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Ciclo de reuniões na Paraíba aborda registro e salvaguarda dos Cocos do Nordeste
Foto: Lucas Neiva/Coletivo Jaraguá
Expressão afro-indígena, os Cocos do Nordeste (e sua comunidade) vivem a retomada do seu processo de registro, abrangendo suas variações em Alagoas, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. A primeira etapa deste recomeço são os dois ciclos de reuniões para mobilização em torno do reconhecimento, assim como para sua salvaguarda juntamente com as Cirandas, que já são registradas como patrimônio, e as Mazurcas paraibanas. Iniciadas em março, quando foi realizada a rodada inicial com três encontros, as reuniões vão continuar no próximo sábado (6/4), em Rio Tinto (PB), e seguem contando com a participação de detentores e demais interessados.
Realizado pelo Coletivo Jaraguá, com apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), além de recursos recebidos via emenda parlamentar, o segundo ciclo ainda terá encontros em Areia e Princesa Isabel, na Paraíba, nos dias 27 de abril e 11 de maio, respectivamente.
Esta próxima rodada vai se concentrar nas ações de salvaguarda do Coco, da Ciranda e da Mazurca no estado da Paraíba. A ideia é conversar com o público sobre aspectos e problemas enfrentados pelas comunidades detentoras para preservar e fomentar essa manifestação que é parte das identidades culturais negra e indígena no Brasil. “Buscamos identificar o que pode garantir sustentabilidade para as práticas culturais. Isso é fundamental para se construir o plano de salvaguarda, que também é uma das nossas responsabilidades enquanto equipe técnica na produção do dossiê (para o registro)”, afirma a coordenadora do Coletivo Jaraguá, Marcela Muccillo. Por meio de um Termo de Colaboração, o coletivo está à frente da instrução técnica do processo de registro após seleção em chamamento público em 2023.
Também sediadas na Paraíba, as três primeiras reuniões foram dedicadas a informar aos detentores sobre a retomada do processo de registro dos Cocos do Nordeste e escutá-los acerca das realidades do Coco no estado. A inscrição do Coco no Livro de Registro das Formas de Expressão tem sido uma demanda de mestres e grupos detentores.
“É a retomada mais que merecida de um pedido que partiu deste estado, onde o Coco é muito forte historicamente, apesar de ser menos valorizado do que merece. Estamos trabalhando nesse registro com equipes muito competentes e empenhadas, que apoiamos institucionalmente e nas articulações necessárias”, aponta a antropóloga do Iphan na Paraíba, Nina Vincent Lannes.
“Percebemos na fala, principalmente dos mestres envolvidos desde o início, uma satisfação em ver que, de fato, esse a mobilização por meio dos encontros e a retomada do processo de registro junto ao Iphan estão se consolidando”, complementa Marcela Muccillo.
Tanto para garantir o apoio imediato às comunidades do Coco quanto para corresponder aos seus anseios de reconhecimento como Patrimônio Cultural, o processo de registro e as ações de salvaguarda caminharão paralelamente ao longo de 2024.
PROCESSO DE REGISTRO
Com recursos do Iphan, a pesquisa para a elaboração do dossiê dos Cocos do Nordeste e coleta de material fotográfico e audiovisual já está em andamento, tendo como ponto de partida o inventário realizado entre 2009 e 2010, o que é uma vantagem para essa etapa da instrução técnica.
Esse estudo inclui levantamento histórico sobre o Coco no Nordeste além de pesquisa de campo para mapeamento de grupos e comunidades nos estados da região abrangidos pela pesquisa, com a mobilização de uma equipe interdisciplinar, de áreas como a antropologia, a etnomusicologia e a história, além da participação fundamental de mestres e mestras, músicos, dançarinos e outros membros de comunidades que realizam rodas de Coco.
“Continuamos com a empreitada histórica do Iphan de mapear o máximo possível de ocorrências, detentores e lugares de referência do bem cultural. Mas refletimos bastante sobre fazer um aprofundamento da pesquisa etnográfica em alguns polos mais representativos, para que o processo seja mais dinâmico. Esses encontros já são embriões da salvaguarda e possibilitam um diálogo entre detentores muito interessante, tornando o processo de instrução técnica mais participativo, envolvente e democrático”, finaliza Nina Lannes.
Na sequência dos dois ciclos de encontros, está prevista para o mês de maio uma reunião virtual ampla com pesquisadores, mestres e grupos de Cocos do Nordeste.
OS COCOS
Os Cocos do Nordeste compreendem encontros e grupos tradicionais, constituídos de elementos como música tocada e cantada, instrumentos de percussão, dança, improviso, corporalidade, sendo incluído na "família" do samba, ao lado do samba-de-roda, do caxambu, da umbigada, da embolada, entre outros.
Essa manifestação também é forma de expressão de ludicidade e religiosidade, com muitos dos seus cantos sendo entoados como pontos na Jurema, religião de origem indígena com forte presença no Nordeste e que se aproximou da Umbanda.
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