Notícias
Área de Corrosão do INT: 40 anos com feitos relevantes para o País
Com participação decisiva no Proálcool, no atendimento a demandas tecnológicas de exploração do Pré-Sal e nos estudos que viabilizaram o aumento do teor do biodiesel nas misturas do diesel comercial, a Divisão de Corrosão e Biocorrosão (DICOR) do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI) completou 40 anos com contribuições relevantes para políticas tecnológicas consideradas estratégicas para o País. Essa história foi contada pelas próprias personagens que conduziram o desenvolvimento desta área de competência no INT, na última edição das Terças Tecnológicas Lives, realizada na última terça-feira (24/08), integrando a série de eventos que celebram os 100 anos do Instituto.
Abrindo as apresentações, o engenheiro químico Leonardo Uller, que liderou a atuação inicial da área de Corrosão, entre 1980 e 1988, falou sobre a criação do Laboratório de Corrosão e Proteção (LACOR) do INT. Ele apresentou estudos que entregaram resultados importantes do recém criado grupo de Corrosão e Degradação para a indústria automotiva e alcooleira, como o desenvolvimento de tecnologias próprias para evitar a corrosão e um circuito fechado à álcool que simulava as condições de um veículo em funcionamento, repercutindo no sucesso do Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, e para a economia do Brasil. “Agradeço a oportunidade que foi dada pelo INT de apresentar uma das etapas mais importantes da minha vida profissional, que foi a criação do Laboratório de Corrosão e Proteção e o solucionamento dos problemas de carro a álcool das usinas e a normatização do álcool etílico como combustível” – afirmou o CEO da empresa SurplusBR.
Abastecimento de carro a álcool em um posto de distribuição de combustível do Programa ProÁlcool
Em sequência, o tecnologista Eduardo Cavalcanti apresentou os resultados que foram obtidos entre 1988 e 2003, período em que chefiou a área de Corrosão do INT. Dentre as inúmeras pesquisas apresentadas, foram destacados o projeto com a Petrobras do Desenvolvimento Tecnológico para estabelecer competência técnica em ensaios de hidrogenação com ênfase ao estudo da susceptibilidade à corrosão sob tensão pelo H2S , a acreditação do LACOR pelo INMETRO como primeiro laboratório de Corrosão do País a oferecer ensaios de corrosão acreditado e os Estudos em Resíduos Sólidos Removidos de Gasodutos. “Nós desenvolvemos metodologias que conduziam a definição dos principais parâmetros que influenciavam a corrosão, em relação também ao aço carbono.” – observou o tecnologista.
Com 43 anos da sua vida profissional dedicados ao INT, a engenheira química Sônia Coelho comentou em sua apresentação sobre a criação do Laboratório de Corrosão Sob Tensão por H2S, CO2 e Corrosividade (LAH2S), que teve sua competência técnica reconhecida no âmbito da Petrobras, para avaliação de aços expostos em ambientes contendo H2S e CO2. Além de apresentar as linhas de atuação do LAH2S, também foram destacados alguns dos principais projetos realizados no laboratório, sendo um deles a Homologação de Ligas com Alto Teor de Conteúdo Nacional em Substituição a Ligas Importadas e a reprodução em laboratório das condições da nova fronteira tecnológica do Pré-Sal. “Me aposentei muito feliz, com a sensação de missão cumprida, deixando o LAH2S bem estruturado e minha equipe que caminhou comigo por toda a minha história.” – concluiu Sônia.
Inauguração do Laboratório de Corrosão Sob Tensão por H2S, CO2 e Corrosividade (LAH2S)
Dando continuidade ao evento, a pesquisadora Márcia Lutterbach contou como foi a criação do Laboratório de Biocorrosão e Biodegradação (LABIO), destacando a importância da Rede de Materiais Petrobras (2006), que possibilitou a aquisição de equipamentos de ponta para o laboratório, montando a área molecular e de microscopia. “Gostaria de destacar a importância da Petrobras para o LABIO. Tanto nos projetos de pesquisa realizados ao longo desses anos, projetos juntos com IPT e da própria Rede Temática de Materiais. Isso permitiu um destaque para o LABIO nacional e internacional.” – afirmou a pesquisadora. Márcia também apresentou as áreas de atuação do LABIO e os principais projetos realizados, como o projeto da remoção de fragmentos metálicos presos no interior dos dentes por meio da biocorrosão, e a criação do grupo de pesquisa de biodeterioração para preservação de patrimônio cultural, em parceria com o Museu Nacional, MAST, Fiocruz e outras instituições.
Laboratório de Biocorrosão do INT
Presente na Divisão de Corrosão desde a sua criação em 1981, a tecnologista Olga Ferraz comentou sobre as redes temáticas financiadas pelo CENPES Petrobras dentro do Programa de Tecnologia em Materiais e Controle da Corrosão, que permitiram a modernização e a ampliação da infraestrutura laboratorial da área de Corrosão e Degradação do INT. A tecnologista também apresentou imagens dos aparelhos que foram adquiridos, além de ressaltar a importância desses mesmos para o sucesso da DICOR.
Em seguida, a atual gerente técnica do Laboratório de Corrosão e Proteção, Denise Freitas, abordou como a gestão da área de corrosão evoluiu ao longo do tempo, e como a pesquisa tecnológica cresceu de uma escala laboratorial para uma a escala industrial, causando impacto na indústria. “É um grande ganho para a empresa quando você consegue fazer pesquisa tecnológica e retirar resultados que podem ser muito compatíveis com a realidade. Quando você aumenta o tamanho da pesquisa, os resultados são muito mais consistentes com as condições reais, possibilitando a implementação de soluções de proteção.” – afirmou Denise. A engenheira de corrosão também apresentou um projeto que ocorre no Centro de Tecnologia de Dutos (CTDUT), em parceria com a Petrobras, que tem o objetivo de estudar a proteção anticorrosiva de juntas soldadas utilizando a proteção catódica.
Logo após, o tecnologista Javier Velasco comentou sobre a atuação da Divisão de Corrosão durante os tempos de pandemia e os resultados que foram obtidos. “Ao todo, a DICOR está executando 10 projetos de P&D&I, 25 serviços tecnológicos e teve oito publicações em revistas internacionais. São números muito bons na Divisão, que mostram que tivemos uma arrecadação e um desenvolvimento muito bom durante um período conturbado da história da humanidade.” – afirmou Javier.
Por fim, o chefe da Divisão de Corrosão e Biocorrosão, Walter Cravo, apresentou um panorama da DICOR nos dias de hoje, comentando sobre o corpo funcional, as competências técnicas e os temas de atuação da Divisão. “Essa é a Divisão de Corrosão e Biocorrosão do INT, pronta para mais outros tantos anos de histórias e os desafios que estão por vir” – concluiu Walter. Logo após a sua apresentação, o engenheiro químico convocou todos os palestrantes da Live para dar início à mesa redonda, onde foram respondidas e debatidas perguntas.
Assista a live completa no link: https://youtu.be/c_6nzHTGke0