SUSTENTABILIDADE - Projeto promove agricultura urbana em comunidades do Complexo da Penha
A possibilidade de promover a agricultura urbana como alternativa para soberania alimentar e geração de renda para o complexo de favelas da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, reuniu um grupo de moradores e instituições parceiras. O início das atividades foi marcado pelo Workshop Sementes Urbanas, em 2017, e culminou com a aprovação do Projeto Arranjo Local Penha em edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) voltado ao empreendedorismo social, com atividades iniciadas em julho de 2019.
O Centro de Educação Multicultural (CEM) da Serra da Misericórdia, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI/UERJ) e a associação AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia conduzem o projeto, com duração de dois anos, que capacita moradores para o cultivo de mudas comestíveis e produção de compostagem. O INT assumiu a ação de capacitar os participantes para a produção dos viveiros e ainda para a certificação orgânica.
Atuando desde antes do projeto como voluntário do CEM da Serra da Misericórdia, o designer Diego dos Santos Costa, bolsista CNPq que atua na área de Desenho Industrial do INT, viabilizou o contato inicial com a comunidade e passou a atuar na transmissão dos conhecimentos técnicos do Instituto para a mesma, a partir do projeto, junto com o tecnologista Júlio Cezar Augusto da Silva, designer com prêmios internacionais nas áreas de tecnologia assistiva e design sustentável.
Encarados como uma tecnologia social, os viveiros começaram a ser desenvolvidos em conjunto com a comunidade a partir de uma abordagem colaborativa, alinhando o resultado com os hábitos culturais e interesses dos usuários.
– A construção dos equipamentos visou o baixo custo, buscando usar recursos disponíveis no dia a dia e a capacitação técnica dos participantes – explica Diego Costa.
O grupo de designers e colaboradores do INT pesquisou, discutiu com os moradores e chegou a propostas de seis modelos de viveiros, considerando diferentes residências e locais onde seriam instalados. A experiência fortaleceu o vínculo entre as instituições participantes e moradores do território, além de contribuir para o planejamento do serviço de produção, troca e venda de mudas.
O Projeto Arranjo Local Penha se volta também para a alimentação saudável, enquadrando-se nos objetivos de segurança alimentar e nutricional dos moradores. Por meio da sua área de Certificação de Produtos, o INT também presta consultoria para preparar os moradores para esse tipo de cultivo, que garante a qualidade do produto, e, a partir da obtenção do certificado de orgânico, agrega valor, inclusive como fonte para geração de renda na comunidade.
– Embora a atuação principal da nossa área no INT seja na realização de auditorias para certificar os produtores no Sistema Orgânico, neste projeto, usamos nosso conhecimento para capacitar os moradores para a produção, deixando a avaliação da conformidade orgânica para outro organismo certificado, como impõe a Regulamentação aplicada para este escopo – explica a tecnologista Rosana Carvalho Esteves, gerente do Organismo de Certificação de Produtos do INT. Juntamente com a analista em C&T e técnica em certificação Elisa Furtado Madi, ecóloga de formação, a expertise do Instituto com Orgânicos também envolve a introdução de conceitos como a agroecologia, voltada à sustentabilidade da atividade produtiva e do ambiente.
Rosana Esteves também relata a busca de novos parceiros para a análise e remediação do solo a ser usado no viveiro de mudas, havendo contatos iniciados com a Embrapa Solos.
O projeto também conta com a participação de Maria Carolina Santos, analista em C&T da área de Energia do INT e presidente da Comissão de Logística Sustentável do Instituto, que atua na articulação com outras instituições.
Além das quatro instituições que conduzem o projeto, a proposta vem sendo apoiada por parceiros locais vinculados à Prefeitura do Rio de Janeiro, como os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS’s) João Fassarela e Carlos Drummond de Andrade, a Clínica da Família Felippe Cardoso, a Escola Municipal Bernardo de Vasconcelos, o Espaço de Desenvolvimento Infantil Maria de Lourdes e a Arena Dicró.
Mais informações sobre o Projeto Arranjo Local Penha podem ser obtidas na página arranjolocalpenha.org.