Notícias
Professora da EQ/UFRJ aborda oportunidades da governança energética
“Podemos trabalhar com processos não renováveis, mas sustentáveis” – ponderou a doutora em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos Suzana Borschiver, professora titular da Escola de Química (EQ) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante sua apresentação no ciclo Ideias & Tendências, ontem (30), no Instituto Nacional de Tecnologia (INT). A observação integrou o panorama que ela traçou sobre janelas de oportunidades, que considerem tanto a transição quanto a coexistência energética, traçando estratégias que levam em conta a oferta de energia.
Assim como a própria exploração do petróleo, que ainda considera economicamente promissora, a professora, que integra o Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE) e já coordenou mais 100 projetos de pesquisa, consultorias e parcerias nacionais e internacionais, indica também a relevância do mercado de biocombustíveis, recomendando atenção dos pesquisadores às demandas tecnológicas que surgirão dos aumentos programados para o consumo de biodiesel e etanol, de seus percentuais em misturas, e do promissor aproveitamento dos biocombustíveis em veículos híbridos.
Segundo Suzana Borschiver, também há algumas janelas de oportunidades no panorama da transição energética, como seus marcos legais, que incluem agendas até a COP28, o Programa de Energias da Amazônia (Decreto 11648, de 16/08/2023) e o projeto de Lei “Combustível do Futuro”, proposto pelo Governo. A professora também destacou o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) e o potencial do Brasil na efetivação do uso dos Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF), ressaltando a importância da padronização desses últimos.
Ainda entre as oportunidades, Suzana Borchiver destacou a importância do uso mais efetivo do gás natural, tanto como combustível, como o identificando também como insumo decisivo para reverter o déficit químico da indústria. Membro do Conselho Consultivo da ABEQ (Associação Brasileira de Engenharia Química, da Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química), a professora enfatizou a importância da recuperação da Indústria Química, no contexto da reindustrialização.
“Os intermediários orgânicos hoje são importados, o que encarece muito a produção e dificulta o desenvolvimento da Indústria Química no Brasil” – diagnosticou.
A professora também sublinhou a importância estratégica das atividades de mineração para apoiar os projetos nacionais de reindustrialização e transição energética. Nesse panorama, ela considera especialmente a crescente demanda por matérias-primas para fabricação de baterias para veículos elétricos, turbinas eólicas, placas fotovoltaicas, entre outras tecnologias. “A expectativa é que, nos próximos 20 anos, a demanda por lítio cresça mais de 40 vezes e por grafite e cobalto, cerca de 25 vezes” – indica a professora.
No debate com o público, mediado pelo coordenador substituto de Planejamento Tecnológico, Marco Fraga, a pesquisadora Suzana Borschiver respondeu a questões de pesquisadores do Instituto com ênfase em temas como biocombustíveis e química verde.
Na mesa de encerramento, Fraga e a diretora do INT, Iêda Caminha, agradeceram a valorosa contribuição da professora.