Bioeconomia: um modelo em expansão
Conjunto de atividades econômicas que fazem uso sustentável de recursos renováveis e resíduos biológicos, a bioeconomia está cada vez mais presente nas pesquisas tecnológicas. Isto porque o modelo de produção linear – que explora fontes fósseis, como o petróleo e gás, usa sua energia e cria produtos derivados, descartando depois seus resíduos no ambiente – aponta para um futuro insustentável, onde a matéria-prima se torna cada vez mais escassa e o resíduo se acumula em níveis fora de controle.
O modelo da bioeconomia, por sua vez, não só privilegia o uso da fonte renovável como reutiliza seus resíduos, promovendo a chamada economia circular. Favorecendo o avanço de um modelo para outro, o Brasil já possui uma agroindústria forte, bastante ciência e experiências de inovação bem sucedidas como o uso do etanol combustível e outros biocombustíveis e misturas.
O INT em seus 100 anos esteve diretamente ligado à consolidação desse conhecimento. Com atuação decisiva no desenvolvimento do etanol combustível, dos biocombustíveis em geral e suas misturas variadas, desde o início de sua atividade, o Instituto continua avançando nessas áreas e também hoje atua fortemente no desenvolvimento de materiais, processos e produtos derivados de fontes renováveis e resíduos. Para isso se consolidaram competências em Química Verde e em Ciência de Materiais.
A atuação do INT em bioeconomia envolve essencialmente três linhas centrais em consonância com suas competências em Química e Engenharia Química e às políticas estabelecidas pelo governo:
Biomassa: voltada à identificação e caracterização de biomassas para uso como matéria-prima e insumo industrial. Essa atuação busca avançar no processo de descarbonização da economia, diminuindo a dependência de fontes fósseis, a partir do uso sustentável de recursos biológicos renováveis, com destaque para nossa biodiversidade, e resíduos agroindustriais.
Biorrefinarias: pesquisas direcionadas ao desenvolvimento de tecnologias para o aproveitamento, processamento e transformação das diferentes biomassas visando estabelecer a bioindústria nacional, seguindo os princípios da química verde e usando ferramentas e técnicas da nanotecnologia. Alinhado às competências do INT, diferentes rotas tecnológicas são exploradas para processos em biorrefinarias, principalmente rotas químicas, termoquímicas e bioquímicas. O domínio dessas tecnologias de conversão de biomassa em bioprodutos, biocombustíveis e biomateriais é crucial para o estabelecimento das cadeias produtivas centradas nas diferentes biomassas.
No Laboratório de Materiais Poliméricos do INT, pesquisadores usam
máquina extrusora para produzir plástico nanocomposto biodegradável.
Bioprodutos: produtos, processos e serviços de alto valor agregado desenvolvidos de modo sustentável a partir de biomassas. No caso específico de bioprodutos, as pesquisas são direcionadas tanto a bioprodutos do tipo drop-in – que são semelhantes aos obtidos de fontes fósseis – quanto aos do tipo non drop-in. Nesse caso, são novos produtos, novas cadeias produtivas e novos mercados, que são gerados a partir da exploração do potencial das estruturas químicas disponíveis nas diferentes biomassas.
O desafio é grande, mas o Brasil já possui conhecimento e gestores pensando a Bioeconomia com foco na inovação tecnológica.