Notícias
PATRIMÔNIO EDIFICADO
Centro de Interpretação Aldeia de Reis Magos é inaugurado na Serra (ES)
Foto: Fernanda Martins de Freitas/Iphan
Nesta quarta-feira (26), o município de Serra (ES) foi palco da inauguração do Centro de Interpretação Aldeia de Reis Magos, resultado do projeto de restauração e readequação da Igreja e Residência dos Reis Magos, no distrito de Nova Almeida. A obra teve acompanhamento técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e faz parte do projeto Roteiro Jesuítico, idealizado pelo Instituto Modus Vivendi e realizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura e do edital Resgatando a História, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A cerimônia de inauguração contou com a presença da diretora substituta do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan (Depam), Elisa Taveira, do diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial, Deyvesson Gusmão, do superintendente do Iphan no Espírito Santo, Joubert Filho, do governador Renato Casagrande, do prefeito Sérgio Vidigal e do arcebispo de Vitória, Dom Frei Dario Campos. Também estiveram presentes Erika Kunkel, presidente do Instituto Modus Vivendi, realizador do projeto, e representantes do BNDES, que atuou como apoiador financeiro, além de membros do Instituto Cultural Vale e EDP, patrocinadores da iniciativa.
Com duração de dois anos, o projeto de restauro foi baseado em estudos históricos, arquitetônicos e arqueológicos. Segundo o superintendente do Iphan no Espírito Santo, Joubert Filho, as ações foram acompanhadas pela equipe técnica do Iphan-ES, para adequar as incorporações tecnológicas e preservar as características históricas do monumento, que se tornou uma das únicas construções capixabas remanescentes do século XVI a ser usada como espaço cultural, turístico e devocional. "Todas as etapas foram executadas respeitando o projeto arquitetônico do bem tombado, do restauro às intervenções tecnológicas e de acessibilidade", comenta o superintendente.
Igreja dos Reis Magos
A Igreja dos Reis Magos, construída em 1580 por jesuítas e índios tupiniquins, é um dos principais símbolos da presença jesuíta no Brasil. Tombada pelo Iphan em 1943, a edificação passou por um amplo processo de adaptação litúrgica e restauro, que incluiu o banco, os objetos litúrgicos, o retábulo e o púlpito.
Durante os trabalhos, foram feitas novas prospecções estratigráficas, que consistem na remoção da camada até chegar à pintura mais antiga, revelando trabalhos artísticos no púlpito, no arco cruzeiro da igreja e em um nicho na entrada. O quadro "Adoração dos Reis Magos", do frei Belchior Paulo, também foi restaurado. A obra é considerada a primeira pintura a óleo do Brasil, datada de 1598.
Além dos restauros, a igreja e o anexo também foram climatizados. No templo, a refrigeração foi feita pelo solo, com grelhas de madeira que protegem o monumento de danos à estética. O espaço também se tornou acessível, com rampas e plataformas elevatórias na antiga residência, além da inclusão de placas táteis, banheiros acessíveis e de vídeos com tradução em Libras.
Centro de Interpretação
A Residência dos Reis Magos, edifício anexo à igreja, foi transformada em um Centro de Interpretação, uma modalidade de museu que permitirá ao público conhecer melhor a história da passagem dos jesuítas pelo Espírito Santo e dos aldeamentos do Brasil.
"O Centro de Interpretação é um exemplo de gestão compartilhada do patrimônio, algo que estamos buscando na gestão do Iphan. Articular o Estado, a sociedade civil, o poder público e a iniciativa privada na preservação dos patrimônios e na promoção da cultura nacional é uma grande missão para o Instituto", avalia o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan (DPI), Deyvesson Gusmão.
"O Centro de Interpretação é um exemplo de gestão compartilhada do patrimônio, algo que estamos buscando na gestão do Iphan. Articular o Estado, a sociedade civil, o poder público e a iniciativa privada na preservação dos patrimônios e na promoção da cultura nacional é uma grande missão para o Instituto"
Um dos espaços criados é a Sala de Pertencimento, que reúne imagens de 30 pessoas com vínculo afetivo com o monumento, selecionadas por uma pesquisa realizada pela coordenadora do projeto e responsável pelo conceito do museu, Erika Kunkel. Outro destaque do Centro de Interpretação é a Sala Indígena. Nela, o visitante poderá sentar-se em uma canoa e ter uma experiência de navegação da época da missão, por meio de realidade virtual.
O museu também conta com a Sala do Patrimônio Arquitetônico, um espaço que traz uma maquete digital com a história da região, do início da missão até os dias de hoje, além de objetos da antiga construção de Reis Magos. A Sala dos Ofícios, por sua vez, apresenta os ofícios dos indígenas e revela que em Reis Magos havia a maior produção de algodão entre as aldeias da região.
O Centro de Interpretação conta, ainda, com outros ambientes, como o Espaço do Aldeamento, Banco Casamenteiro, Espaço dos Jesuítas/Santo Inácio de Loyola e Torre Sineira. Os visitantes também podem visitar a sacristia, o pátio, o auditório e uma exposição permanente, composta por obras de artistas plásticos capixabas.
Além do valor cultural, o projeto também pretende promover a economia criativa e gerar novas oportunidades de renda para a comunidade. O local abriga um café e uma loja que será abastecida com produtos confeccionados por artesãos locais.
Para o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, este restauro também irá estimular o turismo sustentável. "O turismo gera muitos empregos. Isso é importante, não só para a preservação da nossa cultura, mas também para o desenvolvimento da cidade", conclui Vidigal.
Mais informações para a imprensa
Assessoria de Comunicação Iphan
Ana Carla Pereira - carla.pereira@iphan.gov.br
comunicacao@iphan.gov.br
www.iphan.gov.br
www.facebook.com/IphanGov | www.twitter.com/IphanGovBr
www.youtube.com/IphanGovBr