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CONSERVAÇÃO
Acervo documental do Iphan-RJ recebe tratamento de conservação sem produtos químicos
Foto: Oscar Liberal/Iphan
O acervo custodiado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio de Janeiro (Iphan-RJ) está passando por um tratamento especializado de desinfestação, desinfecção e secagem por meio do método conhecido como anóxia, que elimina os insetos por falta de oxigênio, sem utilizar produtos químicos. O Iphan é o primeiro órgão do Brasil a realizar os três processos ao mesmo tempo. Montada no Palácio da Fazenda (RJ), a estrutura de tratamento segue em funcionamento até o início de junho.
A primeira etapa do processo de conservação foi o diagnóstico, realizado por meio de relatórios produzidos pela equipe técnica do Iphan-RJ, atestando que os documentos arquivísticos e bibliográficos haviam sido transferidos e manipulados sem a aplicação das determinações e normativas adequadas. Com isso, constatou-se que foram causados muitos danos físicos e na estrutura lógica e intelectual desses materiais, sendo necessária a adoção de medidas urgentes para o saneamento e contenção.
O método por atmosfera de anóxia foi a solução escolhida por oferecer nenhum risco à saúde humana e aos objetos, uma vez que não utiliza substâncias que causam efeitos colaterais nocivos, oxidação dos materiais, corrosão em metais e mudanças físico-químicas de certos pigmentos. Além disso, a possibilidade de monitoramento constante garante a segurança, a desinfestação e a erradicação total de pragas, permitindo a eliminação dos insetos em qualquer estágio de evolução.
"Após os procedimentos que estão sendo realizados, teremos as etapas de conservação, limpeza, acondicionamento e tratamento intelectual do acervo. Com esses processos finalizados, o material arquivístico e bibliográfico estará disponível para pesquisa pública na sede da Superintendência do Iphan no Rio de Janeiro, que está passando por um processo de restauração", destaca Paulo Vidal, superintendente do Iphan-RJ.
Segundo o superintendente, a sede do Iphan-RJ também funcionará como um ponto de divulgação do patrimônio. Neste sentido, o tratamento do acervo se insere em diversas ações de Educação Patrimonial que visam aproximar o Instituto da população.
Desinfestação e desinfecção por anóxia
O procedimento consiste na substituição do oxigênio por um gás inerte, neste caso, o nitrogênio. Constituindo 100m³, caixas com documentos e livros a serem tratados foram organizadas dentro de uma câmara especial, também chamada de bolha, confeccionada com um plástico especial de alta barreira e com vedação total a gás. Com este ambiente montado, foi iniciado o processo de expurgo do oxigênio presente no interior da bolha e dentro do material arquivístico e bibliográfico. Aos poucos, o oxigênio foi removido do interior da câmara, até chegar ao nível de 0,2%, tornando-se uma atmosfera de anóxia (lembrando que a concentração de oxigênio do ar atmosférico é 20.9%).
O acervo deve permanecer no invólucro por um período mínimo de 70 dias, para garantir a asfixia e desidratação de todos os insetos (ovos, larvas, pupas ou ninfas e adultos) e a desativação dos fungos colonizadores sem deixar qualquer resíduo químico. "O projeto prevê que a bolha continue no local após o tratamento, até que o material possa ser submetido à próxima fase, que consiste na realização do tratamento documental do acervo, incluindo a completa higienização dele", avalia a técnica em documentação do Iphan-RJ, Rejane Schneider.
No interior da bolha, foram instalados sensores ligados a um equipamento que mede, mantém e monitora as condições programadas durante todo o tratamento. Ao mesmo tempo em que é feita a desinfestação de pragas e a desinfecção de micro-organismos, o acervo passará por secagem, que consiste na desumidificação do material até o teor máximo de umidade chegar a cerca de 7 - 8%.
"A secagem é necessária para a eliminação dos fungos a longo prazo. Se desinfectarmos o acervo úmido, ele logo será recolonizado. Além disso, quanto mais úmido, maior será a taxa de degradação do papel. Em um mês de tratamento, já extraímos mais de 500 litros de água de cerca de 25 toneladas de papel. Nossa meta é extrair mil litros de umidade até o final do procedimento", comenta o gestor da empresa contratada para realizar o tratamento arquivístico e bibliográfico, Stephan Schäfer.
Também estão contempladas no projeto a elaboração e a implementação de um programa de Gestão Integrada de Pragas. A metodologia busca eficácia na prevenção de reinfestações e inclui um módulo de conservação preventiva que falará sobre como evitar ou reduzir ao máximo perdas, danos e degradação em acervos. O programa está previsto para maio e consiste em um seminário e um workshop para o treinamento e capacitação dos servidores do Iphan. O evento também será aberto a professores, estudantes e pesquisadores de Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e Conservadores de outras instituições.
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