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CULTURA QUILOMBOLA
Belo Horizonte celebra festival de comunidades quilombolas de MG
Abertura do Festival Canjerê - Foto: André Brasil/Iphan
O IV Festival Canjerê das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais teve início ontem (7/12), contando com o apoio logístico da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas Gerais. Criado para celebrar a cultura quilombola, o evento tem lugar no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte (MG), e ocorre de 7 a 10 de dezembro, menos de um mês após a assinatura da Portaria de Tombamento dos Quilombos, pelo Iphan.
A programação abrange uma variedade de atividades, incluindo feira de produtos quilombolas, apresentações culturais e oficina, com destaque para o grande cortejo agendado para 10 de dezembro. Participarão do Cortejo as Guardas dos Quilombos: Arturos, de Contagem; Carrapatos Tabatingas, de Bom Despacho; Nossa Senhora do Rosário, de Ribeirão das Neves; Caxambu, de Rio Espera; os Carolinos, de Belo Horizonte; além de Materlândia, Belo Vale, Berilo e Chapada do Norte.
Destacam-se ainda as mesas de diálogo, entre as quais uma sobre o Tombamento de Quilombos, que contou com a participação de representantes do Iphan, do Ministério da Igualdade Racial, do Ministério da Cultura, da Federação Quilombola e da Defensoria Especializada em Direitos Humanos Coletivos e Socioambientais.Com mais de 200 expositores e a participação de mais de 20 grupos culturais quilombolas de todas as regiões do estado, o Canjerê não apenas celebra a diversidade da agricultura familiar e artesanal quilombola, como busca manter as tradições culturais variadas das comunidades, destacando-se como um instrumento de resistência contra o racismo historicamente enraizado.
Além de ser um espaço de afirmação da cultura negra, o Canjerê se destaca como o principal evento do segmento no estado, proporcionando trocas de experiências, comercialização de produtos e divulgação da rica cultura quilombola. O evento busca trazer visibilidade à comunidade quilombola e construir espaços de diálogo que combatam o preconceito, a discriminação, o racismo e a intolerância, convidando todos a somarem-se a essa força ancestral.
“Nós não temos estrada, nós não temos lotação, não temos nada. Nós somos ‘quilombola’ e estamos aqui. Isso que nos alegra muito”, diz Ivone Maria de Souza Diniz, representante do quilombo Pimentel sobre a alegria de participar do festival. “Até que enfim alguém nos vê com um olhar diferente. Nós temos arte, nós temos cultura, nós temos dança, nós temos comida. Então, agora nós podemos trazer a nossa arte e tudo que nós temos de bom”, completa Dona Ivone.
Primeiro pedido de tombamento
Ao fim da mesa de diálogo sobre o Tombamento de Quilombos, que contou com a participação do Iphan, ocorreu a entrega do primeiro pedido de tombamento de comunidade quilombola do estado, pela comunidade de Arturos, de Contagem. Segundo a superintendente do Iphan, Daniela Lorena de Castro, "Minas Gerais conta com mais de mil comunidades quilombolas já conhecidas e esse primeiro pedido vem mostrar a importância desse trabalho para o estado”.Vanessa Pereira, da Coordenação-Geral de Identificação e Reconhecimento do Iphan, sintetiza as alterações no cenário nacional que viabilizaram o tombamento das comunidades quilombolas “a partir de uma demanda do plano de governo do presidente Lula e da ministra Margareth Menezes”. Segundo Vanessa, “o Iphan, vinculado ao Ministério da Cultura, passou por mudanças para reposicionar-se nesse momento de retomada da cultura no país”.
Serviço:
IV Festival Canjerê das Comunidades Quilombolas de MG
Local: Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte
Data: de 07 a 10 de dezembro, das 9h às 20h
Cerimônia de abertura: 07 de dezembro às 17h
Aberto ao público, sem necessidade de inscrição