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Congresso de Biodiesel debate qualidade da mistura ao diesel
O aumento da percentagem de biodiesel na mistura do diesel comercializado no país, hoje em 11% (B11) e com legislação estabelecida para chegar a 15% (B15) em 2023, e seu impacto na cadeia produtiva biodiesel, foi assunto de destaque no VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação de Biodiesel, que aconteceu em Florianópolis, entre os dias 4 e 7 de novembro. Realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o evento também abordou temas como novas matérias-primas, legislação, qualidade de produto e tendência do mercado de biodiesel. A abertura do Congresso contou com a presença do ministro Marcos Pontes.
O Instituto Nacional de Tecnologia (INT) esteve representado no evento pelo tecnologista Eduardo Cavalcanti, da Divisão de Corrosão e Degradação (DICOR), que participou, no dia 6/11, do painel sobre “Os desafios e soluções para o aumento de misturas de biodiesel no diesel: qualidade e estabilidade e desempenho de motores". O pesquisador apresentou a palestra "Envelhecimento e Estabilidade ao Armazenamento de Biodiesel: Problemas Associados, Implicações e Formas de Controle".
Na apresentação, Cavalcanti salientou a importância da preservação da estabilidade no armazenamento e durante toda a logística de distribuição do biodiesel. Além de ser aprovado em todos os parâmetros de qualidade desde a produção no campo até a fábrica, a qualidade do produto deve ser mantida até a entrega final. O pesquisador do INT relata que hoje existem antioxidantes que podem garantir a qualidade do biodiesel, se usados adequadamente pelas empresas produtoras, protegendo-o especialmente da oxidação, fenômeno que interfere na qualidade do produto até o ponto de inviabilizar sua comercialização.
“Se esses antioxidantes forem usados adequadamente pelas empresas produtoras, o processo de degradação oxidativa pode ser devidamente contornado”, afirma. Cavalcanti ressalta, no entanto, que é necessário que as dosagens adicionadas sejam suficientes para que o biodiesel chegue nos pontos de revenda mais distantes do país com a qualidade total assegurada: “não somente no tocante à oxidação, mas que os limites de teor de água e de contaminação total estabelecidos pela ANP sejam respeitados nesses pontos de entrega ao consumidor”.
Projeto PROQR e biorrefinarias
Em sua palestra sobre Eletrocombustíveis renováveis para a Aviação, no dia 7/11, o coordenador geral de Estratégias e Negócios do MCTIC, Eduardo Soriano, destacou os avanços do projeto de cooperação Brasil-Alemanha de combustíveis alternativos sem impactos climáticos (PROQR), do qual o INT faz parte. O executivo também apontou desafios atuais para aumentar a competitividade do biodiesel, como a valorização de coprodutos como a glicerina, por meio do conceito de biorrefinarias. Para isso, Soriano defende o uso de “tecnologias habilitadoras”, como novos materiais, nanotecnologia, Internet das coisas, além da maior interação do biodiesel com outras cadeias produtivas, como a do biogás, e principalmente dos combustíveis aeronáuticos renováveis.
Trabalhos apresentados
O INT também marcou presença no evento com apresentação de quatro trabalhos nas sessões de pôsteres, que envolveram equipes da DICOR e da Divisão de Química Analítica (DIQAN). Confira os temas e autores:
Desenvolvimento de metodologia para quantificação de antioxidantes (Alfatocoferol, BHT e TBHQ) em amostras de biodiesel com avaliação do período de indução por ensaio de oxidação acelerada, de Tayná Vargas (DIQAN), Raul Azevedo, Isabella Gomes, Vivianne Galvão, Vânia Mori, Renato Soares, Eduardo Cavalcanti e Simone Carvalho Chiapetta;
Estudo comparativo da estabilidade oxidativa na presença de aditivos verdes e sintéticos do biodiesel metílico de soja, de Renato Soares, Vânia Mori, Luiz Pedroso, Maurício Guimarães, Vera Resende, Monique Jesus e Eduardo Cavalcanti;
Influência de contaminantes inorgânicos na estabilidade oxidativa do biodiesel de soja e na sua corrosividade em relação ao aço carbono, de Maurício Guimarães, Monique de Jesus e Eduardo Cavalcanti, Vania Mori, Vera Resende e Renato Soares.
Avaliação da corrosão de aço carbono em misturas de combustíveis contendo teores crescentes de biodiesel, de Monique R. de Jesus, Maurício Guimarães, Eduardo Cavalcanti, Vera Resende e Vania Mori.