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Pesquisadores publicam estudo sobre monitoramento dos processos de desertificação no Semiárido Brasileiro
A desertificação tem sido interpretada por distintas disciplinas científicas como um fenômeno amplo, que abrange fatores estruturais como desigualdade social, concentração da terra, acesso à água, meios de produção, biodiversidade e densidade demográfica. A relação desses fatores tem contribuído para o tratamento confuso em torno do que caracteriza uma área propriamente desertificada, e como a compreensão desse problema pode colaborar com a conscientização dos diferentes atores sociais, com a formulação de políticas públicas, e com a tomada de decisões.
A maioria dos estudos sobre desertificação está centrada em indicadores sociais (IDH, GNI, educação, habitação), econômicos (renda per capita, PIB, pobreza), institucionais e ambientais de situação (precipitação, índice de aridez, NDVI), para caracterizar um fenômeno de caráter físico (isto é, degradação da terra), tratando-lhes como movimentos paralelos, lineares e causais. Contudo, pouca atenção tem sido dada àqueles indicadores associados ao solo ou à degradação da terra; e os poucos estudos existentes, que têm como foco os indicadores de solo, foram realizados em pequenas áreas, dificultando a extrapolação para superfícies de dimensão regional.
O estudo em questão propõe uma abordagem metodológica mais precisa para qualificar e monitorar a intensidade dos processos de desertificação no semiárido brasileiro, e foi desenvolvido por pesquisadores das seguintes instituições: Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), Instituto Federal Baiano (IFBA), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
O trabalho indica que o Carbono Orgânico do Solo (COT) teve o melhor desempenho em termos de capacidade de apuração da intensidade do processo de desertificação, e que 9%, 85% e 6% da extensão atual do Semiárido apresentam, respectivamente, índices de desertificação alto, moderado e baixo, respectivamente.
É possível que no futuro as combinações técnicas, associadas a algoritmos de regressão do Carbono Orgânico do Solo, e informações de Sensoriamento Remoto, levem a um sistema de informação mais eficaz, que permita monitorar a desertificação no espaço-tempo. Essa abordagem pode fornecer dados quantitativos objetivos para as tomadas de decisões, que reduzam ou revertam os processos de desertificação no ecossistema tropical seco do nordeste brasileiro, e talvez em outras regiões áridas ao redor do globo.
O artigo completo está disponível aqui.