O Plano de Salvaguarda da Ciranda do Nordeste segue as orientações do Manual de Elaboração de Planos de Salvaguarda do Iphan. A publicação surgiu da necessidade de apresentar à área técnica do Instituto, aos detentores dos bens registrados e demais agentes as orientações necessárias para a execução de ações de preservação.
Ciranda do Nordeste
A Ciranda do Nordeste é uma forma de expressão que une música, poesia e dança de roda, e é vivenciada como um modo coletivo de celebrar a vida, sem distinções pessoais, delimitações e temporalidades rígidas. A Ciranda está rodeada de significados que envolvem o balanço do mar, os ciclos da vida e as brincadeiras de criança. A dança é um elemento central para vivenciar a Ciranda e, em geral, é realizada com os dançantes dando as mãos em um círculo fechado e se movendo em uma única direção.
Existem variações de passos complexos, porém o mais importante no cirandar não é a dificuldade dos passos, mas a simplicidade e a união. A roda pode acontecer em diferentes contextos como carnaval, encerramento de uma atividade pedagógica ou em festejos juninos; em espaços abertos ou fechados, como ruas, bares e praças. Na roda de ciranda, são trazidos à tona sentimentos de celebração e pertencimento a um lugar e a uma história, seja das cirandas à beira mar, seja das noites de festa nos engenhos da Zona da Mata Norte de Pernambuco.
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Marina Baldoni Amaral – marina.amaral@iphan.gov.br