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Novas diretrizes do MCTIC para Tecnologia Assistiva são apresentadas em colóquio no INT
A estruturação de uma política pública de incremento à área de Tecnologia Assistiva foi destacada no dia 12 de junho, no Instituto Nacional de Tecnologia (INT), na palestra de abertura do II Colóquio sobre Tecnologia Assistiva e Inclusão , apresentada pela engenheira Maria Cláudia Ferrari de Castro, diretora do Departamento de Tecnologias para Programas de Desenvolvimento Sustentável e Sociais (DEPDS) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Maria Cláudia Castro frisou o direcionamento do MCTIC para atender às demandas tecnológicas dos outros ministérios nessa área, dando ênfase ao desenvolvimento de produtos e projetos finalizados para atendimento à pessoa com deficiência e mobilidade reduzida. A diretora do DEPDS enumerou ações do Plano Nacional de Tecnologia Assistiva, que envolve a recriação do Comitê Interministerial, o fomento à Rede Nacional de P&D e à pós-graduação no tema, além da organização de um sistema próprio de certificação, incremento à participação da indústria nacional nas compras públicas desta área, entre outras iniciativas.
O II Colóquio sobre Tecnologia Assistiva e Inclusão foi promovido pelo INT em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Estácio de Sá, se inserindo no contexto do projeto “Inclusão de pessoas com deficiências: desenvolvimento e aplicação de tecnologias assistivas na escola e na vida” apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O evento teve como foco políticas, inovação e autonomia da pessoa com deficiência. A abertura do do Colóquio foi feita pelo diretor do INT, Fernando Rizzo, e pela coordenadora do PPGE da Estácio, Alzira Batalha Alcântara.
As palestras abordaram diversos aspectos da Tecnologia Assistiva, agregados em temas com mesas redondas ao final. No primeiro bloco, além da diretora do DEPDS, falaram a pedagoga Izadora Martins da Silva de Souza, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e o designer Julio Cezar Augusto da Silva, pesquisador da área de Desenho Industrial do INT e coordenador do Núcleo de Tecnologia Assistiva do INT. A mesa contou com a mediação do pesquisador Saul Eliahú Mizrahi, da área de Engenharias de Avaliações e de Produção do INT.
Izadora Martins apresentou ações desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa Observatório de Educação Especial e Inclusão Educacional (ObEE) da UFRRJ, abordando o uso da tecnologia relacionado às políticas de inclusão do público da Educação Especial. Ela mostrou a experiência da implementação de um protocolo de desenho universal da aprendizagem para orientar a produção de livros didáticos acessíveis, destinados à escolarização desse público.
Julio Silva mostrou um histórico das ações de Tecnologia Assistiva do INT, que começa em 1980, com as primeiras cadeiras de rodas diferenciadas que proporcionaram a conquista de medalhas a atletas paralímpicos. Atualmente o trabalho do Instituto nessa área tem uma atuação multidisciplinar, que envolve competências em design, engenharia eletrônica, engenharia mecânica, computação, certificação, engenharia de produção, ergonomia, biomecânica, tecnologia de materiais e educação física. Entre os resultados, estão alguns prêmios de design e patentes de soluções com foco em mobilidade, esporte, comunicação, educação e geração de trabalho e renda.
Na mesa “Inclusão social e escolar: a autonomia da Pessoa com Deficiência”, coordenada pela professora Helenice Maia, do PPGE da Estácio, se apresentaram Marta Pires Relvas (Estácio), Naiara Miranda Rust (Instituto Benjamin Constant), e José Otávio Pompeu (UFRJ).
A professora Marta Relvas mostrou as contribuições neurocientíficas na Educação Inclusiva, revelando como o estudo sobre o funcionamento dos cérebros na sala de aula pode ajudar o educador a ensinar melhor, ao compreender as diferentes formas de aprender. Segundo a professora, essa percepção dada pela Neurociência contribui para integrar não somente os alunos com deficiência, mas os diversos perfis emocionais, cognitivos, sociais e colaborativos presentes na sala de aula, tornando a educação mais inclusiva.
Naiara Rust falou sobre recursos e metodologias pedagógicas em ciências naturais para pessoas com deficiência visual. Professora do Instituto Benjamim Constant, ela ressaltou a importância da utilização de objetos tridimensionais para representar os conteúdos de sala de aula e despertar o aprendizado a partir das mãos.
Professor do Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE/UFRJ), o terapeuta ocupacional José Otávio Pompeu apresentou o tema “Tecnologia Assistiva e Autismo”. Identificando-se ele mesmo dentro do espectro autista, ele mostrou como o autismo é diversificado e deve ser trabalhado individualmente. Para isso mostrou como objetos simples podem ser incorporados ao processo de aprendizado, conforme a percepção do indivíduo.
Na mesa “ Em diálogo com a vida ”, apresentada pela pesquisadora Carla Patrícia, da área de Desenho Industrial do INT, trouxe a participação dos professores Alessandro Câmara de Souza, da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro e Fundação Municipal de Educação de Niterói, e Claudemir do Nascimento Santos, presidente da Associação Vencedores Adaptados (AVA). Eles mostraram experiências na área de Educação Física e Reabilitação, que utilizam o esporte como instrumento para o desenvolvimento de pessoas com deficiência.
Encerrando o evento, foram apresentados os resultados do projeto “Inclusão de pessoas com deficiências: desenvolvimento e aplicação de tecnologias assistivas na escola e na vida” apoiado pelo Programa Apoio a Grupos Emergentes de Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (Edital Faperj nº 4/2016) da Faperj. Organizado pelas professoras Helenice Maia e Stella Pedrosa, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNESA, em conjunto com o INT, este projeto reúne professores e pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF) e outras instituições com trabalhos de referência na área. O trabalho resulta de projetos anteriores voltados à tecnologia assistiva e financiados pela Faperj (2009-2010, 2012-2013 e 2014-2016). Segundo o organizador do Colóquio, Saul Mizrahi, “esse trabalho contínuo têm possibilitado o desenvolvimento de objetos pedagógicos para o ensino de crianças com deficiências e contribuído para sua inclusão escolar e social”.
Assista ao evento em: https://www.youtube.com/watch?v=e02AT7CRT8I