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Pesquisadores do Observatório da Caatinga desenvolvem novo modelo para quantificar a Evapotranspiração no Semiárido brasileiro
Um novo modelo de balanço de energia à superfície usando dados de sensoriamento remoto foi desenvolvido por pesquisadores do Observatório da Caatinga, chamado Seasonal Tropical Ecosystem Energy Partitioning - STEEP. Este novo modelo melhora as estimativas de fluxo de calor sensível em florestas sazonalmente secas, tipo a Caatinga. O STEEP recebeu uma nova abordagem, incorporando a estrutura lenhosa das plantas por meio do Índice de Área Vegetal e a umidade do solo por sensoriamento remoto para representar de forma mais eficiente a sazonalidade da evapotranspiração.
A evapotranspiração (ET) pode ser entendida como a forma pela qual a água da superfície terrestre passa do estado líquido para o estado gasoso na atmosfera, tendo papel fundamental no ciclo hidrológico d’água em termos globais. Estima-se que, cerca de 70% da quantidade de água precipitada sobre a superfície terrestre retorna à atmosfera por meio desse processo. Na região Semiárida brasileira o percentual do total precipitado é ainda maior, correspondendo a cerca de 95%.
A determinação da ET permite determinar o rendimento de bacias hidrológicas, com estimativas mais realistas da disponibilidade hídrica para o abastecimento humano, melhorar a eficiência dos projetos de irrigação para agricultura, por exemplo. Entretanto, quantificação da ET é uma das tarefas mais desafiadoras em hidrologia, pois esta componente hidrológica é influenciada por uma combinação complexa de condições atmosféricas, tipo de vegetação, propriedades do solo e topografia.
Além disso, as técnicas tradicionais para medir evapotranspiração são limitadas a pequenas áreas, e tem baixa acurácia quando aplicados para áreas maiores que 1km², especialmente quando são áreas de floresta. Nesse contexto, nas últimas duas décadas, modelos baseados em dados de sensoriamento remoto por satélite têm sido cada vez mais desenvolvidos e aplicados para estimar ET em múltiplas escalas temporais e espaciais através da energia consumida para transferir o estado da água entre a superfície e a atmosfera.
Aplicações de modelos baseados no balanço de energia à superfície para Florestas Tropicais Sazonalmente Secas (FTSS) – tipo o bioma Caatinga – têm sido desafiadoras devido à incompatibilidade entre as premissas existentes até então nestes modelos e as especificidades dessas florestas. A representação satisfatória da ET em um ambiente com vegetação esparsa e alta sazonalidade climática estava limitada pela falta de modelos de estimativa da ET que considerasse as características das FTSS. A principal razão para falta de um modelo de ET específico para as FTSS é que esses métodos até agora eram parametrizados usando outros ecossistemas e climas localizados principalmente no hemisfério Norte ou em regiões agrícolas que possuem características bastante distintas ao bioma Caatinga. Portanto, uma melhor quantificação da ET, especialmente em regiões com alta sazonalidade climática como o bioma Caatinga, ajudará a desenhar melhores políticas de gestão da água que serão capazes de lidar com os efeitos da variabilidade climática, uso/cobertura do solo e mudanças climáticas.
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* Aldrin M. Perez-Marin, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do modelo, é Pesquisador Titular da área de Desertificação do Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.