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Processo de educação financeira e seus reflexos na vida adulta
Não é de hoje que o tema educação financeira tem sido bastante discutido, tanto no âmbito educacional como no empresarial e no meio familiar. Também já é consenso que é de suma importância que essa aprendizagem seja iniciada durante a primeira infância (0 a 6 anos), e que siga por toda história de vida do indivíduo.
Mas afinal leitor, você sabe o que é educação financeira na infância e quais são os reflexos que ela pode ter sobre a vida adulta?
Educação financeira é o processo pelo qual os indivíduos aprendem a ter uma melhor compreensão sobre assuntos financeiros. Se iniciado a partir da primeira infância (fase onde se tem uma maior capacidade de aprendizado), as crianças conseguem absorver informações através da observação, da socialização e de estímulos vindos de adultos (pais ou cuidadores) e começam a compreender conceitos financeiros básicos que no futuro irão torná-las adultos mais conscientes sobre decisões relacionadas ao dinheiro. Uma pesquisa Ibope inteligência encomendada pelo C6 Bank mostra que apenas 21% dos brasileiros das classes A, B e C tiveram acesso à educação financeira na infância.
De acordo com Grohmann, Kowenberg & Menkhoff (2015), por meio de estudos e pesquisas realizados no Childhood roots of financial literacy, observou-se que o letramento financeiro afeta direta e positivamente a vida adulta, contribuindo para formar adultos com uma maior percepção quanto às oportunidades e aos riscos que envolvem decisões financeiras.
A importância de se iniciar esse processo de conscientização e aprendizagem ainda na primeira infância é que, por meio de estímulos, fica mais fácil gerar na criança interesses que irão facilitar a compreensão da educação financeira.
É importante lembrar que crianças entre 3 e 6 anos de idade começam a ter uma noção básica de cálculos e desenvolvem necessidades de trocas, iniciando nesse momento a sua percepção sobre os valores. Nesse momento, as crianças podem ser estimuladas por meio de jogos lúdicos ou idas ao supermercado em conjunto com os familiares. Por exemplo, os jogos banco imobiliário e jogo da vida são grandes aliados nesse processo de educação, uma vez que ambos tratam de forma bem didática sobre as consequências das nossas decisões financeiras ao longo das fases da vida, o que facilita o processo de aprendizado da criança.
O aprendizado também acontece enquanto a criança experimenta atividades rotineiras da família, como uma ida ao mercado. Cabe salientar que crianças são observadoras e é normal que elas reproduzam comportamentos e ações dos adultos que as cercam.
Por isso, ter exemplos positivos em como lidar com as questões financeiras nesse momento da vida é tão valioso, sendo um estímulo a mais para que os próprios pais busquem se educar financeiramente, uma vez que muitos adultos que estão no papel de pais e cuidadores responsáveis não tiveram acesso à educação financeira na infância, o que dificulta a abordagem desses assuntos por esses adultos.
Pesquisas e estudos apontam que indivíduos com letramento financeiro alcançam melhores resultados econômicos, assim como tomam melhores decisões financeiras. Além disso, possuem melhores habilidades para realização de planejamento financeiro futuro de acordo com Lusardi A. Mitchell (2014).
Por mais que a educação financeira tenha um peso maior durante a primeira infância, momento no qual o indivíduo tem maior facilidade de aprendizado, entende-se que se trata de um processo de educação continuada, a qual se dá ao longo de toda vida do indivíduo.
E você, leitor, conte para a gente, como a educação financeira influenciou ou influencia a sua vida adulta?
Referências
Moreira, Jas., and Lara, AMB. Políticas públicas para a educação infantil no Brasil (1990-2001) [online]. Maringá: Eduem 2012. 246p.
Grohmann, A., Kouwenberg, R., & Menkhoff, L. Financial literacy and its consequences in the emerging middle class (2014). Kiel Working Paper 1943.
Lusardi, A. Mitchell, O. S. The economic importance of financial literacy: Theory and evidence (2014). Journal of Economic Literature, 52, 5–44.